8.10.17

EM TEMPOS DE PÓS VERDADE, BRASIL SE CURVA AO MINISTÉRIO DA VERDADE

Por ANDRÉ MOREAU -


Os editores do JN receberam ordens divinas do Ministério da Verdade (MV) ou como preferia o então Governador Leonel de Moura Brizola, dos chefes do “partido político dos Marinho”, para acirrar a narrativa golpista, agora separando o que eles consideram como joio e como trigo, rumo a implantação do parlamentarismo a ser chancelado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ou, caso haja necessidade, pelas Forças Armadas do Brasil.

Com base nessa nova variação da narrativa, os “informantes não oficiais” receberam o General Mourão que em meio a aplausos, reclamou do que considerou ser falta de harmonia dos três poderes, ao estilo consagrado junto as Organizações Globo, “manda quem pode obedece quem tem juízo”, depois do General Mourão ter dito que não descarta a possibilidade das Forças Armadas, passarem a controlar de fato os rumos do país. Agora o templo do MV foi agraciado com a presença da Presidenta do STF Carmem Lúcia que, após noticiário sobre o interno Joesley Batista que de ilustre fonte no jogo de delações vazadas ao O Globo, foi transformado em Judas, de acordo com a narrativa discricionária. É importante fixar a mudança de direção da narrativa que agora passa a tratar o empresário freqüentador da casa grande, como açougueiro, saído da senzala que bêbado, evoca reminiscências de encontros fortuitos com senhoras disponíveis. Joesley, agora que sua origem lhe nega o perdão, não passa de um ser desbocado, mentiroso que servirá aos ajustes finais, para manter no poder os “impolutos” senhores da casa grande, antes das eleições e ou, do aprofundamento do golpe, caso haja concorrência.

Sobre o Santo Senador (SS), Aécio Neves, a preocupação dos editores do MV, é grande. Afinal trata-se do neto de um velho oligarca, por isso o castigado não deve ser mais pesado do que manter SS, longe das baladas noturnas.

O desvio de foco, ganhou força com ilustre presença da “Presidenta” do STF, em evento promovido pelos Marinho que ressaltou a decisão do pleno do STF que avaliará o fato de ter ou não poderes para castigar SS.

Na sessão internacional, não por acaso exibida antes da nacional, segundo os editores do JN, o Governo da República Bolivariana da Venezuela, corta o fornecimento de energia de Roraima quando deseja ou seja, por mera perversidade do Presidente Nicolás Maduro. A estratégia de satanização, remonta ao departamento de propaganda e cinema do IPES, comandado por Irineu Marinho e Jean Manzon. 

Ao tratar do que consideraram ser uma “desordem (...) inconstitucional” promovida na Catalunya contra a Espanha, foi esquecido lembrar, até mesmo como uma forma de homenagem à “Presidenta” Carmem Lúcia que o único direito indiscutível é a liberdade de autodeterminação do cidadão.

Por isso é importante questionarmos os motivos que levam um Estado a ser tratado como uma entidade divina, quando viola o direito natural. O direito natural só é violado em estados de exceção, porque prevê a ideia universal de justiça, da busca da felicidade que deveria ser respeitada independentemente do ordenamento jurídico interno, dos estados.

A autodeterminação perseguida por cidadãos, é um dos mecanismos do direito natural, pensado para garantir o bem estar de povos ameaçados por entidades que se auto proclamam protetoras dos direitos individuais, quando fazem justamente o contrário.

O que é “Legal” em regimes totalitários, é construído de acordo com interesses que beneficiam quem está no poder ou, por trás dele. Por isso as constituições avançadas como a da República Bolivariana da Venezuela e da Catalunya, asseguraram direitos invioláveis com base no direito natural, prevendo a autodeterminação dos povos.

Totalitarismos como o Nazismo se fundaram como guardiões dos direitos individuais, seqüestrando o direito natural, como um Estado divino com poderes absolutos.

O pressuposto divino defendido pelas Organizações Globo colocando o reinado de Felipe VI, como uma entidade intocável, apesar de ter ordenado através de Rajoy que a Polícia Nacional e a Guarda, praticassem ações criminosas contra cidadãos livres da Catalunya, assemelha-se ao direito Legal do nazismo de matar judeus, ciganos e pessoas com deficiência, no entanto não podemos admitir que seja Legítimo.

Como entender o ataque contra cidadãos que resolvem cantar o hino da Catalunya, na língua nativa?

Como defender como indivisível, um Estado que não responde as tentativas de diálogo?

Qual a divindade que pode determinar que um determinado povo, não pode dizer não à dependência de um Estado que viola os seus direitos?

Por que os editores das Organizações Globo passaram a defender a Espanha como um estado divino, teocrático, indivisível?

Para o beneficio de alguns carreiristas de centro esquerda, o referendo pode ser considerado ilegal com base em setores do judiciário que servem a Rajoy e ao rei Felipe VI, mas é inegável que a autodeterminação é um direito natural legítimo, porque se trata de um desejo do cidadão que vê o reinado ajoelhado diante do “Deus mercado”.

* Via e-mail / André Moreau, é Coordenador-Geral da Pastoral IDEA, Professor, Jornalista, Diretor do IDEA, Canal Universitário de Niterói, Unitevê, Universidade Federal Fluminense (UFF).