28.1.18

SEGUE O RITUAL MIDIÁTICO DE ENGANAR A OPINIÃO PÚBLICA

MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -


Mais de dois dias depois da farsa representada pelo julgamento de Luis Inácio Lula da Silva em Porto Alegre pelo TRF-4 está mais do que claro o comportamento dos principais espaços da mídia comercial. O Globo, como se pode notar, dedica grandes espaços para manipular a informação. Neste momento a tônica é a divisão dos setores que não aceitam o projeto executado pelo atual governo. O jornal mais vendido do Rio de Janeiro tenta incutir a opinião segundo a qual os partidos de esquerda já estão lançando seus candidatos, porque a candidatura Lula está acabada.

O Globo, O Estado de S. Paulo e demais órgãos da imprensa que não querem de forma alguma a regulação da mídia já antecipam o resultado das ações dos advogados defensores do ex-presidente em outras instâncias judiciais. Para esses órgãos de imprensa não há outra possibilidade de decisão a não ser o fim da candidatura Lula.

Chega a ser grotesca a parcialidade e também confirmação de que o jogo jurídico é todo de cartas marcadas. Para tanto a mídia comercial prefere antecipar o resultado, como forma de pressão, para evitar qualquer surpresa desagradável para os proprietários dos veículos e dos colunistas de sempre.

Quanto a divisão do campo progressista, as análises divulgadas beiram o ridículo e são facilmente identificadas como manipulação grosseira. Os partidos que denunciaram a jogada de cartas marcadas do TRF-4, como o PSOL, por exemplo, nunca antes desse posicionamento disseram que não lançariam os seus candidatos.

Não é por causa do resultado, mas antes disso, pelo menos o partido mencionado acima e outros como o PDT, já se posicionavam por uma candidatura própria. O Globo, no entanto, deturpa a informação para concluir que tudo está acontecendo em função do resultado que aumentou a pena de Lula.  Até o PC do B, aliado histórico do PT, já tinha lançado a candidatura da ex-deputada gaúcha, Manuela D’Avila. E assim sucessivamente.

O tipo de noticiário confirma a importância a manutenção da unidade das forças progressistas, que deve acontecer acima de qualquer coisa, porque a divisão só serve aos interesses dos apoiadores incondicionais do retrocesso representado pelo atual projeto do lesa pátria Michel Temer.

Querem os editores e a família Marinho visivelmente enganar a opinião pública e se comportam não como jornalistas, mas sim como competidores políticos em favor de candidatos que se comprometam a seguir adiante com o projeto que vem sendo executado por Michel Temer e sua patota. Candidatos por sinal apresentados como de centro, quando visivelmente ao defenderem o que defendem são mesmo de direita.

A meta é clara, desde já retirar a possibilidade de Lula se candidatar. A ânsia é tão grande que nem querem esperar pelo resultado oficial dos recursos e já forçam inclusive a hipótese da antecipação da prisão de Lula.

O Globo, O Estado de S. Paulo repetem a história de apoio incondicional a outros golpes ocorridos no Brasil, quando tentaram também humilhar os presidentes que não queriam. Foi assim em agosto de 1954, em abril de 1964 e, como já foi dito, mais recentemente em agosto de 2016 com a deposição de Dilma Rousseff.

Por mais que façam autocríticas, como fez de forma fajuta O Globo recentemente sobre o apoio incondicional ao golpe de abril de 1964, os fatos são claros e no DNA dos Marinhos, de apoios dessa natureza se repetem constantemente, como é facilmente observável.

Só há uma forma de resistir a tudo isso. Primeiro, denunciando onde seja possível, nacional e internacionalmente, a estratégia golpista. Em seguida, procurar mobilizar a opinião pública e demonstrar que um estado de exceção como atual representado pelo governo Temer prejudica a imensa maioria da população. E, finalmente, ter forças para convocar a uma desobediência civil, não aceitando passivamente a série de ilegalidades que hoje estão sendo cometidas pelo Judiciário. Não se devem aceitar decisões que visivelmente objetivam retirar a parte ponderável do eleitorado. E com o apoio incondicional da mídia comercial é o que a justiça brasileira vem fazendo neste momento.

Seriam respeitáveis as decisões tomadas na vigência de um estado democrático, mas não de exceção como o atual. Podem não estar a frente os grupos militares em conluio como o setor empresarial, como aconteceu a partir de abril de 1964, mas em essência o esquema de dominação é o mesmo. Desta vez com o agravante segundo o qual querem incutir a mentira de que as instituições obedecem à ordem democrática. Aproveitam os togados ou togadas  deslumbrados por aparecerem na mídia, para incutir a mentira que não resiste a uma análise mais apurada.