ANA CLARA SALLES -
Nesta quarta-feira (14), as 21h30,
a vereadora Marielle Franco foi assassinada com três tiros na cabeça, o
motorista que a acompanhava, Anderson Gomes, também faleceu. Mulher, negra,
lésbica e da favela da Maré, Marielle mobilizou o início de sua vida política
com medidas sociais ligadas a direitos humanos na comunidade da Maré, formada em
Ciências Sociais pela PUC-Rio e posteriormente mestra em Administração Pública
pela UFF. Em 2006 se integrou no PSOL participando da equipe de campanha que
elegeu o deputado Marcelo Freixo, foi nomeada assessora do parlamentar.
Seguindo sua trajetória assumiu a
coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro, mantendo seu foco em áreas periféricas do Rio de
Janeiro abandonadas, sem políticas públicas, infraestrutura e suporte do
Estado.
Anderson Gomes, que dirigia o
carro da vereadora, era motorista de UBER e trabalhava provisoriamente neste
cargo. Tinha 39 anos, deixa uma companheira e um filho de 1 ano de idade. Seu
corpo também foi velado na Câmara dos Vereadores, depois levado e sepultado no
Cemitério de Inhaúma.
Logo após o bárbaro assassinato
de Marielle, ocorreu grande mobilização da sociedade, nesta quinta-feira (15) ao
longo do dia houve manifestações em várias partes do mundo em homenagem à grande
mulher que a política brasileira (majoritariamente formada por homens) perdeu,
deixando um grande legado para a juventude preta das favelas.
Às 11 horas da manhã aconteceu o
velório na Câmara de Vereadores na Cinelândia, que moveu um grande cordão de
mulheres (principalmente negras), unidas para receber o caixão. Na ALERJ, por
volta das 17h, dezenas de milhares de pessoas unidas seguiram manifestando e
exigindo apuração rigorosa por essas mortes tão significativas (assim como as
mortes diárias da população negra de periferia), principalmente pelas
circunstâncias tão suspeitas, já que a vereadora havia denunciado recentemente
violações de direitos humanos em ações policiais.
O ato seguiu até a Candelária e
terminou na Cinelândia, no final da noite. O silêncio quase que constante dos
manifestantes ao longo do ato revelou a profunda dor do luto pelo sangue
derramado das mulheres pretas e faveladas. Nada será resolvido através dessa
pseudo democracia. A luta segue e a revolução será feminista.