30.9.16

FAROESTE CABOCLO

ALCYR CAVALCANTI -

No Rio de Janeiro o tiroteio aumenta às vésperas das eleições e a descrença também.


Na bela, desorganizada e muito suja (em muitos sentidos) cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro a eleição desperta sentimentos diversos. Para muitos impera a cultura do descrédito motivada pela decepção que "salvadores do povo" causaram aos que neles acreditavam. Para outros o desinteresse por acreditar que nada mudou, nem vai mudar e se mudar vai ser para pior, como no velho ditado "pior do que está é certo que vai ficar".

Mesmo assim, apesar da "Ficha Limpa" que ainda não funcionou e da proibição de certos grupos em financiamento de campanha e da proibição da "Caixa Dois" em certas áreas, a disputa em alguns lugares se resolve na bala. Até agora 15 candidatos foram mortos envolvendo disputa eleitoral e consequente domínio de território, controlados por grupos criminais e/ou para militares. A prática do clientelismo ainda impera em muitas partes, onde o descrédito faz com que passem a votar em qualquer um em troca de dentaduras, cinquenta reais e promessas de todo o tipo que nunca serão cumpridas. Temos o exemplo dos sucessivos programas de crescimento o PAC que só cumpriu uma pequena parte das promessas feitas. Apesar de tudo o PAC-2 foi instituído sem que algumas obras do PAC-1 fossem sequer iniciadas. Candidatos exóticos, sem noção do que é uma democracia estão aí e podem ser eleitos, o que ainda é pior. O processo eleitoral veio com muitos esforços e muito sangue derramado depois de vários anos de exceção, onde o voto democrático não existia.

Os cargos eletivos eram escolhidos à revelia da população. O município do Rio de Janeiro tem quase 4.900.000 eleitoras aptos a escolher seus representantes, embora alguns não merecem voto algum, não representam ninguém a não ser seus bolsos onde esperam rapinar o que resta em dinheiro de uma cidade que ainda teima em ser maravilhosa. Felizmente restam uns poucos abnegados que ainda poderão colocar de novo as coisas em seu devido lugar, apesar daqueles que só pensam em se arrumar e trair a confiança de seus eleitores. Ainda temos um pouco de esperança. Ainda, mas até quando?