ROGER MCNAUGHT -
Na tarde desta quarta-feira, dia 2 de novembro e dia de
finados, uma reunião de mulheres chamou a atenção de quem passava pela Rua
Voluntários da Pátria, próximo ao metrô Botafogo.
Algumas caracterizadas, outras com vassouras e utilizando de
projeções nos prédios próximos, o ato “Bruxas contra Crivella” denunciou em
praça pública os perigos inerentes ao fanatismo conservador representado por um
candidato que foi eleito apenas por formalidade jurídica – já que a soma dos
votos brancos, nulos e abstenções foi sensivelmente superior à votação do
candidato eleito.
O tema escolhido pelas manifestantes foi propício uma vez
que na história da civilização ocidental há diversos fatos históricos demonstrando
que o fundamentalismo cristão quando no poder e aliado a uma cultura machista
se utiliza do pânico e do fanatismo para cometer as piores atrocidades,
inclusive assassinando mulheres como feito durante a idade média.
As posturas do candidato eleito pelas regras eleitorais em
mais de uma ocasião fomentam a submissão feminina, um dos fatores que agrava a
cultura do estupro e do feminicídio, silenciando quaisquer movimentações
femininas de autodefesa, e desacreditando as mesmas com uma campanha de “defesa
dos valores tradicionais” que na realidade apenas defende os “homens chefes de
família” quando os mesmos se comportam
como monstros dentro de suas próprias famílias, violentando física e/ou
psicologicamente as mulheres que convivem no mesmo ambiente.
É possível também observar que o arco de alianças criado
pelo candidato em questão acendem o sinal de alerta sobre as políticas ultra
conservadoras defendidas não apenas pela igreja da qual o candidato é bispo,
mas também pelos apoios que o referido candidato colecionou durante o segundo
turno, começando pelo partido que abertamente defendeu a candidatura de um
agressor de mulheres e que conta com criminosos conhecidos em seus quadros até
reacionários da pior espécie que tratam o estupro como caso de “merecimento”.
O ato atraiu muitos curiosos quando o anoitecer chegou e
velas roxas foram acesas em volta de um cartaz, e as projeções continuaram
pelos edifícios da esquina da praça.
Pobre Rio de Janeiro, a população não merece a inquisição
universal!