5.11.16

TRÊS MINISTROS DO SEGUNDO REINADO

CARLOS CHAGAS -


O primeiro movimento é óbvio: aparecer em todas as oportunidades, manifestar-se sobre todos os assuntos, dar palpite sobre cada tema ou acontecimento. O segundo é uma consequência: deixar claro seu desinteresse em tirar proveito de suas opiniões, sempre a título de colaboração, especialmente se tiver sido professor, pairando acima do conjunto ávido de receber concordâncias.

Terceiro: mais do que tudo, negar até o último minuto ilações a respeito de suas verdadeiras intenções, mas acertando sempre nas criticas e no chamamento às necessárias correções. Jamais dizer-se candidato, alegando até mesmo a idade e o dever já cumprido, em se tratando de ex-presidentes.

Por último: valer-se, sem exagerar, das lembranças e artigos favoráveis de antigos colaboradores e fiéis seguidores, mesmo deixando claro não estar concorrendo, apesar de dispor de soluções para as questões mais agudas à vista de todos.

Esse, sem tirar nem pôr, é o roteiro da candidatura de Fernando Henrique Cardoso, aquele que é, dando a impressão de nunca ter sido. Milimetricamente, peça por peça, o sociólogo cumpre as diversas etapas que o farão ser lançado como denominador comum em meio ao canibalismo de tucanos como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. Quando tais ingênuos perceberem, terão sido engolidos pelo ex-presidente, até felizes por evitar derrotas isoladas e imediatas, esperançosos em disputar os futuros mandatos.

Traduzindo: FHC é candidato mesmo, aproveitando-se da vitoria do PSDB nas recentes eleições municipais. Os três pretendentes fracassados poderão até ocupar três ministérios no Segundo Reinado.