20.6.17

SINTRES CONSOLIDA VITÓRIAS E REORGANIZA-SE PARA AMPLIAR A BASE, NA LUTA CONTRA “REFORMAS”

DANIEL MAZOLA -

João Ricardo Pereira (Secretário Geral), Carlos Alberto Cunha Cruz (presidente) e Osvaldo Luiz M. Oliveira (Secretário de Assuntos Trabalhistas) / Foto: Iluska Lopes
Em busca de identificarmos boas práticas sindicais, na ultima quarta-feira (14) estivemos na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Resseguros no Estado do Rio de Janeiro (SINTRES-RJ) para conhecer melhor a história dos ressecuritários brasileiros, a trajetória de lutas, as demandas e desafios da categoria hoje. Fomos gentilmente recebidos por funcionários e pelos seguintes dirigentes: Osvaldo Luiz M. Oliveira (Secretário de Assuntos Trabalhistas), João Ricardo Pereira (Secretário Geral) e Carlos Alberto Cunha Cruz (presidente).

Após muitas batalhas, finalmente o SINTRES representa legalmente os trabalhadores em resseguros em todo o Estado do Rio de Janeiro, explica João Ricardo Pereira. “O SINTRES foi criado em 1991 para lutar pelas questões próprias, antes havia uma associação que o sindicato sucedeu, a categoria dos securitários eram os representantes legais. Ressecuritários NÃO são securitários. A gente precisava de um instrumento legal, não tinha uma representatividade na época, estávamos desamparados. A constituição de 1988 permitiu novas categorias econômicas (...), funcionamos muito bem durante 22 anos, sem o registro formal por que a lei permitia funcionar dessa forma. O IRB quis acabar com o sindicato quando houve mudanças entre 2010 a 2012, em 2013 o IRB foi totalmente privatizado, e para sufocar a representatividade exigiram o registro sindical que não era preciso até então, somente a legislação de 2013 passou a exigir o registro da carta sindical. Com a pressão do IRB, mudança na legislação em 2013, e muitas batalhas obtivemos a necessária e desejada carta sindical (...)”.

“E após tudo isso, agora, querem acabar com o imposto sindical numa canetada só, isso sem diálogo e negociação, não houve conversa entre as partes”, desabafa o Secretário Geral do SINTRES.

Segundo o presidente da entidade, Carlos Alberto Cunha Cruz, a principal missão do SINTRES-RJ é a coordenação, proteção e representação legal dos trabalhadores em resseguros no Estado do Rio de Janeiro. “Por duas décadas firmamos 22 acordos coletivos de trabalho da categoria, durante 5 anos, por pressão do IRB os acordos foram firmados pela federação dos securitários e isso prejudicou muito financeiramente o sindicato. Desde 2012 a contribuição sindical era depositada em juízo. Somos um sindicato pequeno e por 5 anos ficamos sem receber a contribuição, mas nosso sindicato é aguerrido e foi tocado por pessoas do bem sempre, nós vivemos por 5 anos com as economias dos anos anteriores. Imagine o drama. Após muita luta, conseguimos provar que nossa categoria é diferenciada daquela que nos impugnou, que eram os securitários de alguns estados. Há décadas atrás o IBR existia em todo o Brasil, ao formalizar o sindicato há 26 anos o âmbito dele (abrangência) era nacional e por isso algumas delegacias regionais de outros estados quiseram nos impugnar. Nos já tínhamos o reconhecimento do STF que aqui no RJ, o SINTRES era o legitimo representante da categoria de resseguros. Aí optamos em reduzir a nossa base territorial (de nacional para estadual) e através da união de forças conseguimos a carta sindical em agosto de 2016, a partir de então, estamos nos reorganizando, agora queremos conquistar os novos trabalhadores do IRB, que a maior parte foi contratada de 2013 pra cá. Temos hoje 29 empresas entre resseguradoras e corretoras de seguros, estamos nos preparando para ampliar o quadro de sindicalizados, esse desafio vem firmado numa comunicação forte com a base. Tudo isso que passamos foi um aprendizado muito grande para nosso grupo, todos aqui foram funcionários do IRB, e o único ativo sou eu. No começo do ano, já efetuamos as convenções coletivas de todas as empresas, queremos agora investir na comunicação como forma de nos aproximar da nova base ampliada”.

E o que realmente é esse tal de resseguro, qual o conceito? O resseguro é garantido por resseguradoras, sendo aplicado quando excede financeiramente a capacidade de responsabilidade de uma seguradora. Visto que estas instituições têm capacidade financeira maior e com isso conseguem respaldar grandes operações. Na maioria dos casos, esses riscos são bancados por várias resseguradoras em conjunto.

A maior preocupação dos dirigentes do SINTRES, é com a nefasta contra reforma trabalhista e sindical. “O governo esta divulgando as reformas trabalhistas e da previdência de forma muito maciça, e as pessoas leigas e sem informação, após sofrer esse massacre de desinformação estão acreditando realmente que existe déficit na previdência, e que vai haver geração de novos empregos com a reforma trabalhista, o que é justamente ao contrário. O nosso papel é esmiuçar todos esses pontos e mostrar a verdade, do desmonte trabalhista e da previdência, explicar ponto a ponto as coisas terríveis que eles preparam para os trabalhadores, que veio para massacrar mesmo, a aposentadoria vai se tornar muito mais difícil de acontecer, um trabalhador com contrato intermitente, por exemplo, vai morrer trabalhando não vai se aposentar (...). Estive com o deputado Rogério Marinho, 10 dias antes de aprovar o projeto da reforma trabalhista na Câmara, eles iriam mudar apenas 10 itens da CLT, depois mudaram quase 200 pontos, claro que por pressão das entidades patronais como a Confederação das Indústrias e do Comercio. Tenho certeza que 99% dos deputados que aprovaram não conhecem em detalhes o projeto. No Senado, o relator Ricardo Ferraço disse que tem itens que ele não concorda, mas que vai esperar que o presidente edite uma medida provisória pra mudar alguns, o que é uma incoerência, o projeto tem que ser mudado agora, antes de ser aprovado! Eu nunca vi isso, o Senado que tem a prerrogativa de legislar, revisar, abrir mão para na expectativa de um governo incerto, estabelecer depois uma medida provisória”, desabafou o presidente do SINTRES, Carlos Alberto Cunha Cruz.

Confira as conquistas da categoria no acordo coletivo e na convenção coletiva assinada com o sindicato patronal:

Os dirigentes do sindicato foram empossados recentemente (confira aqui), eleitos para o biênio 2017/2019. A nova diretoria é composta pelo presidente Carlos Alberto Cunha Cruz, João Ricardo Pereira (Secretário Geral), Davi Dias da Silva (Secretário de Finanças), Osvaldo Luiz M. Oliveira (Secretário de Assuntos Trabalhistas), Maria da Glória Mattos do Prado (Diretora Suplente). Conselho Fiscal: Hermes Pinto dos Santos, Mauro Borges da Silva, Francisco Antônio V. Carvalho, Armando Rubens de C. Mendes.

Com essa equipe de lutadores aguerridos, em breve veremos o quadro de sindicalizados quadruplicar no SINTRES, derrubaremos essas indecentes propostas do presidente interino-indireto (golpista e sem votos), realinharemos a relação capital-trabalho no Brasil! Os ressecuritários do Estado do Rio de Janeiro estão bem representados, isso eu garanto.