ANDRÉ MOREAU -
A tropa da força tarefa que conduz a “operação de mudança do
regime de governo”, foi mobilizada para linchar ministros do Supremo Tribunal
Federal (FTF), que conheceram o Habeas Corpus do ex-Presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que será julgado no próximo dia 4.
Desde “informantes não oficiais¹” aos empresários que
comandam o consórcio de jornais impressos, concessionários de rádios e canais
de televisão que ocupam espaços cada vez maiores na grande rede, até os membros
dos setores parlamentar e judiciário, todos estão empenhados nessa fase
decisiva do golpe de estado.
Nessa fase os responsáveis pela narrativa de ódio acirrada a
partir de 2013, a mesma que promoveu a prisão em segunda instância como remédio
jurídico “anti-corrupção”, que vem cumprindo a tarefa de destruir adversários
políticos, são cobrados a impor o fascismo na América Latina, que prevê a
invasão da Venezuela e deverá tragar até mesmo antigos aliados da direita que
usam o STF como trincheira.
Cumpre ressaltar que o marco desse estágio de insegurança
jurídica foi imposto na Ação Penal 470, que por falta de provas contra os
adversários políticos, José Dirceu e José Genuíno, ambos do PT, importou da
Alemanha, a “Teoria do Domínio do Fato”, desenvolvida por Claus Roxin - pensada
para julgar nazistas a partir do testemunho de sobreviventes dos extermínios em
massa nos campos de concentração -, implantada no ordenamento jurídico
brasileiro, apesar das criticas do próprio Roxin, que veio ao Brasil para dizer
que sua teoria não foi criada para ser usada em democracias.
Desde então a Constituição ficou vulnerável à narrativa
“anti-corrupção”, que terminou de ser alicerçada em 2016 com a distorção da
cláusula pétrea prevista no Art. 5º - § 57, permitindo a prisão em segunda
instância, por justiceiros que ocupam cargos de promotores e juízes,
responsáveis por acusações e sentenças carregadas de convicções, mas sem provas
materiais.
A “operação” acirrada a partir de 2013, no JN, além de
derrubar a Presidenta Dilma Rousseff, com um processo de impeachment, sem prova
do crime de responsabilidade, usando a denominação “pedaladas”, forjada por
agente do Tribunal de Contas da União, no Fundo Monetário Internacional (FMI),
impôs mecanismos de investigação visando favorecer os Estados Unidos, em
detrimento de estatais como a Petrobrás, Eletro Nuclear e Eletrobrás.
A falta de argumentos sobre as medidas que atingem
frontalmente a Constituição de 1988 e subtraem direitos, revelou na seção
plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), que conheceu o
"Habeas Corpus" (direito ao corpo), impetrado pelos advogados do
ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como funciona o Poder Judiciário, no
Brasil, que sempre favoreceu amigos políticos e empresários de transnacionais,
em detrimento do Povo.
O interesse em implantar no Brasil, Argentina, Peru, Chile e
Colômbia, o modelo de segurança da Doutrina Monroe, criada por ingleses nos
Estados Unidos, prevê a ação de “conquista” da América, visando submeter as
riquezas naturais, aos interesses dos estadunidenses, no plano de poder
continental e mundial.
A “operação” recentemente deflagrada na Inglaterra, de
satanização do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, como “responsável pelo
envenenamento do ex-agente da KGB Sergei Skripal e a sua filha, Yulia”, aponta
o mesmo “modus operandi” e direção: naturalizar ameaças de guerra, para a
Inglaterra, os EUA e outros países ligados a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), enfraquecerem Putin e lucrarem com a venda de
armas e quem sabe, a reconstrução de cidades destruídas e o assalto às riquezas
naturais.
Por isso devemos sempre nos perguntar diante das
imponderáveis narrativas “anti-corrupção”, “anti-crime organizado” e
“anti-terrorismo”: quem são os verdadeiros terroristas?
Qual a diferença entre a satanização do Presidente Putin e o
argumento das armas químicas de destruição em massa que deu origem a narrativa
de mentiras repetidas contra o Presidente Saddam Hussein?
Quais os limites dessas sanhas de pilhagem das riquezas
naturais de regiões que não se submetem ao esquema da economia global?
Voltando ao golpe de estado brasileiro: o que pretendem os
parlamentares brasileiros, ditos de esquerda, que ignoram os impactos desse
processo de violências que atinge os mais pobres?
Apenas tentar a reeleição?
Como acreditar em eleições, caso ocorram, se as urnas de
primeira geração que serão usadas, são as mesmas que foram emprestadas para
fraudar o pleito de Honduras?
Como acreditar em ministros do STF que no lugar de trabalhar
como guardiões da Constituição, a rasgaram para legislar sem terem sido eleitos
pelo Povo, permitindo que setores do judiciário transgredissem a citada
cláusula pétrea?
Só a partir dessas premissas é possível pensar com lógica
sobre a complexa “operação” promovida através do citado consórcio, que usa
choques idênticos aos aplicados no Chile, durante a ditadura do General Augusto
Pinochet e na extinta União Soviética, golpes operados sob orientação dos
Chicago Boys, com base na “Teoria de Choques” do economista Milton Friedman:
implantar as mudanças dos regimes de governo, com velocidade e em meio a
choques físicos e midiáticos que geram um misto de medo e segurança, visando
dificultar mobilizações populares, enquanto os adversários políticos de
esquerda, são derrubados.
A diferença, é que agora, os consórcios desse tipo de
“operação”, que antecedem as guerras, contam com a tecnologia informática no
controle das massas, inclusive nos “golpes brandos” como dizem aqueles que não
querem aceitar a violência do golpe de estado no Brasil, que além de tratar o
ex-Presidente Lula como “(...) o chefe da organização criminosa denominada PT”,
incriminando a metade da população, inocula entre os incautos, as seguintes
mentiras:
1. A execução da Vereadora Marielle Franco, não foi um crime
político.
2. A falta de água que foi discutida em Brasília, se deve a falta de educação
do Povo e não ao uso indiscriminado de agrotóxicos no agronegócio, que provocam
a contaminação das fontes de água e eliminam vetores naturais dos mosquitos que
geram tantas doenças.
Sem mobilizações de massa dos trabalhadores organizados,
contra essa onda golpista, orquestrada ao estilo do propagandista de Hitler, o
nazista Joseph Goebbels, autor da máxima: “uma mentira repetida mil vezes
torna-se verdade”, fica cada vez mais distante a possibilidade de conter essa
escalada de crimes contra a humanidade.
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1. Denominação dos agentes da CIA para tratar
"jornalistas" que colaboram com a "operação"
*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.