16.8.18

PRESSÕES CONTRA O PRESO POLÍTICO LULA AUMENTAM

ANDRÉ MOREAU -


Em meio ao caldeirão do inferno em que o consórcio dos meios de comunicação e setores do judiciário vêm transformando o Brasil, visando impor o plano de mudança do sistema de governo, procuradores do Ministério Público Federal (MPF), levantaram dúvidas sobre as visitas religiosas e de advogados recebidas pelo preso político Lula na masmorra em que se encontra encarcerado desde abril.

Para os procuradores do MPF, as mobilizações de personalidades que defendem Lula e têm acesso a ele na prisão, pode ser uma tentativa de ludibriar as regras e permitir que Lula interfira no processo eleitoral. Talvez por desconhecerem o fato de que todo interno tem direito a buscar sua liberdade.

Os procuradores pedem que a polícia esclareça as visitas realizadas por advogados como o ex-Prefeito Fernando Haddad e a Presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, que estariam atuando politicamente nas visitas. Falando em "proliferação de advogados que estão juntando procuração aos autos da execução, todos eles parlamentares ou em postos de lideranças no partido dos trabalhadores", o procurador Deltan Dallagnol, escreveu que "parece haver, em realidade, uma aparente tentativa de ludibriar as regras fixadas para visitação do encarcerado, possibilitando assim a visita em qualquer dia, desde que o visitante seja advogado". E em seguida, conclui: "A prerrogativa do advogado permite o exercício legítimo do mandato conferido pela parte, não o abuso ou a visita para fins políticos".

Ao citar a Senadora Gleisi Hoffmann, o procurador fala que a Senadora inicialmente havia se habilitado para fazer "visitas como amiga do presidente", passando a "visitá-lo com frequência inusual para quem não exerce efetivamente a defesa em autos judiciais".

Segundo o procurador Deltan Dallagnol as condutas de Lula "tangenciam a prática de falta disciplinar" e, "em condições outras, poderiam redundar em imposição de sanção disciplinar". E prossegue questionando que "O fato de ser executada pena restritiva de liberdade em estabelecimento especial não significa que ao apenado seja permitido, ou assegurado indiscriminadamente, receber a visita de tantas pessoas, em qualquer dia, como vem ocorrendo".

O despacho se refere ao fato de Lula ter dado uma entrevista ao jornal italiano "La Republica" em condições ainda não esclarecidas, que poderiam configurar abuso do exercício do direito de liberdade de expressão. O procurador fala que a conversa "contou com a participação de Gleisi Hoffmann, que secundou o deputado italiano Roberto Gualtieri, e, ao que parece, foi concedida no dia reservado às visitas". E segue questionando, "Ainda não se tem notícia -o que deve ser buscado- se essa entrevista passou pelo crivo da autoridade policial ou foi produzida de forma subreptícia em violação à lei e a determinação judicial em vigor, o que, ao final se requer", especulou.

O documento fala ainda das visitas de "caráter religioso" em dia e horário que teoricamente burlam a disciplina. Referindo-se a visita de "Frei Beto", "Frei Leonardo Boff", "Monge Sato" e outros que teriam encontrado Lula às segundas-feiras, quando a data de visitas ao ex-presidente tinha sido estabelecida para às quintas-feiras.

Para todos aqueles que “não abdicaram do direito de pensar,” fica a pergunta: os golpistas têm medo de que?

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*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de Imprensa, jornalabi.blogspot.com arbitrariamente impedida de concorrer à direção nas eleições de 2016/2019.