ROGER MCNAUGHT -
Esta terça-feira (26) entrará para a história como um dia de
grande ruptura institucional na cidade do Rio de Janeiro. Na pauta do dia, a votação do PL 855/2018
que tratava da taxação de inativos (aposentados e pensionistas) em 11%. Apesar de ser 11 e não 10, ficou claro que a
postura do prefeito ao propor tal medida era impor aos aposentados um “dízimo”
compulsório, afim de penalizar ainda mais uma população que vê o custo de vida
na cidade subir vertiginosamente – com direito a aumentos no IPTU e nas tarifas
tornarem a permanência na cidade proibitiva para a grande maioria de
trabalhadores e aposentados.
Tal votação já seria um absoluto
escárnio para com a população por si só, porém o desejo por submissão
ultrapassou todos os limites: a PMERJ
(de competência ESTADUAL) deu o ar de sua (des)graça invadindo a casa
legislativa municipal e mantendo um clima de agressões físicas constantes a
servidores e aposentados que se encontravam na praça em frente à Câmara de
Vereadores.
Vereadores de oposição objetaram imediatamente da presença
truculenta da polícia militar na casa legislativa e, segundo relatos de alguns
vereadores (vídeo), ameaças foram proferidas contra os mesmos. Dentre
os parlamentares de oposição, o vereador Leonel Brizola (PSOL-RJ) foi um que se
destacou ocupando a mesa diretora para obstruir os trabalhos em protesto contra
as violências cometidas contra a casa legislativa e os aposentados da cidade
enquanto outros parlamentares tentavam evitar que a catástrofe se consumasse.
Na parte externa, ataques eram dirigidos à população por
meio de spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo e disparos de elastômero a
curta distância – ferindo inclusive 2 servidoras, uma pouco acima do olho e
outra na perna, sendo que a mesma foi encaminhada em um taxi para o hospital
mais próximo onde o projétil foi removido em cirurgia. Uma viatura da Polícia militar que se
encontrava no local negou socorro à servidora ferida saindo em velocidade para
não prestar atendimento. Um servidor da
educação foi detido e encaminhado para dentro da casa legislativa enquanto
outros policiais dispersavam a multidão de servidores e idosos com ataques
sistemáticos em intervalos de tempo cada vez menores, em clara tentativa de
esvaziar o entorno da câmara para a votação do “dízimo” compulsório.
Em conversa posterior com parlamentares, os relatos foram
assustadores. Além de ofensas e ameaças
vazias, houve relatos de ameaças diretas proferidas por policiais e por pessoas
publicamente conhecidas por ligações com o crime organizado dentro da casa
legislativa. A votação ocorreu sob clima
de uma casa legislativa sitiada por homens fortemente armados e criminosos,
enquanto os vereadores a serviço do “bispo prefeito” zombavam e ridicularizavam
os servidores e a população.
É esse o Rio que queremos?