5.5.19

NOTA DA LIGA LATINOAMERICANA DOS IRREDENTOS SOBRE A COBERTURA NOTICIOSA DA GLOBO

OS IRREDENTOS -


No dia 2 de maio no seu espaço de notícias das 13 horas, a apresentadora da Rede Globo chorou profundamente, comovida pelas pessoas mortas pela repressão do “regime Maduro”. A notícia foi lançada como é habitual, sem oferecer nenhum contexto. A tentativa de um golpe de estado no dia 30 de abril, onde os poucos militares que se levantaram contra o governo de maduro (menos de 50 de um total de quase 200000 soldados da ativa), instalaram armas de guerra em uma das mais transitadas avenidas de Caracas e feriram a mais de 7 oficiais da Guarda Nacional Bolivariana. Minutos depois RT explicava com argumentos que as balas que produziram as mortes de opositores provinham de grupos a serviço do deputado, autoproclamado presidente reconhecido pelos Estados Unidos e seus aliados.

Nos perguntamos, o que aconteceria no Brasil, si ante as medidas econômicas antipopulares do governo Bolsonaro, um grupo de pessoas, aliados a militares desertores, se levantasse de forma violenta contra este governo eleito, rodeassem a uma base militar, chamasse as forças armadas a uma deserção e exigisse a saída imediata de Bolsonaro e a instalação de um governo autoproclamado, apoiado por uma potencia estrangeira que houvesse confiscado 30 bilhões de dólares do estado brasileiro, impedindo que este compre medicamentos e alimentos a sua população, provocando fome, dor e mortes a sua população? A resposta é obvia.

Esta oposição venezuelana, que é totalmente subserviente aos desígnios dos Estados Unidos, é extremamente violenta, e sempre deu mostra disso, desde o golpe de estado contra Chávez em 2002, passando pelas guarimbas (que nada mais são do que manifestações violentas), nas quais mataram mais de 40 pessoas em 2016, com utilização de ações e métodos terroristas (algumas destas pessoas foram queimadas vivas somente por parecer a chavistas), atentado a Maduro em agosto de 2008 e dentre muitos atitudes que não mereceram nenhum lamento pela Globo. Nem os assassinatos dos mais de 350 lideres sociais na Colômbia depois da assinatura de um acordo de paz, nem os milhões de mortos produto das intervenções militares dos Estados Unidos no Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria e agora mais recentemente em apoio a Arábia Saudita no Iêmen onde a ONU calcula uma criança morta a cada 10 minutos. Também não mereceram as caras de comoção as milhares de mortes anuais no México e na América Central devido ao trafico de drogas, movido pelo grande lucro gerado pela  demanda de drogas do país lider em consumo do mundo, país este que se coloca como arauto da moralidade e um lutador contra este tráfico, porém só toma medidas nos territórios estrangeiros, como na Colômbia onde têm 7 bases militares e desde onde triplicaram as exportações de cocaína aos Estados Unidos nos últimos 5 anos. Inclusive esta potência, tem usado historicamente negócios ilícitos com armas e drogas para atacar politicamente aos governos que não se submetem aos seus ditames, como ficou comprovado no caso Iran-Contras, onde agentes da CIA, coordenados pelo criminoso Eliot Abram (que foi condenado a prisão, posteriormente teve o perdão presidencial e agora é o encarregado por Trump para agredir a Venezuela), que negociavam com droga no Iran para financiar a luta contra o governo legítimo da Nicarágua. Percebe-se que a violência comove somente quando convêm.

Senhores da Globo, até quando teremos que suportar sua deformação permanente dos acontecimentos e tamanha manipulação serve somente para favorecer os interesses dos privilegiados pelo capital em detrimento das imensas maiorias empobrecidas do mundo que, sem este domínio dos meios, destruiriam logicamente este injusto sistema.

Algumas questões sobre a Venezuela devem ser levantadas neste momento de extremo ataque, como uma ditadura pode ter realizado 21 processos eleitorais em 20 anos? Porque, a eleição anterior que deu a vitória de Maduro sobre os outros três candidatos com quase seis milhões de votos não deve ser considerada, mesmo os mais de 200 observadores de todo o mundo não tendo objeções, e a oposição não tendo provas de fraude? E se os processos eleitorais não são de confiança, como a oposição ganhou no parlamento? E se Maduro é um ditador, porque ele não acaba com a oposição, e porque ainda não prendeu a Guaido? E se a Venezuela é um estado falido para que criar um dos maiores bloqueios comerciais da história, com o roubo de mais de 30 bilhões e impedindo as suas transações e comercio internacional? É fácil depois de colocar cimento no pé alheio, apontar o dedo a aquele que não sabe nadar.

Até quando teremos seu silencio cúmplice sobre todos os crimes da política exterior dos Estados unidos, que se estabelece como amo do mundo com suas mais de 800 bases militares espalhadas por todos os continentes, e com apoio de seus lacaios locais, como o clã Bolsonaro, que se oferece servilmente a contribuir em uma agressão militar contra o povo venezuelano, cinicamente justificada como luta pela democracia e liberdade, expondo ao Brasil aos perigos de uma confrontação armada, que não trará nenhuma vantagem para nenhum dos povos, somente a vergonha de ser um país agressor a outro país que nunca lhe causou dano.

Acreditamos firmemente que, apesar de vocês, a capacidade de análise do nosso povo prevalecerá ante a grotesca alienação gerada pelos meios de comunicação hegemônicos. Está mais perto do que nunca o dia em que os povos latino-americanos saberão os autênticos interesses das classes dominantes e como se unir para que prevaleçam os direitos de paz e soberania de cada povo.

Estamos vivenciando uma guerra global, que tem como eixo central a informação. Os inimigos dos povos pretendem seguir confundindo usando a “magia” dos meios de comunicação para deformar os acontecimentos. Hoje é fundamental aprender a informar-nos melhor, usando e produzindo desde e para os meios alternativos contra hegemônicos. É indispensável ler criticamente os meios ao serviço do capital, que nega oportunidades de vida digna ao nosso povo, transfere os bens coletivos para o lucro das corporações transnacionais que não tem nenhum limite moral.

Devemos frear os ataques imperialistas e de seus aliados que hoje estão agredindo cada vez mais intensamente os povos de Cuba e da Venezuela e se empenham em continuar a exploração do nosso povo trabalhador e o roubo dos nossos recursos naturais.

LIGA LATINO-AMERICANA DOS IRREDENTOS

*Escrito por Ricardo, contribuições de Leandro Nascimento e Geraldo Sardinha