5.4.18

UM VENDAVAL DE INTERPRETAÇÃO ERRADA

HELIO FERNANDES -


No julgamento da quarta que terminou já na madrugada desta quinta, escrevi o dia todo. Comecei ás 9 da manhã, fui antecedendo o que aconteceria, até ir dormir á meia noite, com o resultado antecipado e mais do que  confirmado por mim.Só faltavam votar Celso de Mello e Carmen Lucia, 2 votos mais do que certos e garantidos, um para cada lado, confirmando o 6 a 5.

Agora, na manhã desta quinta não retomo o exame, continuo as informações e os comentários, na mesma linha em que deixei no inicio da madrugada. Bem cedo abro O Globo e a Folha, constato estarrecido, que são rigorosamente iguais, na diagramação, na informação, na interpretação, e até na foto que escolheram para ornamentar  a primeira.

Tudo o que aconteceu de verdadeiro, está no sumario que coloquei como titulo desta matéria. Exatamente o contrario nos dois jornais. Manchete de duas linhas, palavras quase iguais. O Globo usou 10 palavras, a Folha, 11. A foto de Rosa Weber, quase a mesma, um destaque sem razão de ser, pois não foi o seu voto que decidiu o julgamento, e também já era mais do que conhecido.

Na sessão preliminar da ultima semana, (que não valia nada), Rosa Weber declarou que estava em conflito com ela mesma, mas já se decidira. Ela merece a homenagem, até eu elogiei seu voto. Solido, mas já conhecido.

Quem definiu e decidiu o placar, foi o ministro Luiz Roberto Barroso. Seu voto surpreendente a favor da prisão em segunda instancia, fixou o 5 a 6 contra o Lula. Se ele tivesse votado como se esperava, o resultado teria terminado em 6 a 5, pela prisão depois da questão ter transitado em julgado. E a vitoria do HC de Lula.

Barroso  decidiu votar pela prisão imediata, depois de Gilmar Mendes ter oficializado na televisão,  seu voto  a favor de Lula. Aí, Barroso se decidiu, não poderia votar na mesma linha do inimigo. Ontem, ás 14 horas, eu comentava: "Os ministros não estão votando por convicção e sim por hostilidade". E acrescentava: "O ministro A vota de um modo, o Ministro B, de outro". No caso, Gilmar foi o A, Barroso o B.

Barroso fez um malabarismo de 1 hora e 9 minutos, divide em 4 definições. E copiou descontraidamente, frases e mais frases do Procurador  chefe da Lava-Jato. Este insistiu sempre, "corrupção, mata pessoas". O  que é verdade, mas passou a ser o carro chefe de Barroso.

Muitas incongruências, que palavra. A começar pela presidente do STF. Depois do voto do ministro Barroso, decidiu não interromper mais a sessão, queria saborear a vitoria mesmo na madrugada. Declarou seu voto na televisão: "Haja o que houver, votarei pela prisão imediata".

Meia noite em ponto, o advogado Batochio fez um apelo a Carmen Lucia: "Presidente, não vote". Isso ela não podia atender, estava presente, era a sua vez de votar. Podia até mudar o voto, mas não deixar de votar.

PS- Haja o que houver nada terminou. As conseqüências estão aí e precisam ser interpretadas.

PS2- Mas com muitas saídas e nenhuma solução correta.