22.10.18

OS FEITIÇOS DA TECNOLOGIA INFORMÁTICA SOBRE A IMPRENSA E AS ELEIÇÕES QUE LEGITIMAM O ROMPIMENTO DA DEMOCRACIA

ANDRÉ MOREAU -


A sociedade baseada na justiça para todos, inclusiva as camadas mais pobres, foi umas das principais defesas do filósofo Jean Jacques Rousseau (1712-1778), considerada até então, o sistema ideal: a democracia. A posição de Rousseau contra a propriedade privada, foi firme - considerava-a o “agente corruptor” do homem -, por isso ele é um dos pensadores que incomoda os burgueses, até hoje.

Passados duzentos e quarenta anos, nos deparamos com um bando de espertos dos meios de Comunicação conservadores do Brasil e do exterior, tentando refazer os cálculos de Rousseau que traduzem com precisão os motivos do impeachment, sem mérito, da Presidenta Dilma Rousseff: a propriedade privada destruiria a liberdade social da democracia se não houvesse um contrato através do qual todo cidadão concordasse em se submeter a vontade da maioria.

O problema se agravou quando essa elite intelectual, em boa parte, ficou omissa diante da prisão do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visando fraudar as eleições. A dialética foi desprezada sem levar em conta que ela começou a ser operada nos bastidores da Constituinte de 1988, visando atingir esse momento de rompimento da democracia, após o acirramento da narrativa de ódio dos meios de Comunicação organizados em consórcio que geraram guerras convencionais, guerras econômicas e a derrubada da Mandatária.

E ainda tem quem se diga de esquerda embarcando no discurso neoliberal de que o pacto social firmado entre esquerda e os neoliberais, não foi rasgado quando aceitaram a abertura do processo de “impeachment,” sem mérito, na Câmara, ignoram a onda de choques (Milton Friedman), talvez por medo. Por não querem enxergar a fragilidade da tão propalada democracia brasileira, ruindo em meio a falta de compromissos com os eleitores e o aparelhamento da dialética na Internet - a máquina de guerra que reforçou o oligopólio dos meios de Comunicação conservadores e nessas eleições alçou “candidatos surpresa” em detrimento do livre arbítrio social como a Sra Janaína Paschoal que teve dois milhões de votos, apesar de não ter figurado em nenhuma pesquisa eleitoral.

Sobre essa ameaça da “popularização” da tecnologia informática, outro estudioso se preocupou até seus últimos dias: o autor da bíblia dos jornalistas “História da Imprensa no Brasil,” o Historiador e General do Exército, Nelson Werneck Sodré (1911-1999), que assinalou em uma das conversas que tivemos, uma semana antes de sua partida, em Itu - São Paulo: “A minha preocupação é com quem terá que lutar contra a rede neoliberal que vem sendo tecida”.

Sodré sabia que em meio a retórica sobre os avanços da ciência e tecnologia, estava embutido o plano de controle das massas, através da disseminação de mentiras repetidas que hoje vemos serem multiplicadas quase que instantaneamente na “grande rede”. Por isso viajou a Brasília, quando a Constituição de 1988 estava sendo elaborada, na tentativa de alertar os constituintes progressistas, sobre o plano neoliberal ocultado em meio ao “lobby” dos agentes da IBM, até então a maior empresa estadunidense. O “generoso” plano dos empresários ávidos por poder, no entanto, foi levado adiante - a IBM financiou a implantação da tecnologia informática nas universidades federais, mas em contrapartida, os engenhos criados em suas plataformas informáticas por docentes e discentes brasileiros, deveriam ser patenteados pela IBM ou em empresa escolhida pelos diretores da IBM.

Lembro que na campanha “A ABI que nós queremos,” doei para a biblioteca Bastos Tigre, um exemplar do livro “História da Imprensa no Brasil,” atualizado pela Editora Mauad. Posteriormente tratei do tema com o jornalista Maurício Azêdo, eleito para presidir a Associação Brasileira de Imprensa, mas não houve tempo para abrirmos uma trincheira na Casa dos Jornalistas, porque na sua reeleição já estavam sendo armados os dois golpes: visando derrubá-lo e o de Estado que derrubar a Presidenta Dilma Rousseff.

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*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de Imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI nas eleições de 2016-2019 jornalabi.blogspot.com