22.6.18

DA CADEIA PARA OS PALCOS: EX-DETENTOS SE RESSOCIALIZAM NO TEATRO E PEDEM PAZ NA PERIFERIA [VÍDEO]

ROGER MCNAUGHT -

Aos que não acreditam na ressocialização após a entrada no sistema carcerário, é melhor reverem seus conceitos.  O grupo “Kriadaki”, composto por ex-detentos é um exemplo perfeito de ressocialização com cultura e com opinião crítica, sem perder o foco no trabalho em artes cênicas.


Fundado em 2008 por detentos de uma unidade prisional de segurança máxima – que buscavam um novo começo – o “Grupo Teatral Kriadaki” é um dos frutos do projeto “Teatro na Prisão” da UNIRIO que vem atuando no sistema prisional desde 1997. A universidade em questão ainda disponibiliza um espaço para ensaios e a continuidade do projeto que conta atualmente com egressos do sistema prisional que se encontram na luta diária para sua sobrevivência digna e ainda encontram tempo para, por meio da arte, estimular questionamentos importantes nas mais diversas plateias.

Na esquete apresentada em um dos auditórios da universidade ficou clara a crítica ao constante clima de violência, criminalização da pobreza, preconceito aos ex-detentos e mortes constantes nas regiões pobres das cidades, algo que infelizmente vem se naturalizando quando deveria de fato ser alvo de intensa mobilização da sociedade civil organizada.  Em um dos diálogos apresentados, a contínua morte de crianças devido à guerra urbana foi abordada e isso em um momento em que mais uma criança faleceu em decorrência de disparos em áreas residenciais da periferia do Rio de janeiro.


Em entrevista (vídeo), os atores que apresentaram a esquete falam um pouco de suas histórias e de como o teatro os trouxe para a liberdade da arte e como esta fórmula pode ser aplicada de forma contínua para reintegrar com sucesso mais e mais ex-detentos ao convívio social produtivo.

Outro ponto bem controverso e necessário que foi apontado durante as entrevistas é a falta de acesso à cultura e educação nas regiões periféricas.   Um dos integrantes inclusive menciona o fato de o grupo “Kriadaki” ir se apresentar em locais onde o teatro “convencional” e outras formas de cultura não vão, democratizando o acesso e a produção de conteúdo cultural.

O grupo mantém suas atividades, figurino e outros custos por meio de doações e obviamente, por meio do tradicionalíssimo “chapéu” ao fim das apresentações.  Se cada um de nós puder ajudar, o lucro será de toda a sociedade.