2.7.19

PRESIDENTE DA FENAJ DENUNCIA RESTRIÇÕES AO TRABALHO JORNALÍSTICO

REDAÇÃO -


A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, apresentou nesta segunda-feira (1) ao Conselho de Comunicação Social (CCS) um relatório tratando de situações que, segundo a entidade, caracterizam ataques e restrições ao exercício da atividade jornalística. O relatório ateve-se aos últimos 15 dias, uma vez que o CCS havia se reunido anteriormente no dia 17 de junho, ocasião em que ela apresentou o relatório do mês anterior.

Maria José Braga iniciou seu informe reclamando das restrições que foram impostas a profissionais dos grupos Rede Gazeta e TV Tribuna em Vitória (ES), neste domingo (30), durante manifestações a favor do governo de Jair Bolsonaro e do ministro da Justiça, Sergio Moro.

Segundo relato da presidente da Fenaj, jornalistas, produtores e equipe técnica da TV Tribuna foram hostilizados enquanto cobriam o evento de um trio elétrico. Após ataques de parte da organização do evento e de manifestantes, acabaram sendo expulsos do carro de som.

“Os jornalistas foram intimidados e agredidos. Após muita hostilidade, inclusive partindo da própria organização em microfone para os manifestantes, acabaram sendo expulsos do trio elétrico e impedidos de trabalhar. O líder ao microfone dizia que os jornalistas da TV Tribuna, do jornal A Tribuna e da Gazeta não serviam para noticiar. Foi um ataque generalizado a estes veículos”, lamentou a jornalista.

A presidente da Fenaj acrescentou que a entidade vem apurando outros casos de ataques e intimidações ocorridos no domingo, durante as manifestações, em outras cidades do país, que deverão constar no relatório de agosto.

Ministra Damares - Maria José Braga também reclamou do fato de jornalistas terem sido impedidos de cobrir, no dia 24 de junho, a entrega da comenda Cidadã Fortalezense à ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, quando ela, na ocasião, representou a primeira-dama Michelle Bolsonaro. O evento ocorreu no Clube Militar, e os jornalistas só puderam cobrir o evento quando começou uma oração religiosa, que marcava justamente o final do evento.

A presidente da Fenaj apresentou ainda seu relatório ao PL 191/15, que propõe a federalização da apuração de crimes contra a atividade jornalística, que seria feita pela Polícia Federal. Ela reclamou que a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados tenha rejeitado o projeto, que agora é analisado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da mesma Casa. Ela lembrou que o Brasil é marcado por muitos casos de assassinatos de jornalistas diretamente ligados ao exercício da profissão, e que a apuração e eventual punição dos culpados é comumente atrapalhada por poderosos interesses locais.

Assassinatos - “Só no ano passado, cinco jornalistas foram assassinados. Apenas dois tiveram o inquérito policial resolvido, com o apontamento dos culpados. Mas nenhum ainda foi a julgamento. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) também apontou recentemente que nos últimos 20 anos, 64 comunicadores sociais foram assassinados em consequência do exercício da atividade. Deste total, somente a metade dos casos teve os responsáveis identificados e denunciados pelo Ministério Público à Justiça, mas isso não significa que foram julgados e punidos”, observou Maria José Braga.

A análise do Conselho de Comunicação Social ao PL 191/15 deve ser realizada na próxima reunião do CCS, em agosto.

Fonte: Agência Câmara de Notícias