24.2.19

A TRAIÇÃO CONTRA O GOVERNO DEMOCRÁTICO DA REPÚBLICA BOLIVARIANA DA VENEZUELA

ANDRÉ MOREAU -


A farsa tem por base o conto de Cinderela, mas no lugar da desafortunada moça, fala de uma jornalista recém formada, uma jovem que ninguém sabe ao certo como, nem onde perdeu o pai doente, por falta de medicamentos, no lugar do sapatinho de vidro. O que há de concreto, é que ela vive viajando de um lado para o outro com o candidato a rei que atende pelo nome Juan Guaidó, alçado à condição de príncipe dos "guarimbeiros" na Assembléia Nacional sem poderes legais, que se auto proclamou imperador da Venezuela.

A narrativa carrega outro elemento insólito que se tivesse trajes requintados poderia lembrar a madrasta da Cinderela: a "cortina de fumaça" denominada "ajuda humanitária," planejada, ao que tudo indica, pelo marqueteiro Jaime Durán Barba, considerado o criador do presidente argentino Mauricio Macri, a serviço de Washington. "Ajuda humanitária" que não conta com o apoio da Cruz Vermelha Internacional, nem das agências da Organização das Nações Unidas, já que é considerada uma ação política e, nesse caso, pode funcionar como alavanca para desencadear o plano de invadir a região. O quadro é agravado pelo "olho grande" da Inglaterra no "botin," a primeira a enviar um submarino para as costas da Venezuela, visando dar cobertura às manobras militares estadunidenses.

Apesar dos sentimentaloides contornos, a narrativa é perturbadora, já que ao contrário das maldades contidas no conto de Cinderela, vem sendo forjada com base em brutais satanizações que preveem a consumação de um crime de lesa humanidade: um golpe de Estado. Ação decorrente dos boicotes econômicos contra o Governo da República Bolivariana da Venezuela que antecede a tentativa de denegrir a imagem do presidente Nicolás Maduro com a imposição da "ajuda humanitária".

Por que os âncoras, correspondentes e especialistas dos meios de Comunicação conservadores, não tratam das causas, dos responsáveis pela crise econômica na Venezuela?

Porque ao esclarecer tais motivos do desabastecimento, teriam que incluir o nome de fornecedores de alimentos e medicamentos, políticos da região e empresários estrangeiros, responsáveis pela sistemática guerra econômica. Todos opositores de Maduro que operaram os boicotes com apoio dos EUA, visando induzir a crise. E porque se isso fosse feito, colocaria por terra o plano do Comando Sul dos Estados Unidos da América, de derrubar Maduro e liquidar a Revolução Bolivariana, como vem fazendo contra todos os governos democráticos da América Latina.

A história será implacável com quem ataca o governo democrático da Venezuela

Cumpre destacar que do lado brasileiro, os mais empenhados na distribuição dos alimentos e medicamentos pagos com dinheiro dos EUA, são o presidente Jair Bolsonaro que pregou a deposição do presidente Nicolás Maduro, em sua campanha, além das famílias que comandam o consórcio dos meios de Comunicação, as maiores fazendas e laboratórios do agronegócio, mas dessa vez, articulados com concessionários dos meios de Comunicação estrangeiros que da mesma forma, não param de disparar mentiras contra a Venezuela. Na editoria dos audiovisuais, de preparação da invasão (22), o Jornal Nacional dedicou cerca de vinte minutos a incitações contra Maduro e a Revolução Bolivariana, tendo chegado a atribuir a autoria de uma declaração falsa ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, através da qual o militar ameaçava o governo da Venezuela: "Caso haja qualquer agressão à soberania do pais, iremos reagir baseados em preceitos constitucionais".

Ainda por trás da "ajuda humanitária," nos meios de Comunicação de massas conservadores pouco se fala da intromissão da "força tarefa" de extrema direita denominada "Grupo de Lima" que vem ocupando o cenário político como uma versão sofisticada do plano Condor como bem lembrou o economista e jornalista, ex-presidente do Equador, Rafael Correa. Cabe destacar a participação da Colômbia, onde foram instaladas sete bases militares dos EUA; do Chile cujo o presidente multimilionário, Miguel Juan Sebastián Piñera Echenique se empenhou de corpo e alma na citada ação contra a Venezuela; o Equador que em meio as conspirações do presidente Lenin Moreno, além de perseguir o ex-presidente Rafael Correa, vem levando o país à bancarrota, tendo passado a contrair empréstimos junto ao FMI; do Paraguai presidido pelo seguidor do ditador Alfredo Stroessner Matiauda, Mario Abdo Benitez e; do marqueteiro equatoriano Jaime Durán Barba, responsável pela criação da imagem de Juan Guaidó.

O papel de abutre é semelhante ao imposto na Síria, na tentativa de derrubar o presidente Bashar al-Assad, por parte dos governos da Espanha, da Itália e da França, todos países em graves crises econômicas decorrentes do financiamento de golpes de Estado e guerras promovidas por mercenários no Oriente Médio.

Essa será a primeira passagem internacional histórica do governo Bolsonaro: carregar a irresponsabilidade diplomática, sem assinar como ocorreu no plano Condor o título de traidor do Povo da Venezuela. Assim o governo Bolsonaro passará a figurar na História da América Latina, ao lado dos colonizadores da Espanha, Portugal, Inglaterra e Estados Unidos da América, por ter apoiado o príncipe dos "guarimbeiros" Juan Guaidó, usando militares como força tarefa dos EUA no armazenamento e entrega na fronteira com a Venezuela (23), de parte da "ajuda humanitária," alimentos e medicamentos carregados por caminhões que figuram como "Cavalo de Tróia" na tentativa de por fim a todo estado de bem estar social dos povos da América Latina.

Quanto a doutrina de repetir mentiras mil vezes até que se transformem em verdades, no detalhe da tentativa de atribuir a falsa informação ao General Heleno, funcionou em parte. Isso porque só foi desmentida no final do JN, pelo apresentador Wlliam Bonner, quando já não havia como ter destaque, com tempo menor e fora do contexto abordado neste artigo.

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André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de Imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI nas eleições de 2016-2019 jornalabi.blogspot.com