27.8.18

VARGAS - 24 DE AGOSTO DE 1954. JÂNIO - 25 DE AGOSTO DE 1961

HELIO FERNANDES -


Duas datas históricas e inesquecíveis. Depois de 15 anos de ditadura, (de 1930 a 1945), derrubado em 1945, Vargas não deveria ter voltado ao poder, 5 anos depois. 15 anos isolado no poder, derrotado em 1930 pelo governador de SP, Julio Prestes. Os gaúchos tomaram o poder, Vargas assumiu como "chefe do governo provisório".

Asilou o presidente Washington Luiz e seu Ministro do Exterior, Otavio Mangabeira, mandados para os EUA. Os paulistas reagiram, o país esteve á beira da guerra civil, a capital bombardeada, faltava a Batalha de Itararé, (a que não houve), os paulistas glorificam até hoje, o 9 de julho de 1932, que ficou eterno, imortal e duradouro. Vargas também.

Os 15 anos já foram devassados de todas as maneiras, ninguém esperava que voltasse com um vice-conspirador (Café Filho, indicado pelo corretíssimo Ademar de Barros, ele, que foi acusado de tudo, menos de corrupção) que infernizou sua vida.

Quase não tomou posse. Depois de 15 anos ditatoriais, apenas 3 anos e 8 meses que deveriam ser democráticos. Com 1 ano da posse, teve que demitir o Ministro do Trabalho, João Goulart, que dobrou o salário mínimo. Com isso, provocou um Manifesto assinado por 69 coronéis. Demitido Goulart, Vargas não governou mais. A oposição a ele, era liderada e chefiada pelo BR.

Mais 1 ano decorrido pediram o impeachment de Vargas. Muitos se surpreenderam que o presidente da Câmara, Nereu Ramos, grande amigo de Vargas, 15 anos governador e interventor de Santa Catarina, colocasse o impeachment em votação. Ele sabia o que fazia, o impeachment foi derrotado, por votação esmagadora e devastadora. Mas não adiantou.

A oposição insistia, queria a renuncia de Vargas, depois licenciamento por 6 meses, reduzido para 30 dias. Em silencio, desconfiando que a conspiração estava dentro do governo, (desconfiava principalmente do Ministro da Guerra) tomou suas providencias. Convocou reunião de todo o governo para as 17 horas do dia 23. Ficou todo o tempo, se fixava principalmente no general. Cansado, ás 5 da manhã subiu para o seu quarto, o resto é Historia pura, e para ele, gloriosa.

Por volta das 6, ouviram o tiro que referendava a frase inesquecível, dominando a carta que ficou para a posteridade: "DEIXO A VIDA PARA ENTRAR NA HISTÓRIA".

Hoje, 64 anos depois do ato e o fato, Vargas está mais vivo do que nunca, acima e alem da própria Historia.

JÂNIO QUADROS

A renuncia premeditada, planejada, fracassada 7 anos depois, em agosto de 1961, o presidente da Republica revoluciona o país, com outra renuncia, descabida, inesperada, mas nada a ver com a renuncia de Vargas. Este eliminou toda e qualquer duvida, até hoje não existe interpretação, Vargas previu e confirmou, "DEIXO A VIDA PARA ENTRAR NA HISTORIA".

Jânio Quadros, um farsante completo, acumpliciado com generais tão ambiciosos e sem caráter quanto ele, ficou no palácio, esperando o desdobrar e o desenvolvimento dos acontecimentos. Com ele, apenas o general Golbery, que comandava a Segurança. Fazia parte do golpe.

Só que os fatos se recusaram a acontecer como planejado. João Goulart, que era o vice, se recusou a entregar o poder aos generais. Estes que acreditavam que podiam tudo, tiveram que fazer concessões. Fundiram o presidencialismo (Jango) com o Parlamentarismo (Tancredo Neves), até o plebiscito de 6 de janeiro de 1963. Quando o presidencialismo venceu completamente, o povo nem sabia o que era Parlamentarismo.

E Jango acreditava que estava mesmo no Poder. E tanto isso é verdade, que seu primeiro ato, foi enviar um oficio ao Congresso, determinando intervenção na Guanabara, queria atingir o governador Carlos Lacerda. O senador Amaral Peixoto (PSD) e o deputado Doutel de Andrade (PTB), telefonaram para Jango. "não existe motivo para intervenção", ele recuou imediatamente.

O general Assis Brasil, chefe da Casa Militar de Jango, insistia com ele: "90 por cento das Forças Armadas estão com o senhor". Jango acreditou, fez 1 ano depois, aqueles dois discursos que o derrubaram, ainda conseguiu ir para o exílio.

PS - Jânio Quadros não sofreu nada, ficou 6 meses entre o Brasil e a Inglaterra, completamente bêbado.

PS2- No intervalo, se elegeu prefeito de SP. Sonhou em refazer a carreira, candidato a governador, massacrado por Ademar de Barros.

PS3- Duas renuncias, a de Vargas, eterna, imortal e duradoura.

PS4- A de Jânio vergonhosa e que levou o país á catástrofe de 1964.

PS5- E cuja permanência tem mais de 21 anos, dura até hoje.