5.2.18

CAÓ

ANDRÉ MOREAU -

Caó, partiu antes do combinado, domingo (4), aos 76 anos.

Jornalista Iluska Lopes e os Conselheiros da ABI na gestão do Presidente Maurício Azêdo, Carlos Alberto Caó e Daniel Mazola, ano 2008. Foto: Carlos Di Paola.
Sempre no combate das boas lutas contra o racismo, enquanto Deputado Constituinte o jornalista e advogado Carlos Alberto Caó de Oliveira, foi autor da lei que tornou o crime de racismo inafiançável e imprescritível.

Em seus últimos anos de vida, Caó foi Coordenador de Direitos Humanos do IDEA, programa de TV exibido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói, com sede na Universidade Federal Fluminense.

Caó, foi secretário da Associação de Moradores do bairro da Federação, aos 15 anos - função que exerceu até 1959. Foi membro do movimento estudantil, de 1958 a 1959 e vice-presidente do Centro Acadêmico Rui Barbosa, do Colégio Estadual da Bahia.

Começou a estudar direito a partir de 1960, na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, onde foi eleito vice-presidente de intercâmbio internacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1962.

Perseguido durante a ditadura empresarial/militar de 1º de abril de 1964, se mudou para o Rio, onde trabalhou como jornalista. Caó foi redator e editor político no jornal Luta Democrática e repórter da Tribuna da Imprensa.

Trabalhou em O Jornal e na TV Tupi. Foi fundador do Clube dos Repórteres Políticos, entidade criada para enfrentar a censura imposta.

Em 1970, Caó foi julgado na 6ª Região Militar, em Salvador e condenado a dois anos de prisão, tendo sido solto meses depois por decisão do Superior Tribunal Militar (STM), que considerou a pena prescrita.

Caó trabalhou no Jornal do Brasil e na revista Veja, mas sempre atuando nas lutas sindicais. Foi eleito presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio (78) e reeleito (81), quando a convite de Leonel Brizola, ingressou no Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Caó se tornou suplente na Câmara dos Deputados, nas eleições de 1982 e assumiu o mandato em 1983, tendo se licenciado em seguida, visando exercer o cargo de Secretário de Trabalho e Habitação do Governo Brizola.

Caó foi responsável pela implementação do programa Cada família, um lote - política habitacional destinada aos mais pobres.

Caó foi responsável pela instalação do bonde em plano inclinado em periferias do Rio.

Novamente suplente na eleição para deputado federal constituinte de 1986, integrou a diretoria nacional do PDT. De volta à Câmara dos Deputados, trabalhou na Assembléia Nacional Constituinte e com a morte do deputado Giulio Caruso, foi empossado Constituinte em 1988.

Na elaboração da Constituição, fixou a emenda Caó, posteriormente regulamentada pela Lei Caó, que tornou o crime de racismo inafiançável e imprescritível.

Caó foi membro do Conselho Municipal de Defesa do Direito do Negro - COMDEDINE RIO e Conselheiro Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa na gestão do jornalista e Presidente Maurício Azêdo.

* André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê - Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos - ABI - Associação Brasileira de imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.