28.7.16

A TOCHA OLÍMPICA, DE GOEBBELS À GLOBO APERFEIÇOANDO A IMPOSTURA!

EDUARDO PAPA -


A tradição da tocha e da pira olímpica não foi instituída quando da criação dos jogos pelo Barão de Colbertin no final do séc XIX, mas em 1936 como ponto alto de um espetáculo midiático programado pelos nazistas para ludibriar o povo alemão e esconder do mundo as atrocidades que faziam no país.

Desde que foi concebido pela equipe do Ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbles o fogo olímpico tem testemunhado as mais sórdidas intenções. O uso político pelas superpotências na Guerra Fria, o atentado terrorista na guerra entre árabes e judeus, a disseminação do dopping e a exploração do corpo dos atletas, a mercantilização que transformou os jogos em um negócio milionário, a corrupção generalizada em sua realização, e agora com oitenta anos a chama parece chegar ao auge da vergonha.

Podemos acompanhar em cadeia nacional a pantomina produzida pela Globo no périplo da tocha olímpica. Carregado em um circo mambembe que percorre lugarejos do interior, o fogo sagrado é exposto em espetáculos que beiram o ridículo, desce de paraquedas de rapel, sobe de escadas de helicóptero, anda de barquinho de bondinho, sempre com uma porção de pessoas contentes aplaudindo, leva benção de pastor de padre, passe de pai de santo, ao som de batuques, fanfarras até orquestras completas a palhaçada parece não ter fim.

Somente quando chegar em nossa cidade, a briosa e acolhedora cidade olímpica, e a tocha acender a pira na Praça Mauá é que o fogo olímpico vai poder resgatar o espírito de sua criação. Afinal será recebido por um tirano colérico e impiedoso, cercado de machistas que espancam as mulheres e de uma corte de corruptos, será escoltado por tropas dignas das SS e uma polícia padrão Gestapo, passará por grandes obras suntuárias construídas sobre a infelicidade e a exploração de multidões de miseráveis e vai assistir corruptos imorais locupletando-se com o dinheiro que por direito seria para o bem estar do povo.

Talvez a única novidade que a tocha observe em seu percurso no Rio seja a vaia. Os nazistas daqui ainda não conseguiram calar totalmente a voz do povo, pelo menos aqui perto da minha rua se ela passar eu vou lá vaiar, podem correr cercados de robocops que eu tenho excelente aparelho fonador e vão ouvir de longe, já estou bolando o texto do meu cartaz (in english) e não vou sozinho.

*Eduardo Papa é professor, jornalista e artista plástico, colaborou com as administrações de Leonel Brizola e do PDT no Rio de Janeiro é ativista do SEPE com atuação em movimentos sociais no Rio como contra a privatização da Marina da Glória. **Foto reproduzida do Google.