16.4.15

MPF COBRA DO BNDES

Por LÚCIO FLÁVIO PINTO -Via blog do autor -

O procurador da república no Pará, Felício Pontes Júnior, requisitou hoje, ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Luciano Coutinho, cópias do termo aditivo ao contrato de financiamento da hidrelétrica de Belo Monte e dos documentos que serviram de suporte a essa iniciativa.

O representante do Ministério Público Federal se baseou em informação publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, segundo a qual o BNDES concordou em fazer uma alteração contratual, no final do ano passado. A mudança beneficiaria a responsável pela obra, a Norte Energia, com o perdão de multas devidas por atraso no cronograma do empreendimento.

No ano passado, o MPF, que investiga o financiamento concedido pelo BNDES à usina, se manifestou contrário ao pedido da empresa à Agência Nacional de Energia Elétrica para não ser punida pelo atraso nos cronogramas físicos da obra.

Para o MPF, “não cabe perdão de multas e dívidas porque a própria empresa é a única responsável pelo atraso na emissão de licenças e autorizações, por omissão ou inação em cumprir suas obrigações”, diz uma nota da procuradoria da república.

Já o BNDES livrou a Norte Energia de uma multa do banco por descumprimento de cláusulas do financiamento, que poderia chegar a R$ 75 milhões. “A punição deixou de existir porque o banco concordou em alterar as datas de execução de obras da usina, que está em construção no rio Xingu, no Pará. Ao mudar o cronograma original que exigia do consórcio, as multas por atrasos simplesmente desapareceram”, diz a reportagem do jornal paulista.

A nota do MPF informa que dentro da Aneel, os atrasos de Belo Monte já têm pareceres das áreas técnicas e jurídicas, “que recomendam a aplicação de sanções, descartando os argumentos da empresa que tentam jogar a responsabilidade para o poder público”. Mas a agência federal ainda não tomou uma decisão oficial sobre a questão. A deliberação estava prevista para uma reunião realizada no dia 3 de fevereiro, mas a pauta foi modificada a pedido da concessionária de energia.

A hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, projetada para ser a terceira maior do mundo em capacidade instalada, tem custo oficial de 28,5 bilhões de reais, 80% dele financiado pelo BNDES, a juros favorecidos.