5.8.18

GLOBO TEVE MAIS UMA VEZ DE TORNAR PÚBLICO O APOIO A DITADURA DE 1964

MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND -


O esquema Globo acabou tendo de admitir que o poderoso chefão Roberto Marinho apoiou o golpe de 1964, usando a terminologia de “revolução de 64”, mas fez uma autocrítica. Isso aconteceu nas palavras de Miriam Leitão, ditadas por um ponto eletrônico, ao final da entrevista com Jair Bolsonaro, que voltou a lembrar que a “revolução de 64” foi apoiada por Roberto Marinho. O candidato entrevistado na Globonews  falou tanta besteira, mas não perdeu a pose ao reafirmar, entre outras coisas, que não houve ditadura depois da derrubada do Presidente constitucional  João Goulart.

Miriam Leitão ao ler o recado da direção da Globo procurou esconder um fato relevante, qual seja, a de que o editorial da tal autocrítica foi algo pró forma  e só aconteceu, 50 anos depois, porque o regime de 64 estava apodrecido e repudiado pela opinião pública. No mesmo dia da entrevista, um editorial do jornal O Globo se posicionava contra a revisão da lei da anistia fazendo com que na prática continuasse protegendo os civis e militares responsáveis por uma série de crimes contra a humanidade, portanto imprescritíveis . Nesse sentido o esquema Globo se aproximou de Bolsonaro, que se bate com toda a força  para evitar qualquer punição para os agentes da repressão que cometeram uma série de barbaridades. Alguns já morreram e conseguiram ficar impunes e os que ainda estão vivos são protegidos pelo esquema Globo- Bolsonaro. Isso para não falar do apoio dado pelo esquema Globo ao golpe edição 2016, que provocou ascensão de Michel Temer, que teve o voto de Bolsonaro ,com elogios fragorosos a Brilhante Ustra.

 No decorrer da entrevista,  os nove jornalistas que participaram não perguntaram absolutamente nada sobre a decisão do Comitê Interamericano de Direitos Humanos que exige do  Estado brasileiro  a reabertura  das investigações sobre o assassinato de Vladimir Herzog, crime cometido nas dependências do DOI –CODI, que foi dirigido por Carlos Alberto Brilhante Ustra, sempre defendido por Bolsonaro. Crime esse, vale sempre mencionar, que os responsáveis não foram devidamente punidos.

Em outra parte da entrevista, ao mesmo tempo que Bolsonaro elogiava Donald Trump e o Estado de Israel,complementou afirmando ainda que apoiava a transferência da capital de Tel Aviv para Jerusalém, portanto adotando o mesmo posicionamento  do seu ídolo que está  na Presidência dos Estados Unidos. Trocando em miúdos: o extremista Bolsonaro quer que o Brasil se posicione em apoio a outro extremista, desta vez  o que governa Israel, Benyamin Netanyahu, e  tem provocado a matança de palestinos. Com esse posicionamento, Bolsonaro deixou claro que não quer, de forma alguma, a criação de um Estado Palestino. Prefere simplesmente anular os esforços de um povo que tem todo o direito de ter reconhecido o seu Estado, tendo como capital a parte Oriental de Jerusalém. Essa é também uma realidade que não pode ser deixada de lado quando se fala do capitão da reserva do Exército brasileiro, que na prática faria o Brasil a ser ainda mais subserviente ao governo  dos Estados Unidos.

O candidato extremista não deixou dúvidas sobre o que pensa em matéria de política externa. Seria, como Michel Temer,  um fantoche em matéria de subserviência aos Estados Unidos. O Brasil, sem nenhum tipo de subterfúgio, seria mais do mesmo nessa área  e de forma ainda mai radical.

Por estas e muitas outras, todo cuidado é pouco para evitar que o Brasil caia no buraco, não só via Bolsonaro, como também através de outros pretendentes, como  Geraldo Alckmin, que escolheu para vice, a também ultra conservadora gaúcha, Ana Amélia, uma apologista do agronegócio e que no frigir dos ovos não tem muita diferença com Bolsonaro e foi escolhida pelo candidato  do PSDB para  evitar que os eleitores dessa linha programática se bandeiem para  o lado de Bolsonaro.

É isso aí, ainda há tempo de evitar a catástrofe que seria para o Brasil, tanto Alckmin, como  Bolsonaro. Nesse sentido seria importante  unidade do campo progressista e evitar divisões que são fomentadas, sobretudo pelo esquema família Marinho e outras do gênero que pululam  pelo país.