4.10.18

DELAÇÃO PODE MUDAR O RESULTADO DAS ELEIÇÕES SATISFAZENDO OS INTERESSES DAS ELITES OU LEVAR A UM TERCEIRO TURNO

ANDRÉ MOREAU -


A competência dos agentes da rede neoliberal, que trabalham na mudança do sistema de governo desde o impeachment, sem mérito, da Presidenta Dilma Rousseff, é incontestável. A arapuca armada às vésperas das eleições do próximo dia 7, para variar, visa preparar a derrubada dos candidatos progressistas que, se eleitos, deverão ser impedidos de governar.

Em meio as tinturas kafkianas, desse quadro de injustiças, só agora a justiça eleitoral de São Paulo reconheceu a validade de dois milhões de votos da eleição de 2014, destinados à Mandatária, que foram suspensos indevidamente.

Para agravar os tons das sabotagens, apesar da entrevista do preso político Luiz Inácio Lula da Silva, solicitada pelos jornalistas Mônica Bergamo e Florestan Fernades Júnior (Confrade da Associação Brasileira de Imprensa), ter sido devidamente autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a liberdade de expressão dos jornalistas foi suspensa quando eles já estavam em Curitiba. Ou seja, a autorização exarada por Lewandowski, foi cassada pelo ministro Luiz Fux, revelando de forma explícita o que pode ser feito através da Justiça. Diante da ilegalidade, Lewandowski reiterou sua decisão, mas o Presidente do STF, Dias Tofoli, “resolveu” intervir na questão, decidindo que fosse resolvida no pleno, só após as eleições.

A medida além de cercear o direito de imprensa, enfraquece a entrevista, já que a mesma poderia servir de contra ponto à divulgação da delação do interno Antônio Palocci, feita seis dias antes das eleições, pelo Juiz de piso Sérgio Moro, assunto que vem rendendo uma série de reportagens (suítes), uniformizadas por agências que servem ao consórcio dos meios de Comunicação, visando prejudicar o candidato Fernando Haddad.

As manobras realizadas nessas últimas semanas por parte dos citados meios de Comunicação, lembram o acirramento da narrativa de ódio em 2013, contra a Presidenta Dilma Rousseff, que capturou o sentimento dos manifestantes do movimento Catraca Livre, “suprapartidário” e os usaram como cobaias da trama de mudança do sistema de governo, em função da falta de experiência dos seus líderes, que se colocaram contra a participação de partidos políticos de esquerda, nas manifestações.

Depois de promover o movimento #Ele Não e logo em seguida sufocá-lo, de maneira semelhante, o objetivo do consórcio dos meios de Comunicação, capitaneado por editores de O Globo, é coroar o candidato escolhido pelos senhores do mercado (1% da população mundial), no debate da TV Globo, no dia 4 e até lá garantir que o candidato de ultradireita tenha mais espaço nos veículos aliados, do que todos os outros juntos, mesmo que de forma indireta, falando de nuances como o temperamento do agressor Adélio Bispo de Oliveira, que foi autorizado a dar entrevista para o SBT e a Veja.

A variação do plano, caso Ciro Gomes (PDT-RJ), não ganhe espaço, consiste em criar condições para Geraldo Alkimn (PSDB-SP) ir para o segundo turno, a partir da sabotagem contra Fernando Haddad (PT-SP). As ferramentas disponíveis são as informações contidas na delação de Palocci, recusada seis meses atrás pelo Ministério Público por ausência de provas e que passou a ser super exposta graças ao “cuidado” do Juiz de Curitiba e o adiamento para depois das eleições, da delação do interno Eduardo Cunha.

Dessa forma os agentes do regime liberal pretendem consolidar a idéia de que há “estabilidade democrática,” visando gerar a falsa impressão de que o impeachment, não foi um golpe de Estado, apesar da divisão de setores da própria Justiça, diante da falta de mérito.

A trama remonta, também, ao projeto de lei do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que permite eleição indireta no caso de vacância da presidência (PL 725/2015) e ajuda a avaliar que as ameaças do General Vilas Boas, de não admitir outro governo vermelho, não foram episódicas.

Em meio a tantas cortinas de fumaça, não podemos perder de vista o que está em jogo no acirramento do processo político: a luta de classes. Por isso a importância da população se posicionar dia 7 votando em candidatos progressistas, para tirar do Congresso Nacional parlamentares que apoiaram a diminuição de direitos do Povo, visando satisfazer os interesses da rede neoliberal.

---
*André Moreau, é Professor, Jornalista, Cineasta, Coordenador-Geral da Pastoral de Inclusão dos "D" Eficientes nas Artes (Pastoral IDEA), Diretor do IDEA, Programa de TV transmitido pela Unitevê – Canal Universitário de Niterói e Coordenador da Chapa Villa-Lobos – ABI – Associação Brasileira de Imprensa, arbitrariamente impedida de concorrer à direção da ABI nas eleições de 2016-2019. jornalabi.blogspot.com