16.8.17

A BARRACA DO SEBASTIÃO ESTÁ VAZIA

RUMBA GABRIEL -


Um barulho ensurdecedor tomou conta da favela do Jacarezinho e em qualquer parte desta, se ouvia. Ao olhar para o alto avistávamos um helicóptero o qual erroneamente é chamado de águia. Ele mais parece ser um monstro mal definido que cospe fogo feito o diabo dos filmes de terror. Pena que não se trata de ficção. Este monstro é a mais pura realidade.

Durante cinco dias consecutivos vomitou balas “perdidas” no nosso Quilombo Jacaré deixando duas vítimas fatais: Sebastião Verdureiro e André Mototaxista.

Segundo a Coordenadoria de Recursos Especiais “elite” da Polícia Civil, estas operações têm a finalidade de capturar os responsáveis pela morte de um agente deste setor que estranhamente permaneceu na favela, mesmo depois que quase todos já haviam saído. Muitos estão entendendo que estas operações não passam de uma espécie de vingança.

O certo é que os justos estão pagando pelos pecadores, ou seja, nesta briga do mar contra o rochedo, os mariscos estão levando a pior.

É a mesma história sem fim, a polícia entra atirando e as balas perdidas são achadas nos corpos dos moradores.

A foto ilustra o vazio que ficou entre nós. Sebastião era um incansável trabalhador. Era em sua barraca que eu e mais dezenas de pessoas comprávamos verduras, frutas e legumes por um precinho especial.

Por outro lado, hoje e para sempre ficaremos também sem o André. Um jovem cheio de esperanças e perspectivas. Como a rotina diz, ficará apenas uma grande lembrança.

A pior parte desta história real e macabra, é que o cineasta não tem inspiração para novas histórias, sempre reproduz as mesmas cenas. Então a Secretaria de Segurança Pública continua anunciando as cenas dos próximos capítulos: Entre atirando e pergunte depois! Afinal, são negros, pobres e favelados. São coisas!