6.6.19

ATÉ QUANDO ABUSARÁS DA NOSSA PACIÊNCIA?

ANDRÉ MOREAU -


A base do esquema de conquista colonial, nesses tempos de aceleradas usurpações de direitos, não difere muito das que sustentaram as colonizações e os golpes do passado: o medo. A imposição do medo a partir de informações do desconhecido, sobre questões divinas acompanhadas da imposição de línguas estrangeiras, das ações de repressão, através da Comunicação oral, impressa ou transmitida por veículos de radiodifusão de massa. O medo difundido pelas religiões, através de setores armados e pelo judiciário. A propaganda do medo, oriunda da suposta ameaça "selvagem," para a civilização moderna. O medo dos comunistas, daqueles capazes de "comer criancinhas". O medo usado em prol de um suposto progresso que só pode ser alcançado com a purificação, a austeridade, o combate à corrupção. O medo que, dependendo da dose, pode ser pior do que qualquer droga, capaz de moer a mente impedindo o cidadão de reagir ou levá-lo à loucura e até mesmo ao suicídio.

Por medo os mais afoitos do ramo da Comunicação embarcaram logo na suposição de que concentrados no Continente, a partir da derrubada do governo de centro esquerda do Brasil, os ataques patrocinados por Washington, teriam efeito em maior escala, neutralizando os povos do Continente. Erraram os cálculos, talvez por não levarem em conta a sabedoria popular. A resistência da solitária presidenta, Dilma Rousseff. O empenho do ex-presidente Lula, na busca por justiça. Além é óbvio, por terem subestimado a espessura do governo do presidente Nicolás Maduro, nas boas lutas que, de Caracas, vem dando uma aula de defesa da República Bolivariana da Venezuela, aliado a especialistas da Rússia e da China. Maduro vem enfrentando as "fake news" deflagradas na velocidade da tecnologia informática, por parte de Washington, neutralizando a tentativa de usurpação do petróleo da bacia de Orinoco.

O medo dos estadunidenses, sempre vem pelo uso da força, da tortura, mas nessa quadra da história a arrogância passou do limite, atingindo brutalmente dentre outras nações, a China. E em meio a crescentes tensões entre Washington e Pequim, as autoridades chinesas multaram o principal empreendimento norte-americano, a Changan Ford Automobile Co, por violações das leis antitruste, em 162,8 milhões de yuans (US $ 23,6 milhões), por violar leis antimonopólio, ou seja, por restringir os preços de venda dos varejistas na cidade de Chongqing desde 2013, de acordo com comunicado publicado no "site" da Administração Estatal de Regulação do Mercado. O valor da multa é equivalente a 4% das vendas anuais da Changan Ford naquela cidade, que fica no sudoeste do país. A arrogância de Robert Lighthizer, Representante de Comércio dos EUA e de Steven Mnuchin, secretário do Tesouro de Washington, os levaram a acusar a China (10/5), de liderar um "jogo da culpa" e "distorcer" a natureza das negociações com Washington, numa tentativa de isolar as práticas do governo estadunidense, do que a Ford vinha fazendo na China, mas terminaram concordando, pelo menos teoricamente, em respeitar a decisão da China e disseram que vão regular suas operações no território asiático, evitando prejudicar a concorrência justa e os interesses legais dos consumidores.

A medida de Pequim ocorreu um dia depois do Escritório do Representante de Comércio e o Departamento do Tesouro dos EUA, expressarem o desapontamento de Washington com a decisão da China em publicar relatório oficial (2/6), através do qual a autoridade da China advertiu que a guerra comercial deflagrada por Washington contra Pequim está prejudicando o mundo e a própria economia dos EUA, destacando Washington como o único culpado do impasse nas negociações entre os dois países. Como água fria jogada na fervura dos estadunidenses, o fato atrapalhou os planos de novas colonizações tentadas por Washington, a partir de reforços financeiros oriundos daquele território asiático, já que atingiu uma das suas principais empresas, aliada de todas as ações golpistas, dentre as quais destaco neste artigo o golpe contra o Brasil em 1964 e voltando um pouco mais na história, às ações nacionalistas do Chanceler Adolf Hitler, de preparação da Alemanha nazista.

*André Moreau, é jornalista, diretor do IDEA, programa TV Unitevê, UFF - Universidade Federal Fluminense e Coordenador da Chapa Villa-Lobos, impedida arbitrariamente de concorrer às eleições da Associação Brasileira de Imprensa, ABI - 2016-2019.