10.6.18

MOVIMENTOS ANTI RACISTAS COBRAM EXPLICAÇÕES DA PUC-RIO [VÍDEO]

ROGER MCNAUGHT -

Na última quinta-feira (8), movimentos de defesa da igualdade e de combate ao racismo se reuniram na PUC-RIO para cobrar explicações após o infeliz incidente ocorrido nos jogos jurídicos na região serrana que, longe de ser um caso isolado, está inserido em um contexto de forte discriminação e violência cotidiana.

Representantes da UNEGRO e do coletivo NUVEM NEGRA deram entrevista acerca não apenas desta ocorrência mas também demonstraram como se dá o racismo cotidiano no estado do Rio de Janeiro.

Foto: Vanessa Ataliba.
De acordo com a UNEGRO, recentemente houve outro episódio no estado, mais precisamente em Angra dos Reis, onde a escola municipal Áurea Pires da Gama – situada no interior do Quilombo Santa Rita do Bracuí, portanto atendendo à população do Quilombo e se auto-declarando quilombola no Censo escolar de 2015 – foi alvo de vandalismo, depredações de toda sorte e mensagens de ódio e ameaças contra estudantes da escola, ou seja, crianças. Às vésperas da realização da audiência da reparação da escravidão no Bracuí na OAB e na Câmara de Vereadores em Angra, a escola foi barbarizada e a diretora nominalmente ameaçada.

Outros episódios recorrentes – como depredações e violência contra religiões de matriz africana – vem engrossando as estatísticas já alaramentes de violência contra negros e negras, em especial jovens que residem em locais há muito esquecidos pelo poder público.

Membros do coletivo NUVEM NEGRA que estudam na PUC-RIO relataram também que a postura da instituição deixa muito a desejar não somente neste episódio mas no cotidiano da instituição:  poucos professores e professoras negras, invisibilização de ocorrências,  falta de postura rígida diante de ações racistas estão entre as queixas mais comuns.

JUSTIÇA ENROLADA

Outro fator que muito causa espanto é o embaraço jurídico causado pela tipificação dos crimes envolvendo racismo.  Enquanto o Racismo é um crime inafiançável, a “injúria racial” já é tratada de outra forma, sendo a tipificação mais comum, permitindo a agressores racistas uma série de benefícios que impedem a prisão.

Em teoria,  a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Essa diferença muitas vezes é a porta de saída que evita a prisão de racistas conhecidos.

Tal imbróglio deixa um gosto amargo de impunidade e de continuidade para a perversa cultura racista e discriminatória que permeia a sociedade brasileira.