20.6.19

REVELAÇÕES COMO “EM FUX PODEMOS CONFIAR” E INVESTIGAR FHC “MELINDRA ALGUÉM CUJO APOIO É IMPORTANTE” INDICAM QUE HÁ ALGO DE PODRE NA CASA GRANDE

ANDRÉ MOREAU -


A sessão da Comissão de Constituição e Justiça (19), sobre os diálogos entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador chefe da operação Lava Jato, Deltan Dellagnol, se configurou em uma tentativa do ministro da Justiça colocar “panos quentes” sobre sua conduta no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Moro que se dispôs a ir ao Senado, antes da instalação de uma Comissão Parlamentar de Investigação (CPI), não admitiu erros na condução dos processos de Curitiba, ao contrário do que o jornalista Glenn Greenwald, vem demonstrando em suas reportagens.

Moro falou que o site (The Intercept Brasil) é aliado a “hackeres” criminosos

Moro que num primeiro momento reconheceu o conteúdo dos diálogos, na sessão da CCJ do Senado disse que há “(...) um grupo criminoso organizado por trás desses ataques (...) Quem faz essas operações de contra-informação não é um adolescente com espinhas na cara e sim um grupo estruturado”. Até às 15 horas, o ministro da Justiça havia citado dez vezes o artigo do professor estadunidense de Harvard Matthew Stephenson intitulado “Incrível escândalo que encolheu” como se algum senador estivesse apoiando “um grupo criminoso” formado por “hackeres” contra qualquer tipo de investigação. Moro, saiu sem admitir o essencial: os interesses por trás da transgressão da eqüidistância necessária entre procuradores e o então juiz.

Diante das ofensas contra o jornalista Glenn Greenwald, cumpre destacar que Greenwald é um destacado profissional que zela pelo bom jornalismo e produz reportagens de qualidade como quem cuida de um bebê recém nascido. Greenwald ganhou o Politzer e ao que tudo indica seguirá elaborando as suas reportagens sobre a guerra psicológica ocorrida no Brasil que antecedeu o golpe de Estado, mesmo correndo riscos na elaboração da série intitulada “As mensagens secretas da Lava Jato” no The Intercept Brasil.

O ordenamento dos diálogos foi calculado levando em conta a lógica dos “trinta por cento na manga” ou seja, a reserva de fatos com poder de impacto semelhante aos já divulgados, para sua proteção de ataques alienígenas. Greenwald avisou aos que foram alçadas ao poder na onda da extrema-direita que qualquer intimidação feita contra ele ou aos membros da sua família, será divulgada imediatamente.

Os capitães do mato dos meios conservadores na tocaia

Entre quarenta parlamentares que participaram da CCJ, o tempo reservado às perguntas foi limitado por discursos dos que lá compareceram em busca de audiência nos meios de comunicação conservadores.

Os questionamentos sobre a credibilidade da fonte de Greenwald, além de desviar o foca do essencial, vem sendo usados na tentativa de reaquecer a narrativa de justiçamento com base na “Doutrina de Choques” de Milton Friedman. É importante lembrar que estamos acompanhando o surgimento de outra guerra psicológica objetivando manter o Estados conquistado, a serviço dos rentistas mais ricos do mundo.

Glenn Greenwald revelou ao mundo que “o alvo tucano” Fernando Henrique Cardoso foi preservado pelo então juiz Sérgio Moro porque: “melindra alguém cujo apoio é importante” de acordo com a “Parte 7” da série intitulada “As mensagens secretas da Lava Jato” publicada no The Intercept Brasil (19). “O diálogo ocorreu em 13 de abril de 2017, um dia depois do Jornal Nacional ter veiculado uma reportagem a respeito de suspeitas contra o tucano”.

A reportagem descreve detalhes sobre os cuidados com FHC

“Naquele dia, Moro chamou Deltan Dallagnol em um chat privado no Telegram para falar sobre o assunto. O juiz dos processos da Lava Jato em Curitiba queria saber se as suspeitas contra o ex-presidente eram “sérias”. O procurador respondeu acreditar que a força-tarefa – por meio de seu braço em Brasília – propositalmente não considerou a prescrição do caso de FHC e o enviou ao Ministério Público Federal de São Paulo, segundo ele, “talvez para [o MPF] passar recado de imparcialidade”.

À época, a Lava Jato vinha sofrendo uma série de ataques, sobretudo de petistas e outros grupos de esquerda, que a acusavam de ser seletiva e de poupar políticos do PSDB. As discussões haviam sido inflamadas meses antes, quando o então juiz Moro aparecera sorrindo em um evento público ao lado de Aécio Neves e Michel Temer, apesar das acusações pendentes de corrupção contra ambos”.

Os diálogos registrados no site The Intercept Brasil, ganharam as manchetes dos principais jornais do mundo e continuarão ganhando repercussão. É importante que todo cidadão interessado na preservação de um estado democrático de direito, tome conhecimento do assunto.

*André Moreau, é jornalista, diretor do IDEA – Unitevê (UFF) e Coordenador da Chapa Villa-Lobos na Associação Brasileira de Imprensa, impedida de concorrer nas eleições de 2016-2019.