ROGER MCNAUGHT -
Na última quinta-feira (8), movimentos de defesa da igualdade e de combate ao racismo se reuniram na PUC-RIO para cobrar explicações após o infeliz incidente ocorrido nos jogos jurídicos na região serrana que, longe de ser um caso isolado, está inserido em um contexto de forte discriminação e violência cotidiana.
Na última quinta-feira (8), movimentos de defesa da igualdade e de combate ao racismo se reuniram na PUC-RIO para cobrar explicações após o infeliz incidente ocorrido nos jogos jurídicos na região serrana que, longe de ser um caso isolado, está inserido em um contexto de forte discriminação e violência cotidiana.
Representantes da UNEGRO e do coletivo NUVEM NEGRA deram entrevista acerca não
apenas desta ocorrência mas também demonstraram como se dá o racismo cotidiano
no estado do Rio de Janeiro.
Foto: Vanessa Ataliba. |
Outros episódios recorrentes – como depredações e violência
contra religiões de matriz africana – vem engrossando as estatísticas já
alaramentes de violência contra negros e negras, em especial jovens que residem
em locais há muito esquecidos pelo poder público.
Membros do coletivo NUVEM NEGRA que estudam na PUC-RIO
relataram também que a postura da instituição deixa muito a desejar não somente
neste episódio mas no cotidiano da instituição:
poucos professores e professoras negras, invisibilização de
ocorrências, falta de postura rígida
diante de ações racistas estão entre as queixas mais comuns.
JUSTIÇA ENROLADA
Outro fator que muito causa espanto é o embaraço jurídico
causado pela tipificação dos crimes envolvendo racismo. Enquanto o Racismo é um crime inafiançável,
a “injúria racial” já é tratada de outra forma, sendo a tipificação mais comum,
permitindo a agressores racistas uma série de benefícios que impedem a prisão.
Em teoria, a injúria racial consiste em ofender
a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia,
religião ou origem, o crime de racismo atinge
uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a
integralidade de uma raça. Essa diferença muitas vezes é a porta de
saída que evita a prisão de racistas conhecidos.
Tal imbróglio deixa um gosto amargo de impunidade e de
continuidade para a perversa cultura racista e discriminatória que permeia a
sociedade brasileira.