25.5.18

GREVE DOS CAMINHONEIROS É USADA PARA CRIAR CORTINA DE FUMAÇA E APROFUNDAR A “DITADURA BRANDA¹”

ANDRÉ MOREAU -


A narrativa de choques acirrada a partir de 2013, que arrastou o Brasil para o atual estágio de terra arrasada, promovida pelo consórcio dos meios de comunicação, por agentes do judiciário e do Congresso Nacional, volta a se desdobrar no campo social, agora visando insuflar a cortina de fumaça da intervenção das forças armadas contra a greve dos caminhoneiros e, seguindo essa linha de raciocínio, aprofundar o desmonte neoliberal.

Os cúmplices da mudança do sistema de governo imposto após o impeachment, sem mérito, da Presidenta Dilma Rousseff, operam conscientes ou por chantagens essa fase de aprofundamento da guerra de classes, marcada pela prisão do ex-Presidente Lula, com base em convicções.

O protagonista da narrativa nessa fase da “ditadura branda¹” pode caracterizar a inoperância do legislativo, na tentativa de justificar o cancelamento das eleições de 7 de outubro e impedir que Lula concorra, é figura carimbada no álbum da imprensa, dos agentes de segurança pública e do judiciário. Trata-se do neoliberal, Pedro Parente, encarregado do desmonte da Petrobrás.

No quadro de choques que lembra a máxima: “Incêndio não se apaga com gasolina²”, o ilegítimo Michel Temer, não por acaso, anunciou a desistência de se candidatar à presidência (23) com ar blasé, aparentemente confiante de que continuará no poder ou ocupará algum cargo que lhe garanta fórum privilegiado em 2019. Em seguida viajou para Porto Real - Rio de Janeiro, onde participou da solenidade de entrega de viaturas ao Conselho Titular (24).

Enquanto a fogueira política induzida pelo preço do petróleo atrelado ao dólar se alastra pelo país, com o aumento de 60%, em um ano, o Presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira, demonstra o grau de preocupação com a crise anunciada, ao tomar o avião da Força Aérea Brasileira e viajar para o Ceará (24), sua terra natal, retornando horas depois a Brasília.

Foi nesse tom de desfaçatez, em meio as ondas de propagandas que a cortina de fumaça do desabastecimento foi levantada - com base nos ensinamentos de Joseph Goebbels³ -, por isso chama a atenção e inspira cuidados, já que tais práticas que colocam trabalhadores contra trabalhadores, visando denegrir sistemas políticos, levaram o povo alemão a apoiar Hitler. No Chile o locaute - ação de empresários travestida de greve - dos caminhoneiros provocou um dos mais brutais golpes de Estado de todos os tempos, no qual explodiram o Palácio de La Moneda, para assassinar o Presidente Salvador Allende.

Guardadas as devidas proporções entre a guerra econômica induzida na Venezuela e o rumo que o Brasil tomou, a “ditadura branda”, imposta “por procuração”, se aprofunda atingindo o povo com os mesmos choques, usados na ditadura do General Augusto Pinochet: a partir do medo dos incautos de setores da classe média, usados para encobrir o esquema de desmonte, os primeiros a entrarem em desespero sem enxergar as jogadas nos bastidores.

Seguindo o plano de histeria coletiva, gerada com base na “Teoria de choques” de Milton Friedman, nos deparamos novamente com a política do quanto pior, melhor, que derrubou novamente as ações da Petrobrás nas futuras vendas para o imperialismo, a preço de banana, destacando a narrativa de ódio do consórcio dos meios de comunicação que barateou ainda mais a companhia que foi a 3º maior do mundo, nos governos do PT.

Resta saber: a) se os trabalhadores vão manter a greve; b) será que os caminhoneiros que promoveram o locaute para derrubada de Dilma, agora em greve podem se unir a campanha pela liberdade de Lula? e; c) no final das contas, quanto o agronegócio vai faturar, inclusive com a demissão de trabalhadores que tinham carteira profissional assinada?

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1. “Ditadura Branda” denominação contida no livro “A desordem mundial: o espectro da total dominação - guerras por procuração, terror, caos e catástrofes humanitárias”, do Historiador e Cientista Político, Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira.

2. “Incêndio não se apaga com gasolina”, máxima criada pelo Escritor e Jornalista, José Louzeiro.

3. Joseph Goebbels - Ministro da Propaganda do III Reich, autor da máxima “Uma mentira repetida mil vezes, se torna verdade”.

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*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de imprensa, jornalabi.blogspot.com arbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.