5.8.18

FALA DO PAPA FRANCISCO É OCULTADA PELA NARRATIVA DO MINISTÉRIO DA VERDADE APARENTEMENTE IMPARCIAL, MAS QUE IMPÕE INJUSTIÇA, MEDO E TERROR

ANDRÉ MOREAU -

As vésperas das eleições que poderão legitimar o golpe de Estado, parte dos dirigentes dos partidos de centro esquerda se mantêm seduzidos pela propaganda, contrários a unidade no primeiro turno, favorecendo o plano de mudança do sistema de governo contido na narrativa de ocultação dos fatos e meias verdades, dos editores do Grupo Globo, que se desdobram visando minimizar os impactos da redução do Estado.

Amorim foi recebido na residência oficial do pontífice / foto: CartaCapital.
Ao ocultar os danos decorrentes da implantação da Emenda 95; tratar com meias verdades os efeitos da repressão em nome do “combate a corrupção,” os editores do citado grupo, dão sustentação ao governo ilegítimo. A narrativa lembra o empenho do Jornalista e diretor de O Globo, Irineu Marinho, na época em que dirigiu o Departamento de Propaganda e Cinema do IPÊS - Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais e a expansão de O Globo, em função do apoio à ditadura empresarial militar, deflagrada em 1º de abril de 1964.

Um dessas ocultações, foi a reunião entre o Papa Francisco, na Casa Santa Marta, com o Diplomata e ex-Embaixador, Celso Amorim, um homem que se destacou na luta por Direitos Humanos, combatendo na juventude a ditadura empresarial militar e posteriormente nos governos Lula e Dilma Rousseff, tendo participado com maestria da criação do BRICS.

Logo após tomar conhecimento de detalhes sobre a perseguição jurídica que vem sofrendo o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encarcerado desde o dia 7 de abril na masmorra de Curitiba, o Papa repetiu trechos da sua homilia que tratou da “unidade” na qual destacou o “modus operandi” que precede golpes de Estado, ou “golpes brancos” que vêm ocorrendo em diferentes regiões da América Latina: “A mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes e com a calunia e difamação essas pessoas ficam manchadas. Depois a justiça as condena e no final se faz um golpe de Estado”.

Demonstrando estar bem informado sobre o estado de exceção imposto ao Povo brasileiro, o Papa Francisco ressaltou na mencionada reunião, que a Presidenta Dilma Rousseff é uma mulher honesta. A reunião ocorreu 12 horas após ter sido solicitada pelo chefe de gabinete dos governos Néstor e Cristina Kirchner, por iniciativa do Senador do Chile Carlos Ominami, que assessorou a ex-Presidenta do Chile, Michelle Bachelet, na defesa da candidatura do ex-Presidente Lula e foi reportada com exclusividade para a Revista “Carta Capital”, pelo ex-Embaixador Celso Amorim.

Outro fato relevante sobre Direitos Humanos que da mesma forma foi ocultado pelos meios de comunicação de massas do consórcio que opera a mudança do sistema de governo, ocorreu um dia depois da reunião com o Diplomata Celso Amorim, a reunião do Papa Francisco, agora com membros da comitiva formada por Marinete Silva, mãe da Vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), assassinada em março, em local próximo a Prefeitura do Rio de Janeiro, onde as câmeras que monitoram o trânsito, estavam desligadas.

Além de Marinete Silva, participaram da reunião com o Papa Franciscoa, a Advogada Carol Proner, co-autora do livro “Comentários a uma sentença anunciada: o processo Lula,” que critica a condenação do ex-Presidenre Lula, a Pastora Luterana, Cibele Kuss e o ex-Ministro de Direitos Humanos e ex-Coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Sérgio Pinheiro. Foram entregues dois livros ao Pontífice: um sobre o impeachment, sem mérito, da Presidenta Dilma Rousseff e outro sobre a sentença do Juiz Sérgio Moro, que condenou o ex-Presidente Lula, momento em que o Papa Francisco falou “a mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes e com a calúnia e a difamação essas pessoas são manchadas”. Em seguida o Santo Padre, concluiu: “depois chega a justiça, as condena e, no final se faz um golpe de Estado”.

O Papa Francisco disse a Marinete Silva, mãe da Vereadora Marielle Franco, que acompanha o caso e manifestou preocupação com o assassinato de líderes de movimento sociais que se manifestam em defesa dos Direitos Humanos.

O destaque dado à Convenção Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), que lançou a candidatura do presidenciável Lula (4), foi comprometido pelos editores do Jornal Nacional (JN), do Grupo Globo, que inseriram imagens de sua prisão e narrativa que nas entrelinhas aprovou a sentença, sem provas.

Tais manipulações nos levam ao seguinte questionamento: esse “Ministério da Verdade” criado para dizer o que é verdade ou mentira, pelos fatos expostos, é natimorto. Assemelha-se ao Ministério criado pelo Escritor George Orwell, no livro intitulado “1984”, romance que trata do uso da informação pelo sistema ditatorial no qual o povo monitorado por câmeras e através de falsas informações transmitidas pela televisão, foi transformado em um escravo dos novos tempos, sem lugar de fala.

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*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de Imprensa, jornalabi.blogspot.comarbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.