CIÊNCIAS


'Furacões do tamanho da Terra': as novas descobertas da sonda da Nasa em Júpiter
As observações iniciais de Júpiter feitas pela sonda espacial Juno são "de tirar o fôlego", informam os cientistas da Nasa envolvidos na missão.


E o que mais os deixou perplexos até agora foram as gigantescas "tempestades" registradas nos polos dos planetas.
"Pense em um monte de furacões, cada um do tamanho da Terra, todos tão espremidos uns aos outros que chegam a se tocar", explica Mike Janssen, da agência espacial americana. "Até mesmo entre os pesquisadores mais experientes, essas imagens de nuvens imensas rodopiando têm impressionado muito."
A sonda Juno chegou ao quinto país do Sistema Solar em 4 de julho do ano passado. Desde então, ela tem se aproximado do planeta gasoso a cada 53 dias.
As primeiras conclusões derivadas dessas observações estão sendo divulgadas agora nas publicações científicas Science e Geophysical Research Letters.
A equipe da Nasa diz que o que se sabia previamente sobre Júpiter está sendo revisto com base nas novas descobertas.
"(Com) essa observação mais próxima, constatamos que várias ideias que tínhamos (sobre Júpiter) eram incorretas e até mesmo ingênuas", afirma Scott Bolton, principal pesquisador do Instituto de Pesquisa de San Antonio, no Texas.
Os grandes ciclones que cobrem as altas latitudes do planeta só agora estão sendo vistos em detalhes, porque as missões anteriores nunca conseguiram realmente olhar o planeta por cima e por baixo, como Juno tem conseguido - e, certamente, nenhuma teve resolução tão alta. É possível discernir até mesmo características que estão a apenas 50 km de distância.
As estruturas são muito diferentes daquelas encontradas nos polos de Saturno, por exemplo, e as razões disso ainda não são compreendidas.
Outra surpresa vem do Radiômetro de Micro-ondas (MWR na sigla em inglês) da Juno, que detecta o comportamento abaixo da superfície de nuvens. Seus dados indicam a presença de uma ampla faixa de amônia que vai do topo da atmosfera até a maior profundeza que se pode detectar - pelo menos 350 km para baixo. Ela pode ser parte de um grande sistema de circulação.
Mas a MWR mostra que a amônia em latitudes maiores pode ser muito mais variável.
"O que isso está nos dizendo é que Júpiter não está muito definido por dentro", diz Bolton. "Está completamente errada a ideia de que, uma vez que você vá além da luz solar, tudo será uniforme e tedioso. A realidade pode ser muito diferente dependendo de onde você olha."
A equipe que monitora a Juno selecionou alguns destaques entre as novas descobertas:
- Júpiter é 11 vezes maior que a Terra e 300 vezes mais pesado
- São necessários 12 anos terrestres para que Júpiter consiga fazer uma volta no Sol; um dia por lá tem 10 horas de duração
- Em sua composição, ele lembra uma estrela; é formado basicamente de hidrogênio e hélio
- Sob pressão, o hidrogênio se torna um fluido que conduz eletricidade
- O hidrogênio metálico é provavelmente uma fonte de campo magnético
- A maioria da superfície das nuvens contém amônia e sulfureto de hidrogênio
- As listras de Júpiter são criadas por ventos fortes de origem leste e oeste.
- A Grande Mancha Vermelha de Júpiter é um gigantesco vórtice de tempestade duas vezes maior que a Terra. Essa mancha será o tema da próxima etapa de investigação da sonda Juno. (Via BBC Brasil)



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1 - NASA ANUNCIA DESCOBERTA DE NOVO SISTEMA SOLAR COM SETE PLANETAS SEMELHANTES À TERRA

2 - GIGANTESCO BURACO CORONAL SE FORMA NA ATMOSFERA DO NOSSO SOL


REDAÇÃO -

CIÊNCIA: A NASA gera grande expectativa nesta quarta-feira (22) em imprevisível coletiva de imprensa para apresentar descobertas sobre exoplanetas.

Durante a apresentação da descoberta, os astrônomos informaram que foram identificados sete planetas do tamanho da Terra orbitando a estrela TRAPPIST-1.
"Estou animado para anunciar hoje que o Dr. Michael Gillon e sua equipe usaram nosso telescópio espacial de Spitzer para confirmar que existem realmente sete planetas do tamanho da Terra em órbita da próxima estrela TRAPPIST-1", informou o dirigente da NASA, Thomas Zubuchen.
Os cientistas revelaram que em três destes planetas há grande potencial de existência de água. Para a astrônoma Sara Seager, "essa descoberta gerou grandes avanços para encontrar vidas extraterrestres".

Além dos jornalistas, o público pôde fazer perguntas através da hashtag #askNASA.

Os astrônomos Michael Gillon e Nikole Lewis, a professora do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) Sara Seager e os dirigentes da NASA Thomas Zubuchen e Sean Carey foram os encarregados de anunciar a descoberta. (via Sputnik)


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Gigantesco buraco coronal se forma na atmosfera do Sol

Um enorme buraco se formou na coroa do Sol nos últimos dias, o que permite que o vento solar escape da estrela com muito mais intensidade.

Buracos coronais são anomalias magnéticas que ocorrem eventualmente no topo da atmosfera do Sol, conhecida como coroa ou corona solar. Essas mega estruturas se formam em decorrência de um enfraquecimento momentâneo do intrincado campo magnético que envolve o plasma desta região do Sol e como consequência permite que o vento solar escape com velocidade muito mais elevada.


Como mostra a cena, registrada pelo Satélite de Observação da Dinâmica Solar, SDO, da NASA, o buraco coronal atual recobre praticamente metade do Sol e está aparentemente voltado para a Terra. No entanto, como as partículas não estão atingindo o planeta diretamente, não há riscos de fortes tempestades geomagnéticas, embora a ionosfera deva permanecer instável pelo menos até o final de fevereiro.

Essa instabilidade deverá provocar auroras polares no final do mês e tormentas geomagnéticas de nível G1 e G2 podem ser observadas. (via Apolo11)



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SONDA JUNO REGISTRA IMPRESSIONANTES FORMAS NA ATMOSFERA DE JÚPITER; HUBBLE CAPTA IMAGEM RARA DE MORTE DE ESTRELA



REDAÇÃO -


A sonda planetária Juno registrou uma das mais impressionantes imagens da superfície do planeta Júpiter, quando se aproximou a apenas 4 mil km do topo da atmosfera do maior planeta do Sistema Solar.

O sobrevoo aconteceu no último dia 2 de fevereiro, quando sonda robótica atingiu o chamado perijove ou perijupiter, momento da máxima aproximação com o gigante gasoso.

O verdadeiro rasante revelou uma série de detalhes maravilhosos, uma espécie de tapeçaria formada por gigantescos vórtices gasosos, muitos deles responsáveis por tempestades com ventos de mais de 500 km/h.

A cena retratada mostra o hemisfério sul de Júpiter, com o Sol posicionado no canto superior direito. Devido a essa geometria, grande parte do corpo planetário aparece iluminado pela estrela, enquanto as trevas dominam a porção inferior da imagem.

No canto direito vemos uma das mais interessantes feições jupterianas, uma tempestade anticiclônica chamada Oval BA, conhecida popularmente por "Red Junior".

Essa tormenta apareceu pela primeira vez no ano 2000, após três pontos tempestuosos colidirem e se mesclarem. De acordo com os pesquisadores, um evento similar aconteceu há cerca de 300 anos e deu origem à chamada Grande mancha Vermelha, ou GMV, possivelmente a maior tempestade do Sistema Solar, com ventos de mais de 600 km/h e que já dura incríveis três séculos. (via Apolo11)

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Telescópio espacial capta imagem rara de morte de estrela

O telescópio espacial Hubble registrou o momento exato da morte de uma estrela, um fenômeno que os astrônomos raramente conseguem ver.


A imagem mostra uma estrela, chamada de gigante vermelha, no seu estágio final, no qual libera nuvens de gás e poeira para se transformar em uma nebulosa planetária.

A imagem da Nebulosa Cabalash foi divulgada pela ESA e pela Nasa, as agências espaciais europeia e americana, respectivamente.

Por conter muito enxofre, ela também é chamada de Nebulosa do Ovo Podre - quando combinado com outros, o elemento produz um mau cheiro característico, que lembra o de um ovo estragado.

"Por sorte, o fenômeno acontece a 5 mil anos-luz da Terra, na constelação de Puppis (ou Popa)", diz, com bom humor, a ESA em uma nota sobre a descoberta.
'Num piscar de olhos'

Os jatos de gás - que aparecem em amarelo - e a poeira cósmica são liberados em direções opostas a uma velocidade de um milhão de quilômetros por hora, explicam os cientistas.

Os astrônomos dificilmente conseguem capturar essa fase da evolução das estrelas porque ela se dá "num piscar de olhos, em termos astronômicos", segundo a ESA.

No cálculo dos cientistas, a nebulosa terá se desenvolvido completamente daqui mil anos.

As estrelas têm diferentes fases de evolução, que duram bilhões de anos. Quase no fim da vida, elas se transformam em gigantes vermelhas, que se tornam nebulosas planetárias e, por último, anãs brancas.

Os astrônomos calculam que o Sol, por exemplo, se tornará uma gigante vermelha daqui cinco bilhões de anos.

Quando isso ocorrer, afirmam os cientistas, ele ficará 200 vezes maior e deverá "engolir" os planetas do Sistema Solar, entre eles a Terra. (via BBC Brasil)



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Como foi a descoberta do primeiro planeta em órbita de outra estrela e a posterior corrida pelos exoplanetas

Milhares de exoplanetas já foram descobertos
Milhares de exoplanetas já foram descobertos






Image captionEm uma noite de inverno em janeiro de 1995, o estudante de astronomia Didier Queloz deveria estar observando o espaço. Mas a chuva que atingia o observatório de Haute-Provence, no sul da França, o impedia de fazer isso.
Já que o tempo não cooperava, ele foi à biblioteca para criar um programa para analisar os dados que já havia coletado.
Os dados sugeriam que uma estrela brilhante chamada 51 Pegasi tremia ligeiramente. Era o tipo de oscilação que Queloz estava procurando - um movimento estelar que poderia indicar a presença de um planeta.
A descoberta de um planeta em torno de outra estrela que não o Sol seria uma das descobertas mais profundas da história humana.
Ela indicaria que o Sistema Solar não era único. E nos deixaria mais próximo de descobrir se haveria outras formas de vida em lugares distantes, redefinindo nosso lugar no Universo.
Então Queloz tinha que ter certeza. Após coletar mais dados e analisá-los, ele percebeu que a oscilação da estrela era real, provocada pela atração da gravidade de um planeta em sua órbita.
"Nesse momento, eu era a única pessoa no mundo que sabia que eu havia encontrado um planeta", conta Queloz. Mas ele sabia também que era algo importante demais para se cometer algum erro. "Eu estava com muito medo", diz.
Mas ele estava certo. "A descoberta dele fez história", comenta Steve Vogt, astrônomo da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. "Isso abalou totalmente nosso campo de pesquisas."

Potencial para a vida






O planeta Kepler-452b tem o tamanho da Terra e está em uma zona habitável na órbita de uma estrela similar ao SolImage copyrightNASA AMES/JPL-CALTECH/T. PYLE
Image captionO planeta Kepler-452b tem o tamanho da Terra e está em uma zona habitável na órbita de uma estrela similar ao Sol

Hoje em dia, graças ao telescópio espacial Kepler, os astrônomos já descobriram milhares de planetas. De acordo com as estimativas, nossa galáxia tem centenas de bilhões de planetas, incluindo alguns do tamanho da Terra e que poderiam conter água líquida, com potencial para a existência de vida.
Em agosto deste ano, um grupo de astrônomos descobriu que a estrela mais próxima do Sol, Proxima Centauri, tem um desses planetas do tamanho da Terra em sua órbita.
Mas ninguém poderia ter previsto esses avanços há 20 anos, quando Queloz e seu orientador, Michel Mayor, da Universidade de Genebra, na Suíça, anunciaram a descoberta do planeta conhecido como 51 Peg b.
Era uma afirmação fabulosa, mas como costuma acontecer com as descobertas científicas, não foi recebida com festa, mas com ceticismo.
Para deixar claro, Mayor e Queloz não descobriram na verdade o primeiro planeta fora do Sistema Solar, ou exoplaneta.
Em 1992, os astrônomos americanos Alex Wolszczan e Dale Frail havia encontrado dois planetas. Mas em vez de orbitarem uma estrela normal, como o Sol, esses planetas orbitavam uma estrela morta: um corpo estelar chamado pulsar, que emite poderosos raios de radiação pelo espaço.
Era um sistema planetário estranho, que não poderia abrigar vida.
Os astrônomos viam esses planetas na órbita de um pulsar como uma anomalia cósmica, não como algo promissor. Desde então, somente outros três planetas semelhantes foram encontrados.

'Homenzinhos verdes'






O HD 209458 b, ou 'Osiris', foi o primeiro exoplaneta observado passando em frente à sua estrelaImage copyrightNASA/ESA/ALFRED VIDAL-MADJA
Image captionO HD 209458 b, ou 'Osiris', foi o primeiro exoplaneta observado passando em frente à sua estrela

Encontrar planetas na órbita de estrelas normais como o Sol parecia difícil demais. "Se você fosse a um encontro de astronomia e as pessoas perguntassem o que você fazia, não podia dizer que estava procurando outros planetas. Elas fugiriam de você como se estivesse cheirando mal", diz o astrônomo Paul Butler, do Carnegie Institution of Science, nos Estados Unidos. "Não faria nenhuma diferença se eu estivesse falando de homenzinhos verdes", conta.
Junto a Geoff Marcy, da San Francisco State University, Butler havia iniciado a busca por exoplanetas em 1986.
Utilizando instrumentos ultramodernos, eles tentavam detectar o tipo de movimento estelar que Queloz detectou.
Júpiter, por exemplo, o maior planeta do Sistema Solar, provoca uma oscilação de cerca de 35 km/h do Sol. Detectar essas velocidades relativamente baixas a trilhões de quilômetros de distância não é fácil. Até os anos 1980, observa Butler, ninguém conseguia medir velocidades inferiores a 1.000 km/h.
Para detectar essas oscilações estelares, eles precisavam medir o espectro da estrela: como sua luz se divide em comprimentos de onda que a constitui. Quando a estrela se move em sua direção ou no sentido oposto, o comprimento de onda de sua luz encurta ou se alonga, respectivamente.
Essa pequena mudança é chamada de efeito Doppler. O problema é que pequenas vibrações nos instrumentos, mudanças de temperatura e outos fatores podiam causar alterações. Para ter alguma esperança de encontrar novos planetas, os cientistas precisavam eliminar essas incertezas.

Evolução técnica






O 51 Peg b é uma grande bola de gás como Júpiter, mas é 50% maiorImage copyrightESO/M. KORNMESSER/NICK RISINGER
Image captionO 51 Peg b é uma grande bola de gás como Júpiter, mas é 50% maior

"Nosso objetivo desde o início era encontrar planetas", diz Butler. "Mas nossa preocupação principal era o desafio técnico", afirma.
Um avanço veio no início dos anos 1980. Dois astrônomos canadenses, chamados Bruce Campbell e Gordon Walker, desenvolveram uma técnica pioneira que podia detectar oscilações de 54 km/h. Com isso eles já teriam sido capazes de descobrir o primeiro exoplaneta antes de Queloz e Mayor, mas tiveram azar.
Com melhorias e a evolução técnica, em maio de 1995 os cientistas liderados por Butler já eram capazes de medir velocidades de até 10 km/h. Mas cinco meses depois, eles receberam notícias da Europa: alguém havia encontrado um planeta, o 51 Peg b.
Mayor levou meses para se convencer. Ele estava cético no início, pedindo a Queloz que fizesse mais análises para descartar possíveis explicações alternativas. "Eu era um estudante", observa Queloz, hoje pesquisador da Universidade de Cambridge. "Não era para eu encontrar um planeta."
Mayor e Queloz mantiveram segredo sobre a descoberta enquanto checavam e rechecavam seus dados. Quando finalmente estavam convencidos, anunciaram sua descoberta em um encontro de astronomia no dia 6 de outubro de 1995, em Florença, na Itália.

Planeta estranho






O CoRoT 7b provou que existem outros planetas semelhantes à TerraImage copyrightESO/L. CALÇADA
Image captionO CoRoT 7b provou que existem outros planetas semelhantes à Terra

Muitos astrônomos receberam a notícia com ceticismo. No passado, outros cientistas já haviam anunciado descobertas de exoplanetas que depois não se confirmaram.
E havia o questionamento sobre o próprio 51 Peg b. O planeta é uma grande bola de gás, como Júpiter. Mas o estranho é que sua órbita é de apenas quatro dias.
A distância do planeta para sua estrela é um sexto da distância de Mercúrio para o Sol, o que significa que sua superfície enfrenta temperaturas de até 1.000 graus Celsius. O calor expande sua atmosfera, tornando o planeta 50% maior do que Júpiter, embora seja 47% mais leve.
Apelidado de "Júpiter quente", o planeta contradizia tudo o que os cientistas achavam que sabiam sobre os planetas.
No Sistema Solar, os gigantes de gás como Júpiter estão longe do Sol. Esses planetas contêm gases e gelo, compostos voláteis que não sobreviveriam em ambientes mais quentes mais próximos ao Sol.
Por isso os cientistas acreditavam que somente pequenos planetas rochosos, como a Terra, poderiam se formar na parte interna do Sistema Solar, enquanto os gigantes de gás se formariam na parte externa.
O paradoxo de um Júpiter quente levou muitos cientistas a questionar o 51 Peg b. "A mentalidade na época era de que todos os sistemas planetários deveriam se assemelhar ao nosso", observa Butler.
Por acaso, Butler e Marcy haviam agendado uma sessão de quatro dias em um observatório na semana seguinte. Eles passaram todas as noites apontando o telescópio para a estrela 51 Pegasi.
"Olhamos os resultados e ficamos abismados", conta Butler. "Mayor e Queloz estavam certos. Nós obtivemos exatamente os mesmos resultados."

Chuva de planetas






O 51 Peg b foi o primeiro exoplaneta descoberto na órbita de uma estrelaImage copyrightNASA/JPL-CALTEC
Image captionO 51 Peg b foi o primeiro exoplaneta descoberto na órbita de uma estrela

Vogt ainda não estava trabalhando com Butler e Marcy, mas acompanhava de perto seu progresso. O que o surpreendeu sobre os dados foi ver que, uma vez que eles soubessem o que deviam procurar, não era difícil detectar o 51 Peg b. Por causa de sua órbita curta, dados de apenas alguns dias eram suficientes para revelar a oscilação da estrela.
"Se é tão fácil assim detectar, deve haver vários desses planetas", disse. "Eles vão começar a chover." Ao perceber que o 51 Peg b era apenas o início, ele se juntou às buscas.
Enquanto Butler e Marcy melhoravam sua técnica, eles observavam estrelas, acumulando oito anos de coletas de dados. Mas eles não tinham capacidade técnica para analisar esses dados.
Com a descoberta do 51 Peg b, outros cientistas ofereceram a eles seus computadores para ajudá-los a processar os dados. E Vogt estava certo - os planetas começaram a aparecer.
Na manhã do último dia de 1995, Butler foi ao seu escritório para checar seu computador, que analisava dados de uma estrela chamada 70 Virgo.
Ele observou então que o programa revelava um planeta com sete vezes o tamanho de Júpiter, orbitando sua estrela a cada 116 dias. A estrela oscilava com velocidades de mais de 1.000 km/h: o sinal mais brilhante e claro já encontrado, o que não deixava nenhuma dúvida de que era um planeta.
"Não podia acreditar no início", conta Butler. "Por uma hora, fiquei só olhando a tela do computador."

Formação incerta

Enquanto os americanos começavam a encontrar planeta atrás de planeta, os europeus liderados por Mayor também encontravam. As duas equipes acabariam descobrindo centenas de planetas, conforme a competição entre elas crescia na década seguinte.
A maioria dos planetas descobertos inicialmente eram "Júpiters quentes" como o 51 Peg b. Como esses planetas são grandes e próximos às suas estrelas, provocam as oscilações mais fortes, deixando-os também mais fáceis de identificar.
Nos anos seguintes, mesmo os mais ardorosos céticos, que propuseram explicações alternativas como estrelas pulsantes, estrelas binárias e manchas estelares, tiveram que aceitar que se tratavam de planetas reais.
Mas como eles são formados ainda é algo incerto. Uma das explicações mais populares é a de que os planetas semelhantes a Júpiter sofrem uma migração. Eles se formariam longe de suas estrelas, mas se movimentariam depois para a parte interna por força das interações gravitacionais com outros planetas e com a poeira e os detritos cósmicos deixados pela formação do sistema estelar.

'Estamos sozinhos ou não?'






Representação artística mostra sistema planetário com o Kepler-138b, primeiro exoplaneta encontrado menor que a Terra tanto em massa e circunferênciaImage copyrightSETI INSTITUTE/DANIELLE FUTSELAAR
Image captionO Kepler-138b foi o primeiro exoplaneta menor que a Terra encontrado

O que o 51 Peg b certamente fez foi deixar os astrônomos com uma mente mais aberta. Ele mostrou que, no que se refere aos planetas, é quase um vale-tudo, como observa Sara Seager, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. "Ele determinou que todo o campo de pesquisas deveria esperar surpresas", diz.
De fato, o telescópio espacial Kepler mostrou que a maioria dos sistemas planetários não se parece nada com o Sistema Solar.
Lançado em 2007, o telescópio encontrou milhares de planetas. Em vez do método da oscilação usada para encontrar o 51 Peg b, o Kepler verifica diminuição na luz da estrela quando um planeta passa em frente a sua órbita.
O Kepler encontrou órbitas planetares que são inclinadas, altamente elípticas, e vão contra a direção da rotação da estrela. Alguns planetas orbitam duas estrelas ao mesmo tempo.
Os buscadores de planetas estão tão apurados que já encontraram um do tamanho da Terra, que poderia ter água líquida, na órbita da estrela vizinha Proxima Centauri, a apenas 4,2 anos-luz de distância. A descoberta gerou planos ambiciosos para uma viagem interestelar.
Com telescópios espaciais como o Kepler e o ainda em desenvolvimento Satélite para Pesquisas de Exoplanetas em Trânsito (TESS, na sigla em inglês), que pode encontrar mais milhares de novos mundos, os astrônomos estão vendo os planetas não como indivíduos, mas como populações inteiras.
Isso dá a eles um entendimento mais amplo sobre como os planetas se formam e também mostram como nosso Sistema Solar pode ser singular.
Logo, uma nova geração de telescópios vai analisar atmosferas planetárias atrás de sinais de vida. Em poucas décadas, poderemos ter alguma indicação.
"É uma questão básica humana para compreender: estamos sozinhos ou não?", diz Vogt. "É uma das questões mais profundas que podemos jamais imaginar. De qualquer maneira, isso vai abalar nossa cultura, toda nossa capacidade de pensamento, se pudermos responder a isso."
*Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Earth



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Os mitos sobre o orgasmo feminino derrubados pela ciência

O orgasmo feminino ainda é bastante desconhecido da ciência. Mas nos últimos anos os pesquisadores conseguiram derrubar clichês sobre o prazer das mulheres.

Via BBC -

É comum encontrar informações sobre o orgasmo das mulheres em revistas femininas. Mas é bem mais difícil encontrar pesquisas e informações científicas sobre o assunto. As razões para isso são muitas e variam desde desinteresse até falta de financiamento. Felizmente, nos últimos anos essa realidade começou a mudar e diversos pesquisadores estão se dedicando a tentar esclarecer esse fenômeno ainda pouco conhecido. As informações são da rede britânica BBC.

Problemas subestimados

Enquanto há uma grande dedicação em sanar os problemas sexuais masculinos, como ejaculação precoce e dificuldade de ereção, os problemas das mulheres são frequentemente subestimados. Callista Wilson, uma estilista que mora em San Francisco, nos Estados Unidos, é um claro exemplo disso.
“Parecia que tinha um círculo de fogo no meio das pernas e essa era uma sensação constante – era uma queimação, um comichão e, então, durante o sexo ou mesmo com um absorvente interno era como se uma faca de churrasco estivesse me cortando, era muito doloroso.”, lembrou a Callista em entrevista à BBC.
Ela teve essa sensação pela primeira vez quando tentou usar um absorvente interno, aos 12 anos. Mas só decidiu procurar um médico oito anos depois, quando completou 20 anos de idade. Para sua surpresa, a jovem ouviu que o problema provavelmente era “coisa da sua cabeça”.
“Ela (a médica) pareceu muito cética que algo pudesse estar errado. E disse: ‘você parece perfeitamente normal, por isso recomendo que procure um terapeuta para falar sobre o que está causando esta dor. Deve ser coisa da sua cabeça’.”, contou.
Se passaram mais 10 anos até que Callista conseguisse um diagnóstico. Os problemas sexuais nesse período atingiram cada aspecto da sua vida, causando desde depressão até o fim do seu relacionamento amoroso. Finalmente, depois de ir a 20 médicos, ela chegou ao consultório de Andrew Goldstein, diretor do Centro de Transtornos Vulvovaginais em Washington, nos Estados Unidos.
O especialista explicou que ela havia nascido com 30 vezes mais terminações nervosas na entrada da vagina – o que significava que quando o local era tocado ela sentia dores fortes, como se estivesse sofrendo queimaduras. A solução foi uma cirurgia que removeu parte da área ao redor da abertura vaginal com o objetivo de retirar as terminações nervosas hipersensíveis. Depois disso, Callista soube finalmente o que era fazer sexo sem dor.

Nenhuma mulher é igual

O problema da estilista, chamado de vestibulodinia ou vestibulite vulvar, não é comum. Mas uma coisa que os pesquisadores só foram entender recentemente é que o sistema nervoso pélvico feminino varia imensamente de uma mulher para outra.
Quando Deborah Coady, ginecologista de Nova York, começou a estudar o assunto, verificou que os nervos na região genital masculina eram totalmente mapeados – mas não existia informação sobre os das mulheres. A médica então formou uma equipe com cirurgiões especializados para pesquisar sobre o assunto.
“Aprendemos que provavelmente não existem duas pessoas parecidas quando se trata de ramificação do nervo pudendo”, diz Coady.
Esse nervo tem três ramos que atravessam a região pélvica de homens e mulheres. “A maneira como as ramificações (do nervo) passam pelo corpo leva a diferenças na sexualidade, ou seja, a sensibilidade de certas áreas vai variar de mulher para mulher”.
Quando se fala de orgasmo, o nervo pudendo é a parte mais importante do corpo. É ele que liga os órgãos genitais às mensagens cerebrais de toque, pressão e atividade sexual.
Coady também descobriu que cada mulher tem um número diferente de terminações nervosas em cada uma das cinco zonas erógenas da área genital – clitóris, entrada da vagina, colo do útero, ânus e períneo. “Isso explica por que algumas mulheres são mais sensíveis na área do clitóris e outras na entrada da vagina”, observa.

Excitação feminina

Em seu  Laboratório de Orgasmo , localizado na Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, a pesquisadora Cindy Meston conseguiu derrubar outro grande mito do orgasmo feminino: os fatores que excitam uma mulher. 
“Durante anos nos disseram: ‘tome um banho de banheira, se acalme, escute música relaxante, faça exercícios de respiração, relaxe antes do sexo. Mas minha pesquisa mostra o oposto: na verdade o que se deseja são mulheres animadas. Então você pode dar uma volta no quarteirão correndo do seu parceiro, ou ver um filme de terror com ele, se divertir numa montanha-russa ou assistir a uma boa comédia. Se você estiver rindo, vai haver uma compreensível resposta de ativação simpática.”, explicou Cindy.
A resposta de ativação simpática citada pela cientista se refere ao sistema nervoso simpático, responsável pelas contrações musculares inconscientes, que nos deixa alertas, preparados para voar ou lutar. Em sua pesquisa ela descobriu que se esse sistema for ativado antes do sexo, ajudará as mulheres a reagirem mais intensa e rapidamente.
Já nos homens acontece quase o oposto. Por isso, durante anos considerou-se que as mulheres funcionavam da mesma forma que eles, mas o trabalho de Meston mostrou que isso era um erro.

Desconhecimento

Andrew Goldstein percebeu desde seus tempos de estudante que o corpo e a sexualidade femininas são pouco compreendidos.
“Completei a residência em obstetrícia e ginecologia com uma carga horária de 20.000 horas. Assisti a uma palestra de 45 minutos sobre a função sexual feminina. Posso dizer que tudo o que foi dito durante aqueles 45 minutos estava completamente errado. Qualquer problema sexual feminino recebe menos atenção do que qualquer disfunção sexual nos homens. Vejo claramente que é uma questão de diferentes padrões de avaliação”, afirmou Goldstein.
Meston explica que ainda é difícil conseguir verba para pesquisar sobre o prazer sexual delas. Segundo ela, o orgasmo feminino não é visto como um “problema social suficientemente importante”. Além disso, há um certo tabu e uma desaprovação puritana das instituições médicas sobre essa área de estudo.
“Existem muitos críticos conservadores que não querem que verbas federais sejam destinadas a pesquisas sexuais. Como pesquisador você precisa então ser um pouco criativo. Já me disseram claramente para tirar o ‘sexo’ do meu projeto. Eu ouvi: ‘Você pode falar sobre bem-estar ou satisfação conjugal, mas falar sobre excitação sexual ou orgasmo é o fim da linha e reduzirá suas chances de conseguir patrocínio’.”, contou.
E como Callista Wilson se sente ao saber da dificuldade das pesquisas que conseguiram acabar com a dor que a incomodou por tantos anos?
“A gente nasce de uma vagina, por que não sabemos mais sobre elas? Por que não nos preocupamos mais com isso? Por que não se investe mais no assunto? Isso ajudaria homens e mulheres a terem mais pesquisas, financiamento e mais conversas sobre o assunto. Isso só beneficiaria todo mundo”, concluiu a estilista.
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Ciência salva 2016 com a maior descoberta do século

Via GGN - Comprovação de ondas gravitacionais é considerada como maior acontecimento dos últimos cem anos pela Revista 'Science'

Uma das conquistas cientificas mais importantes do século ocorreu em 2016: a detecção direta de ondas gravitacionais, previstas por Albert Einstein, exatamente cem anos antes, 1916, em sua teoria da relatividade geral.

No artigo à seguir, para o El País, a pesquisadora do grupo LIGO, que colaborou com as descobertas, Alicia Sintes, reforça que a descoberta "abre uma nova janela de onde observar o Universo", incluindo novos tipos de sistemas astronômicos jamais imaginados pela ciência humana até hoje, permitindo compreender, inclusive, como os buracos negros se formam e possibilitando o aumento da precisão de telescópios, que poderão operar já em 2030.  

Revista 'Science' elege as ondas gravitacionais como o achado mais relevante de 2016

ALICIA SINTES
Não tenho a menor dúvida de que 2016 será um ano que dificilmente esquecerei. Este foi um ano de grandes avanços científicos em muitos campos e de importantes descobertas, mas, entre todas elas, uma foi muito especial para mim e meus colaboradores: as primeiras observações de ondas gravitacionais com o LIGO.

Desde que em 11 de fevereiro, depois de minuciosas análises, as colaborações científicas LIGO e Virgo anunciaram a primeira detecção direta de ondas gravitacionais e a primeira observação da fusão de um sistema binário de buracos negros, as desconhecidas ondas gravitacionais atraíram a atenção da mídia e da maioria dos mais prestigiados prêmios internacionais. Não é de estranhar, já que estas primeiras detecções diretas de ondas gravitacionais foram, sem dúvida, uma das conquistas científicas mais importantes do século, não só porque serviram para validar um dos pilares da física moderna, a teoria da relatividade geral, precisamente em seu centenário, mas também porque se abre uma nova janela de onde observar o Universo, com o potencial de descobrir sistemas astronômicos agora inimagináveis.

Pessoalmente, depois de ter dedicado 20 anos de minha carreira à caracterização dos instrumentos, ao desenvolvimento de algoritmos específicos para poder extrair minúsculos sinais do ruído e ao estudo do potencial científico de distintos detectores, esta descoberta me inundou de grande satisfação.

A história dos detectores de ondas gravitacionais remonta aos anos 60. Ainda assim a busca de ondas gravitacionais está apenas começando. Nos próximos anos, à medida que os detectores avançados LIGO e Virgo se aproximarem de sua sensibilidade de projeto, observaremos de forma regular alguns dos fenômenos mais energéticos e violentos do universo. Isso será decisivo no avanço da física fundamental, astrofísica e cosmologia, permitindo-nos explorar importantes questões, como o modo como se formam os buracos negros, se a relatividade geral é a descrição correta da gravidade ou como se comporta a matéria sob condições extremas. No futuro, novas gerações de detectores permitirão fazer astronomia de alta precisão, como o detector europeu “Einstein Telescope” ou o observatório da Agência Espacial Europeia “LISA”, que poderiam começar a operar na década de 30.

Graças ao desenvolvimento da tecnologia, os interferômetros LIGO são capazes de operar no extremo dos limites fundamentais da física, sendo os instrumentos ópticos mais sensíveis jamais construídos. Utilizando luz laser, são capazes de comparar a longitude de seus braços com uma precisão superior a 1/10.000 partes do diâmetro de um protón. Nosso grupo de Relatividade e Gravitação, da Universidade das Ilhas Baleares, está totalmente voltado para a análise dos dados desses detectores. Também estamos envolvidos no desenvolvimento e otimização de algoritmos específicos de buscas junto com a construção de catálogos de padrões de ondas gravitacionais, que são imprescindíveis para estudar as fusões de sistemas binários, como os descobertos este ano.

Neste momento, os detectores LIGO voltam a operar em modo de observação, embora seu funcionamento não vá ser interrompido durante as férias. Todos nós estamos ansiosos e preparados para que a natureza nos surpreenda de novo e possamos contar isso. Mas parece claro que este ano não haverá nenhum alerta no dia de Natal.

*Alicia Sintes é pesquisadora do grupo da colaboração científica LIGO na Universidade das Ilhas Baleares



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LUA EM SATURNO PODE ABRIGAR VIDA COMO NÃO A CONHECEMOS

Via Revista Galileu - Titã é a maior lua de Saturno. Lá há uma atmosfera densa, cheia de nuvens, e corpos líquidos como rios e lagos. Vento, chuva e outros fenômenos climáticos típicos da Terra criam paisagens familiares, como colinas e praias cheias de dunas. Ou seja, a receita é ótima, o problema são os ingredientes. No lugar de água, há metano, que evapora e forma nuvens em um ar rico em nitrogênio e pobre em um tipo de vida como a da Terra.
Acontece que se você, humano, não quer viver de nitrogênio, há quem queira. James Stevenson, Jonathan Lunine e Paulette Clancy, pesquisadores da Universidade Cornell, nos EUA, acabam de publicar na Science Advances um artigo científico em que afirmam que Titã pode conter vida como não a conhecemos. Na hipótese, a membrana celular dos possíveis seres vivos do satélite poderia ser composta de nitrogênio em vez de fosfolipídios. Calma, não é tão complicado quanto parece.
Se você leu esta matéria da GALILEU sobre diferentes tipos de vida alienígena, você já sabe que essa ideia não é tão impossível assim. No texto, Pablo Rampelotto, astrobiólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que “em vez de procurar sinais biológicos específicos que apareceram tarde na história da Terra, as missões deveriam se concentrar em características gerais e sinais de vida independentes do material que a constitui”. 
Em outras palavras, é bastante razoável pensar que seres vivos de outros planetas sejam feitos de outros materiais e tirem sua energia de reações químicas diferentes das nossas. Para o pesquisador, o silício poderia se comportar como um ótimo substituto para o carbono em um astro com abundância de metano, por exemplo. O problema é que só conhecemos um tipo de vida: o nosso. 
O que Stevenson e sua equipe fizeram foi, pela primeira vez, colocar no papel um modelo plausível de vida fora dos moldes terrestres, que usasse, no caso, os elementos que estão disponíveis na lua Titã. Até agora, nosso narcisismo não havia permitido a façanha: a busca de vida fora da Terra estava muito mais subordinada à composição química dos seres vivos do que à definição da vida como processo que é consequência das condições físicas e químicas de um outro mundo qualquer.
O universo não é uma festa de vida em ebulição, claro. Você pode até trabalhar com os elementos disponíveis, mas eles precisam formar estruturas úteis. Na Terra, a vida depende da membrana plasmática das células — uma “casca” fosfolipídica forte e permeável que abriga a matéria orgânica da célula. Os cientistas precisaram imaginar uma membrana igualmente elástica e permeável para as células alienígenas — mas que usaria carbono, nitrogênio e hidrogênio como componentes principais. Seu nome seria “azotossoma”.
Azote é nitrogênio em francês, uma variação de lipossoma, a membrana encontrada em seres terrestres. “Nós não somos biólogos, e não somos astrônomos, mas tínhamos as ferramentas certas”, explicou Clancy à assessoria da Universidade Cornell. “Isso pode ter ajudado, porque chegamos sem nenhuma pré-concepção sobre o que devia ou não devia fazer parte de uma membrana. Nós só trabalhamos com os compostos que sabíamos que estavam lá e nos perguntamos: ‘Se isso estivesse na sua paleta, o que poderia sair daqui?’”.
Saiu algo bem legal, não dá para negar. Agora só nos resta chegar mais perto de Titã e ver se a natureza já foi tão sagaz quanto os cientistas.


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A empresa holandesa Mars One tem o ambicioso projeto de levar pessoas para colonizarem Marte já na próxima década. Como parte dos seus planos, a empresa divulgou um estudo que detalha como será o possível traje usado pelos exploradores do planeta vermelho. 

A roupa espacial seria pressurizada, com um capacete transparente resistente ao impacto, e um sistema modular que permitiria a troca de partes individuais do traje. Impressoras 3D ajudariam os colonos a criar e substituir peças defeituosas da roupa em solo marciano. A previsão é que os astronautas demorem 30 minutos para vestir todo o traje sem ajuda, e 10 minutos com a assistência de algum colega. 

O traje especial pode ser usado por até oito horas sem a necessidade de se conectar a outros sistemas, bem como oferecer pelo menos 45 minutos de suporte de emergência para manter os colonos vivos. A recarga do sistema não deve demorar mais do que quatro horas. O "uniforme" oferece ainda resistência à temperaturas entre -128ºC e 77ºC, bem como proteção contra radiação solar e poeira. 

Esquema do sistema de controle de temperatura, pressão e revitalização o ar (Imagem: Mars One)

A Paragon Space Development Corporation, contratada em 2013 para ajudar no projeto da Mars One, foi a responsável por realizar o estudo. De acordo com Barry Finger, engenheiro-chefe da Paragon, o design do traje "faz máximo uso dos recursos locais de Marte para proporcionar um ambiente seguro e confortável para os membros da tripulação". 

O projeto Mars One foi lançado em 2012 com a finalidade de criar uma colônia humana em Marte e é parcialmente patrocinado por um reality show. Como era de se esperar, muitas críticas rondam a ideia, com especialistas questionando "detalhes" como a escala de tempo do projeto, sua viabilidade técnica, financeira e ética. A próxima etapa do cronograma da viagem só de ida da Mars One para o planeta vermelho está agendada para 2020, quando a primeira missão sairá da Terra. Já em 2026, os humanos embarcarão para esta aventura sem precedentes. 

Via Mars One




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AIDS, 35 ANOS DEPOIS



Por RICHARD PARKER - Via Carta Capital -

Chegamos aos 35 anos de epidemia de HIV e AIDS em 2016 diante de vários dilemas. Perdemos o pioneirismo mundial no enfrentamento da doença, estamos na contramão da tendência global de queda do número de infecções pelo HIV (entre os jovens, sobretudo, a tendência no Brasil é de crescimento) e estagnamos nas campanhas de prevenção.

A resposta brasileira à epidemia de AIDS, outrora exemplo para o mundo, tem perdido a luta para a falsa moral e o conservadorismo.

Relatora do Projeto de Lei 198 na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, a deputada Laura Carneiro recentemente deu parecer desfavorável ao PL.

O que deveria se constituir numa vitória para as mais de setenta organizações da sociedade civil, que enviaram Carta Aberta ao Congresso pedindo o arquivamento do projetos, tornou-se um sinal de alerta.

A ala conservadora da Câmara, mesmo sem Eduardo Cunha, permanece fortalecida. E, embora o parecer seja desfavorável, teme-se pela aprovação.

Parte do movimento que exige o arquivamento do PL se mobiliza neste momento em Brasília para evitar o que seria um novo desastre na saúde pública da nação.

A polêmica sobre a criminalização da transmissão ganhou novo fôlego há pouco mais de um ano. No período em que esteve à frente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha – evangélico e declaradamente contra os homossexuais, o aborto e a prostituição – desarquivou vários projetos com recorte conservador e moralista. A transformação da transmissão intencional do HIV em crime hediondo foi um deles.

Pouca gente sabe que esta ideia de criminalização do HIV não é recente no Brasil. Desde os anos 1980, o Código Penal datado de 1940 – e que trata da transmissão de doenças – tem sido utilizado para criminalizar pessoas que supostamente teriam transmitido o HIV a outras.

Na prática, a aplicação dos artigos deste Código Penal tem favorecido à violação dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV.

Muito pouco se tem dito sobre a falácia das políticas de criminalização em outros países. As experiências internacionais de criminalização da transmissão do HIV mostram que este tipo de legislação criminal tem efeito negativo e drástico para a saúde pública e, sobretudo, para a prevenção.

Há inúmeros relatórios internacionais que já comprovaram que ampliar o acesso à medidas de prevenção são mais eficazes para a saúde pública do que leis criminais.

Em geral, enquanto a atenção da sociedade se volta para um indivíduo ou grupo específico supostamente “culpado” por uma transmissão do HIV, a epidemia cresce por falta de prevenção ou porque não há acesso igualitário ao tratamento.

Argumentos moralistas também afetam negativamente a construção da resposta para a epidemia de HIV e AIDS. Seja qual for a prática sexual, desde que consensual, é para ser respeitada. Ignorar isso é incentivar o pânico moral e leis que criminalizam, sem nenhum efeito benéfico para a boa saúde da população.

Richard Parker é diretor-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA)



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Esfoliantes estão criando

uma verdadeira catástrofe ambiental

São trilhões (trilhões mesmo) de pedaços de plástico contidos em cosméticos que estão invadindo o sistema de tratamento de água e contaminando os oceanos.

Por Karin Hueck -Via Super interessante -
Talvez você nunca tenha pensado nisso ao passar esfoliante no banho para deixar a sua pele lisiiinha, lisinha: mas as pequenas partículas durinhas dentro do produto são micropedaços de plástico – que estão causando um verdadeiro desastre ambiental. Os microbeads são minúsculos fragmentos de plástico, de até 5 milímetros de tamanho, que são colocados em alguns cosméticos (principalmente esfoliantes de corpo e algumas pastas de dente) para causar uma sensação extra de limpeza e tirar impurezas da pele. O problema é que esses plastiquinhos – feitos geralmente de polietileno – são praticamente impossíveis de tirar do ambiente. Eles se infiltram nos processos de tratamento de água, entram no sistema hídrico e chegam aos trilhões aos oceanos.
Cientistas calculam que, a cada uso de esfoliante, entre 4.600 e 94 mil microbeads  (sim, você leu certo: quase 100 mil por lavada) podem ser liberados no esgoto. Todos os dias, 508 trilhões de pedacinhos de plástico são liberados pelas casas americanas. O problema é que as partículas passam incólumes pelo sistema de tratamento de água, não conseguem ser filtrados e acabam voltando para a água da torneira. E esse ainda é o menor dos transtornos. Quando os plastiquinhos entram nos recursos hídricos, o desastre é ainda pior. Eles vão parar nos rios e oceanos – onde são confundidos com elementos naturais e acabam engolidos por peixes, moluscos e aves. Um estudo mostrou que 36% dos peixes do Canal da Mancha (entre a Inglaterra e a França) estão contaminados pelas partículas. Esses peixes e moluscos, por sua vez, vão parar nos nossos pratos. Cientistas acreditam que o estrago causado por eles é praticamente incalculável, já que eles seguem se fragmentando – e ficando cada vez menores –  na natureza, o que torna impossível mensurar o tamanho da contaminação.
Os microbeads foram desenvolvidos por um engenheiro norueguês para ajudar em tratamentos médicos. Como eles conseguem entrar em praticamente todos os lugares, basta carregá-los magneticamente, por exemplo, para que eles separem substâncias ou agrupem células e bactérias. Mas a descoberta acabou sendo usada em grande escala pela indústria de cosméticos para motivos, digamos, menos nobres: como esfoliar a pele.

Ainda não existe nenhuma tecnologia capaz de eliminar os microplásticos do ambiente. Mas diversos países – como Holanda, Suécia e Canadá – já baniram o acréscimo do ingrediente nos produtos. Reino Unido e EUA devem fazer o mesmo até o final de 2017. Ainda assim, o estrago já está feito.
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O que saberemos sobre o espaço daqui a uma década?


Desde meados dos anos 60, não ficávamos tão animados com as conquistas da exploração espacial. 

A Nasa lançou recentemente a Orion, primeira de suas novas naves destinada ao transporte de astronautas em substituição aos ônibus espaciais. A agência também está desenvolvendo um enorme foguete que vai rivalizar com o Saturn V. A Europa conseguiu pousar uma sonda em um cometa a 510 milhões de quilômetros da Terra, enquanto a China está trabalhando em sua próxima estação espacial.Enquanto isso, empresas particulares estão mudando o mapa dos negócios no espaço, ao seguirem com seus planos para realizar voos ao espaço, turismo espacial e até missões para Marte.

Nos próximos anos, também assistiremos à etapa final da construção telescópio espacial James Webb, um observatório flutuante do tamanho de uma quadra de tênis.

Portanto, a partir de 2020, será que teremos uma nova e gloriosa era espacial?

A BBC reuniu um painel de especialistas para ouvir suas opiniões: Scott Pace, diretor do Instituto de Política Espacial, em Washington; David Baker, ex-engenheiro da Nasa, escritor e editor da revista Spaceflight; e Monica Grady, professora de ciências planetárias e espaciais na Open University, da Grã-Bretanha.

Veja o que eles têm a dizer:

O homem vai voltar à Lua...
Para especialista, a Lua poderia servir de base para lançamento de foguetes.
Para David Baker, a Lua exerce um fascínio porque está ali visível todas as noites. "Uma viagem à Lua dura apenas três dias, e mandar astronautas para lá por um curto período de tempo é algo que exige poucos recursos. Um dos objetivos da China é colocar astronautas na Lua", afirma.

Já Monica Grady prevê que alguns grupos estabeleçam uma base semipermanente na Lua. "Não é uma colonização; o local servirá para lançar foguetes que explorarão o Sistema Solar no futuro", diz.

Scott Pace critica a política dos Estados Unidos em relação à Lua. "O país não só excluiu o astro como um próximo passo de sua exploração, como também deixou de fora seus parceiros internacionais. Tínhamos muitos parceiros em potencial que estavam interessados na Lua. Mas este assunto tem que continuar na agenda, porque ele é guiado por interesses geopolíticos, técnicos e econômicos, tanto dos Estados Unidos como de seus grandes parceiros".

...mas (ainda) não vai a Marte

"Apesar de Marte ser um dos objetivos da exploração humana, não sei muito bem o que poderá acontecer uma vez que pousarmos lá e fincarmos uma bandeira", afirma Grady. "Há um debate sobre se devemos fazer de Marte um habitat protegido."

Para Pace, a questão das parcerias internacionais também foi afetada pela decisão dos Estados Unidos de se dedicar a uma missão para Marte. "Muitas outras agências espaciais disseram que se tratava de algo muito ambicioso. Estrategicamente, escolhemos uma direção que nos tirou das parcerias", diz.

Baker critica a ideia de ir a Marte como "drástica, perigosa e prematura". "A Orion só consegue manter sua autonomia no espaço por três semanas – não serve para abrigar seres humanos no caminho até Marte", explica. "A imagem que a Nasa passa para a opinião pública é muito diferente daquilo que ela tem capacidade para realizar."

China e Índia terão destaque
China está a caminho de ter sua própria Estação Espacial.
"Estamos começando a assistir a uma corrida espacial entre a Índia e a China, e acho que isso tende a crescer nos próximos anos", aposta o ex-engenheiro David Baker.

Scott Pace discorda: "Não creio que se trata de uma corrida. Para a China, a conquista espacial é uma maneira de estimular o orgulho nacional e apoiar o Partido Comunista, assim como uma maneira de melhorar a qualidade industrial e atrair jovens para a área de ciência e tecnologia".

"Nos Estados Unidos e na Europa, cada vez que um novo governo assume o poder, muda as políticas espaciais. Essa descontinuidade gera uma enorme perda de tempo e de recursos", afirma Monica Grady. "A China leva vantagem nessa área ao ter um sistema político não democrático que pode fazer planos com bastante antecedência e que sabe que eles serão cumpridos".

O futuro da Estação Espacial é incerto

O analista Pace lembra que os Estados Unidos estão comprometidos com a EEI até 2024, mas questiona se os demais países permanecerão no projeto até lá, principalmente a Rússia.

"Isso vai depender do futuro das relações entre os dois países. Ambos dependem mutuamente do outro para que o projeto dê certo. Será preciso um grande esforço para isolar isso dos demais problemas nas relações entre russos e americanos", diz ele.

Já Baker acredita que a EEI será tirada da órbita terrestre, já que a Rússia não poderá seguir operando a base sozinha por não ser sua única dona. "Quando chegarmos em 2020, serão mais de 20 anos desde que os primeiros componentes da EEI foram lançados", lembra.

Pace prevê que em meados de 2020 a China terá uma estação espacial em órbita e afirma que a Europa já está em negociação com o país asiático para ter alguns astronautas a bordo.

Iniciativas privadas podem roubar a cena
Para analistas, avanço do turismo espacial pode ser positivo para as agências governamentais.
Os especialistas consultados pela BBC acreditam no sucesso de missões lançadas por empresas particulares, como a Virgin Galactic, a SpaceX e a XCOR, mas reconhecem que será um privilégio para pouquíssimas pessoas.

"Será algo para os super-ricos, da mesma maneira que os primeiros voos de avião também foram feitos por super-ricos", lembra Monica Grady.

Para David Baker, a iniciativa poderia ser uma maneira de enviar cientistas para experimentos em voos sub-orbitais. "Quando as empresas privadas se consolidarem como algo independente dos governos, teremos resultados surpreendentes", diz.

Já Pace vê com cautela o avanço das companhias particulares. "A falta de planos do governo americano para além da EEI é algo perigoso para o setor comercial espacial emergente. Sem uma demanda governamental clara, é difícil ver como essas empresas poderão se manter sozinhas. Hoje em dia, a Nasa injeta nelas bilhões de dólares para que desenvolvam projetos que atendam à própria Nasa", explica.

O homem continuará a ser audacioso
Mesmo com advento de robôs, o homem continuará curioso em relação ao espaço.
Os avanços da robótica poderão abrir novos caminhos para que o homem continue explorando o espaço, na opinião dos especialistas. "A própria definição do que é ser humano envolve questões como: ‘Até onde podemos ir? O que podemos ver? O que podemos aprender e trazer de volta?’", indica Pace. "Em parceria com sistemas robóticos, devemos ir até onde pudermos."

Para Monica Grady, os robôs um dia serão capazes de fazer tudo o que os seres humanos fazem e, para fins científicos, não haverá necessidade de mandar pessoas para missões espaciais. "Mas continuamos curiosos por natureza, temos aspirações e inspirações. Por isso, acho que mesmo com robôs, as pessoas vão continuar querendo viajar para o espaço", afirma.

Já David Baker questiona se um modelo baseado na robótica será mesmo o futuro da exploração espacial. "Acho que ela continuará sendo guiada pelo mercado e por pessoas. Estamos assistindo a uma democratização do programa espacial", diz.
 Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Future.



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Via Láctea 'pode ser buraco de minhoca para viagens no tempo'

Via BBC Brasil -


Nossa galáxia pode ser, em teoria, um grande túnel semelhante a um buraco de minhoca (ou túnel de viagens no espaço e no tempo), possivelmente "estável e navegável" e, portanto, "um sistema de transporte galático". É o que sugere um artigo publicado no periódico Annals of Physics.

O estudo - que, ressaltam os cientistas, ainda é uma hipótese - é resultado de uma colaboração entre pesquisadores italianos, americanos e indianos.

Para chegar a essas conclusões, os estudiosos combinaram equações da teoria da relatividade geral, desenvolvida por Albert Einstein, com um mapa detalhado da distribuição de matéria escura (que representa a maior parte da matéria existente no Universo) na Via Láctea.

"Se unirmos o mapa da matéria escura na Via Láctea com o modelo mais recente do Big Bang para explicar o Universo e teorizarmos a existência de túneis de espaço-tempo, o que obtemos é (a teoria) de que nossa galáxia pode realmente conter um desses túneis e ele pode ser do mesmo tamanho da própria galáxia", disse Paolo Salucci, um dos autores do estudo e astrofísico da Escola Internacional de Estudos Avançados de Trieste (Sissa, na sigla em italiano).

"Poderíamos até viajar por esse túnel, já que, com base em cálculos, ele seria navegável. Assim como o visto recentemente no filme Interestelar."

Ainda que túneis desse tipo tenham ganhado popularidade recentemente com o filme de ficção científica, eles já chamam a atenção de astrofísicos há muito tempo, explica comunicado do Sissa.

Salucci afirmou não ser possível dizer com absoluta certeza que a Via Láctea é igual a um buraco de minhoca, "mas simplesmente que, segundo modelos teóricos, essa hipótese é possível".

O cientista explicou que, em teoria, seria possível comprovar essa hipótese fazendo uma comparação entre duas galáxias - aquela à qual pertencemos e outra parecida. "Mas ainda estamos muito longe de qualquer possibilidade real de fazer tal comparação." 

Matéria escura 

Estudos prévios já haviam demonstrado a possível existência desses buracos de minhoca em outras regiões galáticas. Segundo o estudo do Sissa, os resultados obtidos agora "são um importante complemento aos resultados prévios, confirmando a possível existência dos buracos de minhoca na maioria das galáxias espirais".

O estudo também reflete sobre a matéria escura, um dos grandes mistérios da astrofísica moderna. Essa matéria não pode ser vista diretamente com telescópios; tampouco emite ou absorve luz ou radiação eletromagnética em níveis significativos. Mas a misteriosa substância compõe 85% do universo. 

Salucci lembra que há tempos os cientistas tentam explicar a matéria escura por meio de hipóteses sobre a existência de uma partícula específica, o neutralino - o qual, porém, nunca foi identificado pelo CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, que pesquisa o Bóson de Higgs, a chamada "partícula de Deus") ou observado no Universo. Mas há teorias alternativas que não se baseiam nessa partícula.

"Talvez a matéria escura seja uma 'outra dimensão', talvez um grande sistema de transporte galático. Em todo o caso, realmente precisamos começar a nos perguntar o que ela é."


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Nasa já descobriu mais de mil planetas iguais à Terra, onde pode existir vida

Por Salvador Nogueira - Via Folha de SP -


Usando dados do telescópio espacial Kepler, da Nasa, astrônomos americanos anunciaram a descoberta de nada menos que oito novos planetas de pequeno porte localizados na chamada zona habitável de suas estrelas. Trata-se da região do espaço onde a incidência de radiação seria favorável à preservação de água em estado líquido na superfície. Essa é a posição que a Terra ocupa em nosso Sistema Solar, o que faz supor que pelo menos alguns desses novos planetas possam ser de fato amigáveis à vida.

O anúncio acaba de ser feito durante a reunião da Sociedade Astronômica Americana (AAS) e adensa a coleção de planetas descobertos pelo Kepler potencialmente similares à Terra. O resultado também marca um outro recorde para o satélite, que com as novas adições já ultrapassa a marca dos mil planetas encontrados. Não custa lembrar que o telescópio espacial fez essas descobertas todas apontado fixamente durante quatro anos para um cantinho do céu que equivale a míseros 0,25% do total da abóbada celeste, entre as constelações Cisne e Lira.

(Em uma nova fase desde o ano passado, por conta de um defeito em seus giroscópios, o Kepler foi rebatizado K2 e agora investiga diferentes regiões do céu ao longo das constelações do zodíaco. Aguarde, portanto, outras descobertas empolgantes para o futuro.)

Dos oito novos planetas, um deles, batizado Kepler-438b, tem tamanho apenas 12% maior que o da Terra. Em termos de porte, ele é tão parecido com o nosso mundo quanto o Kepler-186f, que, talvez você se lembre, inaugurou uma nova era na busca por exoplanetas no ano passado. Ele foi o primeiro planeta com dimensões similares às da Terra (seu diâmetro era apenas 11% maior) descoberto na zona habitável de outra estrela que não fosse o Sol.

UMA SUPERTERRA

A estrela-mãe do Kepler-438b é uma anã vermelha, astro menor e menos brilhante que o nosso Sol localizado a 470 anos-luz daqui. O planeta em questão completa uma volta em torno dela a cada 35 dias, e a radiação estelar que chega a ele é 40% maior do que a que banha a Terra. (Para efeito de comparação, Vênus, que virou um inferno escaldante por sua proximidade com o Sol, recebe o dobro da radiação incidente sobre nosso planeta.)

Nesse sentido, o planeta mais interessante da nova leva é o Kepler-442b, a 1.100 anos-luz de distância. Ele tem um diâmetro cerca de 30% maior que o da Terra, de forma que já entra numa classificação diferente, como uma “superterra”. Ainda assim, um estudo apresentado na reunião da AAS por Courtney Dressing, astrônoma do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, mostra que planetas até 50% maiores que a Terra tendem a ter uma composição de ferro e silicatos. Ou seja, são mundos rochosos, como o nosso, apesar do tamanho avantajado.

E o Kepler-442b em particular recebe de sua estrela-mãe, uma anã laranja um pouco menor do que o Sol, cerca de dois terços da radiação que a Terra ganha do Sol. Segundo os cálculos dos astrônomos liderados por Guillermo Torres, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, e por Douglas Caldwell, do Instituto SETI, com esse nível de radiação, ele tem 97% de chance de estar na zona habitável de sua estrela.

Só para comparar, o festejado Kepler-186f, do ano passado, recebe um terço da radiação solar que incide na Terra.

CANDIDATOS

Hoje os pesquisadores do satélite Kepler também apresentaram uma atualização dos resultados gerais obtidos pelo telescópio durante seus quatro anos de operação. Garimpando os dados, eles encontraram mais 554 candidatos a planeta, que vêm a se somar aos 4.183 candidatos da parcial anterior.

É uma medida importante do tamanho do sucesso da missão, apesar de sua interrupção abrupta pela falha com os giroscópios. Estima-se que cerca de 90% dos “candidatos” sejam planetas de fato, mas para verificar isso os cientistas precisam usar técnicas de análise que confirmem a descoberta.

O Kepler detecta planetas ao observar pequenas reduções no brilho das estrelas conforme um mundo orbitando ao seu redor passa à frente dela, com relação ao satélite. Medindo o tamanho da redução de brilho, o tempo de duração e a periodicidade, é possível estimar o tamanho e a órbita do planeta. Mas diversos fenômenos, como manchas estelares ou a presença de outra estrela próximo, podem gerar falsos positivos. Daí a necessidade de uma segunda análise caso a caso após a primeira peneirada dos “candidatos”.

No caso dos oito novos planetas na zona habitável, a equipe de Torres e Caldwell usou um programa de computador chamado Blender, que introduz diversos falsos positivos nos dados e procede com uma análise estatística sobre as detecções. Com isso, conseguiram determinar com confiança superior a 99% de que são realmente para valer.

 

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A Água-Viva que Guarda

a Chave para a Imortalidade


Por JASON  KOEBLER - Via Vice -




Revertendo seu processo de envelhecimento quando adoece ou se fere, a pequena água-viva japonesa Turritopsis dohrnii é o único animal conhecido que descobriu como derrotar a morte. O Motherboard visitou um pesquisador no Japão que está estudando o animal microscópico para descobrir se os humanos, um dia, poderão fazer o mesmo.



No mar, os animais são mesmo imortais, mas no laboratório eles são muito mais inconstantes – eles podem morrer se forem comidos, queimados ou retirados da água. Apesar dos desafios, Shin Kubota, do Laboratório Marinho Biológico de Seto da Universidade de Kyoto, conseguiu manter uma colônia viva. Ele se dedica completamente aos animais, trocando a água e os alimentando com pequeninos camarões. Ele até escreve músicas de karaokê sobre as águas-vivas, se apresentando com um chapéu de água-viva no final do expediente.



“De todos os animais no mundo, só elas são capazes de reverter o processo de envelhecimento em vez de morrer”, ele disse. “Não sabemos realmente qual seu tempo de vida. Elas podem viver para sempre.”



Quando se machucam, as águas-vivas passam três dias de volta ao estágio de pólipo, e eventualmente se tornam adultas de novo. Kubota diz que a água-viva, apesar de primitiva, compartilha mais dados genéticos com os humanos do que com seres vivos como insetos e minhocas, o que significa que, se ele ou outra pessoa conseguir descobrir como elas são capazes de reverter o processo de envelhecimento, a mesma teoria pode se aplicar aos humanos. (Outros pesquisadores são menos otimistas sobre essa perspectiva.)



“Espero que possamos estender nosso tempo de viva com a água-viva imortal”, ele disse. Mas por enquanto, ainda existem muitos mistérios, e o processo por trás da imortalidade delas é pouco compreendido.



“Eu achava que se as estudasse, poderia entender o mistério da vida na Terra”, ele disse. “Mas mesmo vivendo 10 mil ou 20 mil anos você pode não conseguir aprender tudo sobre elas, e 100 anos é tudo que eu tenho, infelizmente.” 

* Tradução: Marina Schnoor.

 

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Qual o nosso papel no universo?

Inspirado pelas noites limpas de inverno, que permitem visão especial do céu, em sua coluna de agosto o físico Adilson de Oliveira reflete sobre como o homem tenta descobrir e entender o mundo em que vivemos. 
 
Por Adilson de Oliveira - Via Ciência Hoje - 

No inverno normalmente temos céu limpo e com poucas nuvens. Em noites sem Lua, milhares de estrelas se destacam, proporcionando uma bela visão se estivermos em um lugar onde a poluição luminosa não atrapalhe a observação noturna.

Qualquer um que já parou para olhar a Lua, as estrelas e os planetas se indagou sobre como pode existir toda essa beleza tão distante de nós. Qual seria o nosso papel nesse espetáculo? Seríamos apenas espectadores ou protagonistas? Qual o nosso lugar no universo?

Desde épocas remotas procuramos entender o sentido de nossa existência, e tentativas de respostas foram muitas vezes buscadas no céu.

Desde épocas remotas procuramos entender o sentido de nossa existência, e tentativas de respostas foram muitas vezes buscadas no céu. Povos primitivos e antigos imaginaram que ele era povoado por deuses e seres fantásticos que poderiam decidir o sentido e o destino de suas vidas. Encontraram entre as estrelas formas para representar seus sonhos, lendas e temores.

Os gregos antigos, por exemplo, acreditavam que as estrelas das constelações eram apenas pontos luminosos fixos que formavam desenhos de seus mitos. Os planetas eram corpos errantes (pois se moviam em relação às estrelas) e representavam seus principais deuses. Nesse contexto, os seres humanos estavam no centro de tudo.

A sensação de estar no centro do universo não era sem razão. Todo o céu parecia se mover ao redor do homem e de forma bastante periódica. A esfera celeste, onde estavam as constelações, fazia um movimento lento e contínuo, apresentando a mesma configuração a cada 365 dias aproximadamente. 

Os planetas se moviam de forma diferente. Mercúrio, o que se movimenta mais rapidamente, voltava à mesma posição a cada 88 dias, enquanto Saturno, a cada 29,5 anos. Além disso, não se percebia nenhuma sensação de movimento da Terra. Ela parecia sólida é imóvel.

O modelo heliocêntrico

A chamada visão antropocêntrica (o homem no centro do universo) perdurou por milhares de anos. Mesmo após o enfraquecimento da cultura helênica, o conceito persistiu na Idade Média, tanto do ponto de vista filosófico quanto religioso. Afinal, se Deus criou todas as coisas, Ele colocaria sua maior criação, o homem, no centro do universo. Além disso, vários trechos das escrituras bíblicas, segundo a interpretação teológica da época, iam ao encontro dessa ideia. 

Alguns filósofos e astrônomos antigos contestaram o princípio de que a Terra estava no centro do universo. Aristarco de Samos, por exemplo, por volta do século 3 a.C., propôs que o Sol e não a Terra estaria no centro. Embora a ideia fosse muito interessante, não alcançou repercussão. Talvez o principal argumento contrário fosse a não percepção do movimento da Terra.

Só em 1543, quando o astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico publicou o livro De revolutionibus orbium coelestium (Das revoluções das esferas celestes), é que o modelo heliocêntrico (o Sol no centro do universo) ganhou novamente força. Com uma proposta ousada para época, Copérnico buscava uma descrição mais simples e precisa dos movimentos planetários. 
Desde a Antiguidade a compreensão do movimento dos planetas sempre foi um desafio, pois, diferentemente das estrelas, eles realizam trajetórias complexas, como laçadas, ou seja, em certos momentos passam a fazer um movimento retrógrado (voltando em relação à trajetória original). Para explicar isso, astrônomos antigos lançavam mão de mecanismos complexos, como os epiciclos. Ao colocar o Sol no centro, a previsão dos movimentos planetários se tornou mais simples e precisa.

A proposta de Copérnico também não foi aceita quando publicada, e seu livro logo entrou na lista de obras proibidas pela Inquisição. Mas suas ideias continuaram a ser defendidas e aperfeiçoadas por outros astrônomos e cientistas (ver as colunas A influência do olhar e O mensageiro das estrelas).

A expansão do universo

Com a constatação de que a Terra não estava no centro do sistema solar, nossa visão do universo começou a mudar profundamente. No começo do século 20, com as primeiras medidas precisas das distâncias de algumas nebulosas, constatou-se que de fato elas não eram nuvens de poeira e gás, mas aglomerados com centenas de bilhões de estrelas distantes de nós milhões de anos-luz. Com a percepção de que nossa galáxia, a Via Láctea, é apenas uma entre as centenas de bilhões que existem, novamente percebemos que não ocupamos um lugar privilegiado no universo.

Com a percepção de que nossa galáxia, a Via Láctea, é apenas uma entre as centenas de bilhões que existem, novamente percebemos que não ocupamos um lugar privilegiado no universo

Ainda na primeira metade do século 20 foi possível também descobrir que essas galáxias, além de muito distantes, também se afastavam de nós a velocidades gigantescas. O astrônomo estadunidense Edwin Hubble (1889-1953) conseguiu criar uma técnica que permitia medir a distância entre as galáxias a partir da variação do brilho de um tipo particular de estrelas, as Variáveis Cefeidas, e com base na análise do espectro de emissão da galáxia pôde estimar também as velocidades com que se afastavam de nós. Ou seja, Hubble descobriu a expansão do universo.

A ideia da expansão do universo levou, na segunda metade do século 20, ao desenvolvimento da teoria do Big Bang, segundo a qual o universo teria surgido há cerca de 13,7 bilhões de anos. Vários indícios desse evento foram coletados ao longo das últimas décadas, mas ainda não é consenso de que o Big Bang foi de fato o início de tudo, embora tenhamos fortes evidências disso.

Paralelamente, no final do século 20 e início do 21, constatou-se que as centenas de bilhões de estrelas que existem nas centenas de bilhões de galáxia representam apenas uma pequena parte de tudo o que existe no universo (algo em torno de 4%). O restante seria composto da chamada matéria e energia escura, que atua gravitacionalmente no universo, porém não é observada diretamente.

Além disso, com os avanços observacionais foram descobertos milhares de planetas extrassolares, compondo diferentes tipos de sistemas planetários. Devido às limitações das técnicas de observação, esses planetas são na maioria das vezes maiores que a Terra e estão muito próximos de suas estrelas, diferentemente do que acontece no sistema solar. Mas, nos próximos anos, com os novos telescópios e satélites de observação, deveremos encontrar mundos semelhantes ao nosso.

Há muito espaço lá fora

Diante desse quadro, qual será o nosso lugar no universo? Até onde sabemos, a Terra é o único lugar onde se desenvolveram formas de vida que tentam compreender o significado da sua própria existência e do universo, mesmo existindo como civilização há pouco mais de 10 mil anos. Isso, na escala da existência do universo, corresponde a apenas alguns segundos.

Talvez o surgimento de formas de vida como a nossa tenha sido um evento raro em um universo imenso como o conhecemos, pois são necessárias condições muito especiais para o seu aparecimento. Esse fato nos tornaria protagonistas importantes. 

O mais importante é que, ao longo de nossa história, desenvolvemos um modo particular de tentar entender nosso papel no grande teatro cósmico
Mas é possível haver milhares ou milhões de outros seres na imensidão do cosmo que, nesse momento, podem estar fazendo a mesma indagação. Afinal, há muito espaço lá fora.

O mais importante é que, ao longo de nossa história, desenvolvemos um modo particular de tentar entender nosso papel no grande teatro cósmico, seja por meio de nossas crenças e medos, seja pela investigação sistemática que a ciência propicia.

Somos apenas criaturas que tentam de alguma forma evoluir com seus erros e acertos. Mas também somos capazes de buscar respostas, que nunca serão definitivas, para nossas questões mais fundamentais. Para mim, esse talvez seja o nosso papel no universo.



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Vamos Precisar de Mais Três Planetas se Quisermos Manter a Humanidade Viva, Afirma Cientista da NASA

Via Vice -

Não é nenhum segredo que as mudanças climáticas desenfreadas e o crescimento populacional irão pressionar o planeta (e já estão pressionando). Porém, a situação está piorando tanto que um proeminente cientista da NASA afirma que precisamos começar a pensar em terraformar o planeta Marte e que, para que a humanidade sobreviva nos níveis atuais, vamos precisar de “pelo menos mais três planetas”.

“Todo o ecossistema está entrando em colapso”, afirmou Dennis Bushell, chefe do Langley Research Center, da NASA, na quinta-feira. “Em essência, há muitos de nós. Nós fomos muito bem-sucedidos como animais. Afirma-se que as pessoas já diminuíram de 40 a 50% do planeta. Conforme os asiáticos e seus bilhões são acrescentados aos nossos sistemas biológicos, vamos precisar de mais três planetas."

Bushnell discutia o lançamento do “State of the Future” (“Estado do Futuro”, em português), do Projeto Millennium, um relatório anual que considera os desafios globais e discute a maneira como eles podem ser resolvidos. O cientista afirma que o planeta Marte é um bom começo, mas que logo vamos precisar de mais espaço para sobreviver.

“Se a NASA terraformar o planeta Marte, o processo vai levar cerca de 120 anos, e é somente um planeta”, ele disse. “Precisaremos de mais em um curto espaço de tempo.”

Não é a primeira vez que alguém sugere a necessidade de que os humanos colonizem outros planetas, mas em geral, tais ideias são propostas de forma a garantir a sobrevivência dos humanos em situações críticas, como a colisão cataclísmica de um asteroide ou no caso de uma guerra nuclear. Em 2012, o World Wildlife Fund também lançou a proposta dos três planetas, afirmando que estamos utilizando mais de 50% dos recursos que a Terra pode suportar e que, até 2050, precisaremos de mais três planetas para sustentar essa taxa.

Bushnell não informou para quando ele imagina que os três planetas serão necessários, ou quais serão esses planetas – Marte é um bom início, mas, além dele, o Sistema Solar é bastante improdutivo tanto quanto planetas terraformáveis.

O ponto está em não ser alarmista ou cínico, afirma Jerome Glenn, CEO do Projeto Millennium. Mas sim, em identificar os desafios que nosso planeta enfrenta e buscar um jeito de superá-los. “Ninguém tem o direito de ser pessimista. Devemos descobrir o que for mais inteligente para que nossa espécie sobreviva”, ele me disse. “Se você pensa que os problemas não vão melhorar em nada, então por que tentar? E se você acha que não há problemas, então por que querer mudar alguma coisa?”

Em todo caso, Bushnell não sugere que abandonemos a Terra em definitivo – ele afirma que precisamos parar de consumir da forma como consumimos. E ele tem uma solução em mente: a exploração de água salgada.

As halófitas, uma classe de plantas que cresce bem em água salgada, poderia ser usada como matéria-prima em potencial para criar biocombustível, por meio dessas plantas que crescem no meio do oceano (ou, ao menos, com o uso de água salgada para irrigar as plantas em partes improdutivas em termos agriculturais ao redor do mundo). Os cientistas estão trabalhando nessa possibilidade e um projeto do MIT sugere que alguns programas piloto iniciados na Índia, Paquistão, Laos, Argélia e outros países pobres poderiam ser postos em prática em algum momento deste ano. Mas, até o momento, não houve muito progresso. Bushnell afirma que isso resolveria muitos de nossos problemas.

“Se você cultiva halófitas em terras devastadas usando água do mar, em 10 ou 15 anos teremos combustível que custará US$ 50 o barril. Isso é metade do que o petróleo custa hoje em dia”, disse ele. “Com isso, você poderia resolver problemas relacionados à terra, alimentação, energia e clima. Tudo está interligado.”

Se não fizermos isso, então será o momento de começarmos a pensar em comprar terrenos em Marte. 




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O ESTRESSE NAS PROFISSÕES.
ADVOGADOS LIDERAM  O RANKING
Via site Health -


O site Health entrevistou integrantes de dez diferentes profissões e definiu os advogados como "pessoas que possuem índices mais elevados de estresse e depressão do que o restante da população". Um questionário descobriu que apenas quatro entre dez advogados recomendariam a carreira para outros. Os 60% que estão totalmente insatisfeitos são empregados de grandes corporações advocatícias no mundo inteiro e deploram que "o serviço é cobrado por hora, o que causa os dias de trabalho a serem longos e tumultuados".
O Health diz que "os advogados jovens que não se sujeitam a esse tipo inicial de carreira não têm muita autonomia, enfrentando extremas dificuldades de conseguir empregos".
No topo da pirâmide das três piores profissões estão: bombeiros e policiais (contados juntos); profissionais de escritórios; e operadores de objetos pesados e maquinários.
Mais detalhes
O saite Health reuniu profissões de cada tipo, alertando que "quando uma empresa investe no bem-estar dos funcionários, qualquer emprego pode ser positivo para a saúde.
1. Bombeiros/Policiais - Ambas as profissões possuem altos índices de ferimentos, doenças e fatalidades relacionadas ao próprio trabalho. “Mais bombeiros morrem de ataques cardíacos no trabalho do que ao entrar em um prédio pegando fogo. É imprevisível, ter que ir do 0 ao 100 em um curto espaço de tempo; você deve ficar alerta a todo momento” - observa o trabalho
2. Profissões de escritório - Muito provavelmente não enfrentam os perigos que um policial enfrentaria, mas evidências crescentes sugerem que o sedentarismo, o estilo de vida dentro dos escritórios, está entre os dez motivos que causam danos à saúde a longo prazo. Sentar o dia inteiro está relacionado com dores nas costas, lesões repetitivas por estresse, obesidade, aumento do risco de doenças cardíacas e uma longevidade encurtada – mesmo para as pessoas que arranjam tempo para se exercitar antes ou depois do trabalho. E o que você pode fazer? Faça intervalos durante o dia, levante-se, ande um pouco ao ar livre e respire fundo!
3. Trabalhos manuais - Profissões que lidam com objetos pesados e maquinários são arriscadas. O saite Health cadastrou 65.040 casos de acidentes e doenças entre os trabalhadores de estoque que movimentam materiais, um número maior do que em qualquer outra profissão. “Algumas das profissões mais tradicionalmente conhecidas como de alto risco – agricultores, pescadores, mineiros, fazendeiros – continuem sendo considerados como tal, mas agora atingem apenas pequenas porções da população" - resume o trabalho. Outra profissão manual que está no topo da lista de acidentes e doenças do Bureau of Labor Statistics são os lixeiros e garis. A pior ocupação, de acordo com o Piores Trabalhos de 2012, foram os lenhadores.














4. Advogados - Eles possuem índices mais elevados de estresse e depressão do que o restante da população. Um questionário descobriu que apenas quatro entre dez advogados recomendariam a carreira para outros.
5.Médicos/Enfermeiros/Folguistas - Ironicamente, os responsáveis por manterem o resto do mundo saudável nem sempre estão em condições de cuidarem de si próprios. Folguistas – como enfermeiros e médicos – enfrentam privação de sono, elevação dos hormônios de estresse e um aumento do risco de diabetes, doenças cardíacas e síndrome do intestino irritável. Estudo publicado no Journal of Nursing Administration revela que 55% dos enfermeiros entrevistados eram obesos. Aqueles que trabalham longas horas e não precisam realizar atividades físicas estão no grupo de risco.
6. Empregados de varejo - Quando o assunto é benefícios como planos de saúde, são os empregados com baixa remuneração que ficam de fora. “Mesmo se o plano for oferecido para compra, muito dos empregados não poderão pagar e escolherem ficar sem ele" - observa o estudo. Esses empregos – incluindo caixas de mercado, vendedores e garçons – também são insatisfatórios para os funcionários e de baixa remuneração, além de ser fisicamente estressante. Mulheres que trabalham com restaurantes têm maior chance de ficarem depressivas do que aquelas que estão em outras carreiras.
7. Motoristas - De acordo com o Bureau of Labor Statistics, dos EUA, motoristas de ônibus tinham os maiores índices de acidentes e doenças entre todas as outras ocupações observadas em 2012. Motoristas de caminhão e entregadores ficaram logo atrás. Sendo o veículo táxi, caminhão ou ônibus, todo motorista encara longas horas atrás do volante, respira fumaça dos exaustores de outros carros e come muito fast food. Entre quem trabalha com transporte, dormir no trabalho é comum pela privação de sono ou horários noturnos de trabalho. Com isso, os acidentes com veículos é uma das causas predominantes de fatalidades no ambiente de trabalho dos Estados Unidos.

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TEORIA DE FREUD É RESPALDADA POR ESCÂNERES CEREBRAIS

Via Bloomberg -
Cientistas da King’s College e da Universidade de Melbourne dão razão ao psicanalista ao apontar lembranças reprimidas como causa da histeria.
Sigmund Freud talvez tenha tido razão ao apontar 

lembranças reprimidas como causa da histeria.
Cientistas da King’s College, em Londres, e da Universidade de Melbourne descobriram, utilizando escâneres cerebrais, que o estresse psicológico pode ser o responsável por sintomas físicos sem explicação, como paralisias e convulsões.
Os pacientes apresentaram diferenças na atividade cerebral quando tiveram lembranças traumáticas comparados com voluntários saudáveis em um estudo publicado na edição da revista JAMA Psychiatry do mês passado. Além de apoiar a teoria de Freud e ajudar a explicar uma das reclamações mais comuns ouvidas pelos neurologistas, a pesquisa poderia criar novas abordagens de tratamento para os pacientes cujos sintomas costumavam ser menosprezados pelos doutores no passado.
“Trata-se do primeiro artigo de que eu sou ciente que realmente mostra que eventos traumáticos prévios definitivamente podem desencadear esse tipo de resposta motora”, disse John Speed, professor de medicina e reabilitação física na Universidade de Utah em Salt Lake City, que não esteve envolvido na pesquisa. “Isso é muito estimulante”.
A pesquisa é uma das mais recentes que demonstram como dispositivos de escâner cerebral feitos por companhias como a Siemens AG, a General Electric Co. e a Royal Philips NV estão sendo usados para ajudar a desvendar sintomas neuropsiquiátricos que costumavam desconcertar os médicos.
Os cientistas utilizaram imagens de ressonâncias magnéticas (fMRI) para acompanhar mudanças no fluxo sanguíneo para áreas específicas do cérebro enquanto se perguntava aos participantes sobre seu passado, o que produziu vistas anatômicas e funcionais dos seus cérebros.
As lembranças reprimidas foram um princípio das teorias psicológicas de Freud sobre a natureza dos processos mentais inconscientes. O neurologista austríaco, que ficou conhecido como o pai da psicanálise, usou o termo repressão para descrever a forma em que eventos emocionalmente dolorosos podiam ser bloqueados fora da consciência. Este mecanismo de autoproteção, postulou Freud, podia criar sintomas psicossomáticos rotulados “histeria” na época, em um processo atualmente conhecido como conversão.
CONHEÇA MELHOR SIGMUND FREUD
Médico neurologista e fundador da psicanálise, Freud apresentou ao mundo oinconsciente e explorou a mente humana. Sigmund Freud ficou conhecido como um dos maiores pensadores do século XX e o pai de muitas das teorias psicanalistas aplicadas atualmente. Freud explorou a psique, desenvolveu uma teoria de personalidade, estudou histeria, neuroses e sonhos, entre tantos trabalhos.  

Biografia de Sigmund Freud: sua vida

Sigmund Freud nasceu em 1856 na pequena cidade de Freiberg, na Morávia, então parte do Império Austro-Húngaro (atualmente é a República Checa). Seu pai, Jacob, era um modesto comerciante e sua mãe, Amália, era a terceira esposa de Jacob. Freud nasceu de uma família judaica e foi o primogênito de sete irmãos.

Aos três anos de idade, a família Freud se mudou para Viena, devido ao aumento do antissemitismo na Morávia. A cidade de Viena proporcionava aos judeus boas perspectivas econômicas, participação política e aceitação social.

Desde pequeno Freud era brilhante nos estudos e primeiro da classe.  Devido à sua performance acadêmica e uma preferência de sua mãe, Freud teve o privilégio de ter um quarto só para si, onde pode estudar em paz.


Em 1873, aos 17 anos, Freud ingressou na faculdade de Medicina da Universidade de Viena. Nos anos de faculdade trabalhou em um laboratório de neurofisiologia, até sua formatura, em 1881.

Em 1882, Freud conheceu e se apaixonou por Martha Bernays. Ficaram noivos secretamente até terem dinheiro suficiente para se casarem, o que veio a ocorrer quatro anos depois, em 1886, quando Freud já possuía um consultório particular. Tiveram seis filhos. A mais nova, Ana, confidente, secretária, enfermeira, discípula e porta-voz do pai, também se tornou uma eminente psicanalista.

Antes de se casarem, Freud trabalhou durante seis meses em Paris com o neurologista francês Jean-Martin Charcot. Com este, observou o uso da hipnose no tratamento da histeria e viu estimulado seu interesse para os distúrbios mentais. Nos anos seguintes tornou-se especialista em doenças nervosas e fundamentou a teoria psicanalítica da mente.

Freud obteve um grupo de admiradores e seguidores que se reuniam com ele semanalmente. Entre eles se encontravam Alfred Adler e Carl Jung, famosos psicanalistas que acabaram se desligando de Freud para desenvolver suas próprias linhas. O desligamento de Jung foi muito doloroso para Freud. Eram bons amigos e Freud via em Jung a pessoa que iria continuar a transmitir seu trabalho.

A primeira Guerra Mundial teve um grande impacto em Freud e no movimento psicanalítico. O fim da guerra trouxe grandes modificações político-geográficas e os tratados foram particularmente severos com os países vencidos. Viena sofria de fome, frio e desespero. Voltaram as epidemias mortais, como tuberculose e gripe. Em 1920, Freud perdeu sua segunda filha, Sophie, vitima de uma epidemia. Afetado pela guerra e pela morte de sua filha, Freud escreveu "Além do Princípio do Prazer", onde ele reconheceu o instinto da morte.

Em 1923, Freud passou pela primeira de uma série de cirurgias para extrair um tumor no palato. A partir desse momento Freud passou a ter dificuldades para falar, sentia dores horríveis e desconforto.

Em 1930 publicou "Civilização e seus Descontentamentos", lançando um olhar pessimista e desiludido sobre a civilização moderna à beira da catástrofe.

Com a ascensão de Hitler, Freud, já velho e cansado, não desejava sair de Viena. Em 1938, quando os Nazistas entraram em Viena, Freud, sendo judeu, não teve escolha, a não ser emigrar. Freud foi com sua família para Londres, onde passou o final de sua vida.

Biografia de Sigmund Freud: suas teorias

No esforço de compreender melhor seus pacientes, Freud iniciou um difícil processo de autoanálise. Freud trabalhou com introspecção e interpretação de seus próprios sonhos. Em 1896, Freud utilizou pela primeira vez o termo psicanálise.

Freud acreditava que histeria era uma forma de manifestação da neurose, na qual emoções reprimidas levariam aos sintomas da histeria. Estes sintomas poderiam desaparecer se o paciente conseguisse expressar as emoções reprimidas que lhe impediam de lidar com uma vida normal. Com isso, Freud trabalhou no desenvolvimento de formas que atingissem essas emoções reprimidas.

Freud desenvolveu a livre associação; uma técnica psicanalítica onde o paciente fala tudo que lhe vem à mente e ao falar surge sentimentos e memórias reprimidas. A livre associação é considerada uma das formas de se penetrar no inconsciente, podendo assim trabalhar pela terapia em cima dessas experiências e entender a causa da neurose.

Freud acreditava que a outra forma de penetrar no inconsciente seria através dos sonhos. Em 1899, Freud publicou "A interpretação dos Sonhos". Freud acreditava que os sonhos eram uma manifestação de nossos desejos e trabalhando com eles se podia chegar às memórias e sentimentos profundamente reprimidos.

Segundo Freud, outra manifestação de desejos reprimidos surge através de lapsos de língua e esquecimentos. Freud publicou essa teoria no livro "Psicopatologia da Vida Cotidiana". Nos procedimentos mentais ele não admitia a existência de meros acidentes: o pensamento aparentemente mais sem sentido, o lapso mais casual, o sonho mais fantástico possuem um significado que pode servir para desvendar os segredos da mente.

Freud explorou o conceito de que existe um conflito dentro das pessoas. O conflito seria de um instinto animal,  que não seria aceito pela sociedade, causando então uma resistência da pessoa ao instinto. A pessoa reprime o instinto para o inconsciente e procura substituí-lo por outros métodos de compensação. Em sua teoria, Freud identifica vários métodos de compensação.

Em 1905 Freud publicou os "Três Ensaios sobre a Sexualidade". Freud afirmava a importância do impulso sexual, ou libido, vivido nos primeiros quatro ou cinco anos de vida.

Em 1923, quase com setenta anos, em seu estudo clássico "O Ego e o Id", completou a revisão de suas teorias. Formulou um modelo estrutural da mente como constituída de três partes distintas, mas que interagem entre si. Essas partes são o id, o ego e o superego. O id é o inconsciente, o superego é o consciente e o ego é o mediador entre o id e o superego. Essa é considerada a teoria de Freud da personalidade humana.