ROBERTO MONTEIRO PINHO -
Com
LULA-LÁ na saia-justa do “Volta Lula” o PT realizou nos dias 2 e 3 de maio, o
seu 14º Encontro Nacional, num clima voltado a luta interna, por conta da
inquietação da base com a reeleição de Dilma Rousseff. Vamos falar com
franqueza, já que sob o testemunho dos próprios participantes, nada restou
diante da ofensiva dos defensores da volta Lula.
Da
reunião diante da apatia dos militantes, pouco se falou, por exemplo: das novas
diretrizes do programa de governo de Dilma, se tornando conversa morna, sem
comprometimento das lideranças, tamanha a insegurança reinante. Apenas um ponto
mereceu destaque, deve ser mantido o entendimento com o PMDB, para a
candidatura de o vice Michel Temer, e a manutenção da participação na
administração, dos partidos da base, salvando com isso, os “boquinhas – II”.
A
queda nas pesquisas, naquela altura o Ibope apontando 37%, serviu de entrada no
banquete Lula lá, e mesmo que a última pesquisa tenha recuperado três pontos,
voltando a 40%, ao que tudo indica o risco de um segundo turno ainda ronda PT e
aliados.
A
turma petista ou é sonsa, ou mergulhou no devaneio profundo, quando retoma a
proposta ainda do governo Lula da Silva, com realização de uma Constituinte
Exclusiva, que nem sei a razão, foi endossada pela sucessora Dilma Rousseff,
proposta que no comando da Casa Civil de Lula, ela passou nutrir simpatia. O PT
quer o marco regulatório dos meios de comunicação, que é um golpe dos petistas
stalinistas para de censurar a mídia.
O
PT LULA-LÀ dos “boquinhas” não é a esfinge do PT dos Trabalhadores. Petismo é
caricatura do marxismo leninista.
Na
esteira da formação do Partido dos Trabalhadores, já numa segunda fase, a linha
mestra tinha nascedouro na fundação Perseu Abramo que funcionava como
alimentadora dos discursos dos seus líderes e dando apoio partidário à
agremiação, que era função da extinta Fundação Wilson Pinheiro, responsável
pela primeira fase do PT histórico. Nela desde 1996 os militantes participavam
de debates, promoviam cursos de formação política entre outros, Queriam os
ideólogos do PT, reafirmar os princípios do marxismo leninista, e para isso,
revolviam arquivos da Revolução Russa de 1917, marca do proletariado contra a
burguesia.
Assim,
concluo em minhas pesquisas que a exemplo de Lênin ao adaptar a teoria marxista
do século XIX à realidade do século XX, ao se constituir num dos principais
teóricos marxistas e líder da Revolução Bolchevique de 1917, um operário sindicalista,
misto de tupiniquim e malabarista urbano alçou o infinito. Em que pese todas as
considerações e data vênia dos demais entendimentos, Luiz Inácio Lula da Silva,
jamais em tempo algum esteve próximo uma vírgula dos princípios e da ciência do
marxismo revolucionário de Lênin.
Para
com isso poder liderar uma luta de classes, após três tentativas de se eleger
presidente da República, compôs sua base eleitoral e política com estudiosos e
dotados de cultura histórica, no interesse de suprir seu limite cultural, e
para isso, entregou a grupos, que se constituíram em autênticos feudos dentro
do PT, (muitos hoje dissidentes). Lembrando mais uma vez, que LULA-LÁ, para se
eleger, fez trato com a direita Sarneysista, fatiou o Poder palaciano a grupos
políticos, denominados de aliados, uma camarilha infernal, que produziu entre
outros os “mensalões”, Pasadena, alienando moral, política, social e
economicamente a República.
Projeto
de Poder saga materialista que culminou no “mensalão de Dirceu e Genoíno.
O
Projeto de Poder petista não reencarna o projeto socialista de construção de
uma sociedade justa, fraterna e com distribuição de renda ao ponto de dar a
humanidade o equilíbrio de forças. Os iluministas do PT, lá atrás quando
iniciaram a saga da construção do socialismo operário tupiniquim, esqueceram-se
de ensinar aos bandalhas petistas que se tratava de um projeto social,
socialista político e não tomar tudo para si, ocupando espaços na vida pública,
que acabou se constituindo numa República de “boquinhas”.
Pregam
os petistas que nunca associaram o socialismo soviético, e por isso a Ação
Popular Socialista – APS, fundada em 2004, se desligou do partido em 2005,
passou a integrar o PSOL, a tendência Socialismo revolucionário também integrou
o PSOL, seguido pela Causa Operária – CO, expulsa do partido em 1990, ao lado
da Convergência Socialista - CS expulsa do PT em 1992 indo formar o PSTU.
A
dissidência não parou e um duro golpe na agremiação se deu quando a Corrente
Socialista dos Trabalhadores - CST formada em 1992, abandonou o PT em 2004
colaborando para a fundação do Partido da Solidariedade – PSOL, levando o
Movimento Esquerda Socialista – MES para integrar o novo partido. Uma sopa de
letrinhas reunindo o Movimento pela Emancipação do Proletariado – MEP,
Movimento Comunista Revolucionário – MCR, Força Socialista – FS, recente (2011)
o MRS derivou para a Esquerda Popular Socialista e a Nova esquerda, outra
tendência nos quadros do PT desde 1989, sangrou e deu origem à Democracia
Radical – DR, com forte segmentação ideológica anarquismo, entre outras siglas,
mostrando que a subdivisão nos quadros do PT, iria da mesma forma que começou
desmanchar uma trajetória da esquerda desvirtuada, sem âmago revolucionário,
divisionista apegada ao materialismo, alvo predileto do marxismo farisaico.
De
fato o PT perdeu as cores ideológicas da década de 1980, quando ganhou
densidade e se formou por meio dos movimentos sindical e estudantil. Existe e se
torna cada vez mais latente a possibilidade de uma nova ruptura no partido.
Dessa vez ela se dará com a candidatura a reeleição da presidente Dilma
Rousseff, contestada por quase 60% da base petista.
Em
2005, quando o deputado Roberto Jefferson fez a denúncia sobre o “mensalão”, o
então chefe da Casa Civil, José Dirceu, saiu do governo, seguido pelo
presidente do PT, José Genoino. A cena patética ficou por conta do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em cadeia de TV pediu ironicamente
desculpas ao País e dizer-se traído. Atitude que não condiz ao empenho que hoje
faz para tirar seus dois companheiros do PT “boquinha” da desgraça moral que se
encontram. Como reagiu o ator Paulo Betti quando em agosto de 2006, declarou:
"Não dá pra fazer política sem botar a mão na merda".