7.1.19

A CLASSE MÉDIA PARAFRASEIA O GENERAL MOURÃO FILHO E SE DECLARA "VACA FARDADA"¹ MAS DE VERDE E AMARELO

ANDRÉ MOREAU -


Quem diria que assistiríamos uma procissão da classe média, novamente a beira do abismo, dando um passo à frente...

Já dizia o Historiador e General, Nelson Werneck Sodré, que “(...) A imprensa, acolitando o rádio, no primeiro caso e acolitando o rádio e a televisão no segundo, foi a alavanca que destruiu dois presidentes eleitos. Apelidar de democrático um regime em que isso se tornou possível é, evidentemente, perigoso eufemismo²”

A atração dos puxadores dessa procissão pelo que é estrangeiro pode explicar, em parte, a alienação dos incautos que desde junho de 2013, só se movem no sofá ou, segundo interesses noticiados de forma discricionária por iluminados apresentadores dos meios de Comunicação conservadores, nas ruas, em catarse.

Agora resta aos mais afoitos membros do oligopólio da mídia, que tanto mal fizeram ao bem estar social, tentar traduzir para o público a representação da ditadura do General Augusto Pinochet no Brasil, ao invés de só aplaudir a ideologia golpista dos Chicago Boys, como se o impeachment, sem mérito, da Presidenta Dilma Rousseff, tivesse sido obra de Deus ou ignorando a recessão mundial, a “única saída para o País crescer”.

Ou será que se calarão como ocorreu no Chile de Salvador Allende, para assistir das redações a direita alçada ao poder graças ao encarceramento do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, provocar com deboches e xingamentos a extrema direita como vem ocorrendo diariamente em Curitiba entre devotos do macartismo que estacionam o carro de som em frente a Policia Federal, visando torturar o preso e/ou impor sua transferência. Para onde?

Resta aos ilustres senhores da casa grande da Comunicação, mostrarem a origem desse “novo modelo de economia” que pretendem empurrar goela abaixo do povo.

Seria da velha cartilha de terror liberal que levou lenta e gradualmente o Povo do Chile à miséria extrema? Embasado na diminuição de direitos Constitucionais; no desmonte das leis trabalhistas; na privatização e redução a zero da previdência; na privatização do ensino; na entrega da água; na entrega das reservas de cobre; na subordinação da soberania nacional aos interesses de Washington; no fim do direito de ir e vir dos mais pobres - com toques de recolher em Valparaiso e; no assassinato do Presidente Salvador Allende, no golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, financiado pelos Estados Unidos.

Os choques que tanto atingiram o Povo e serviram para alçar os adeptos dos Chicago Boys ao poder, indicam a dimensão dos estragos que se anunciam no Brasil, impostos em meio a ondas de perseguições no campo e em regiões conlurbadas, insuflados por vacas fardadas que contavam participar do banquete, mas não chegaram nem a porta da cozinha.

Sobre esses tempos neoliberais, o gigante Nelson Werneck Sodré, nos brindou com outras importantes avaliações como a seguinte: “(...) Trata-se de assegurar, por dispositivos legais, a situação existente, quando a grande imprensa detém o comando da informação e, com ele, estabelece as regras do jogo político. Batizar de democracia um quadro como o que se apresenta pela grande imprensa brasileira, atualmente, é, sem dúvida, levar muito longe uma farsa que, pelo seu uso e abuso, se transformou em norma (...)³”.

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1. Declaração do General Mourão Filho, gravada pelo Jornalista Carlos Heitor Cony, para o Jornal Correio da Manhã, logo após o golpe de Estado de 1º de abril de 1964.

2 e 3. Trechos do livro História da Imprensa no Brasil, 4º Edição – Mauad – 1998, atualizada por Nelson Werneck Sodré, por sugestão do autor deste artigo.

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*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de Imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI nas eleições de 2016-2019 jornalabi.blogspot.com