7.6.19

"NECESSITAMOS REPENSAR O PAPEL DO DÓLAR" RESSALTOU O PRESIDENTE VLADIMIR PUTIN

ANDRÉ MOREAU -


Ao tratar da necessidade de repensar o papel do dólar, inserido no modelo universalista que só atende interesses de estadunidenses, marcado por um traço de dor comum a todos os seres humanos conscientes, o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, constatou a crise do modelo global atual, na abertura do Fórum Econômico Internacional em São Petersburgo e rechaçou os interesses dos Estados Unidos da América do norte, de estender sua política a todo o mundo, visando alcançar os seus próprios objetivos, enquanto alguns não têm acesso a água potável e mais da metade da população mundial está mal alimentada.

Putin lembrou que o livre comércio pregado até então, deu lugar a quedas de braço, a guerras entre concorrentes, por isso "falhou em 2008, quando havia muita esperança" e classificou a política dos EUA como "política de força e pressão que poderá resultar em uma luta sem regras, de todos contra todos," para denunciar as permissividades e excepcionalidades que ganham os projetos e as empresas, questionando os que se empenham em tirar a China do comércio global com o objetivo estadunidense de monopolizar a tecnologia: "fonte de todos os conflitos". Diante da difícil situação na arena global, propôs a desmilitarização dos setores chave de comércio e da economia global.

Referindo-se a importância da declaração conjunta de elevação das relações bilaterais, celebrada na abertura do 70º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas (5), entre China-Rússia, Putin falou sobre perspectivas dessa nova fase da história: "(...) Nosso projeto está destinado ao aumento da segurança energética na Europa, para criar novos postos de trabalho, se corresponde plenamente com os interesses nacionais de todos os participantes, tanto dos europeus quanto os da Rússia. Não segue a lógica, nem se corresponde com os interesses do modelo universalista existente, daqueles que estão acostumados a excepcionalidade e permissividade, que outros tenham que pagar as suas contas".

Em seguida, tratando dos retrocessos do modelo universalista existente, o presidente Putin destacou o conflito tecnológico com a China, "Por isso tratam de torpedear o projeto, indefinidamente. Preocupa saber que essa prática destrutiva não só afeta os mercados tradicionais energéticos de matéria prima de negociações, mas também que podem migrar para os novos ramos que estão se formando. A situação em torno da Companhia Huawei, por exemplo, não só tentam oprimi-la, mas também expulsa-la, sem cerimônia alguma, do mercado global. Em alguns setores já denominam o fato como a primeira guerra de tecnologia digital (...)"

Com base nesse raciocínio lógico, o presidente Vladimir Putin, indicou o caminho a ser seguido a partir do acordo China-Rússia e pela comunidade internacional, "Necessitamos repensar o papel do dólar. As instituições gerais de sistema financeiro mundial," destacando os planos estabelecidas há 75 anos, no marco dos acordos de Bretton Woods, "(...) Os acordos de Jamaica que substituíram nos anos 70, reafirmaram a prioridade do dólar, sem resolver os problemas principais: sobretudo o desequilíbrio entre a cooperação monetária e o cambio comercial. Desde então foram realizados novos encontros econômicos, mas incrementando o papel das moedas regionais".

Com a determinação que lhe é peculiar, o líder russo falou em síntese sobre das metas a serem atingidas e atual papel do dólar, "(...) Foi mudado o equilíbrio de poder e dos interesses. Obviamente as profundas mudanças precisam adaptar as organizações financeiras internacionais e reconsiderar o papel do dólar que é vista como moeda de reserva mundial e foi convertido em ferramenta de pressão do país emissor, sobre o resto do mundo. A propósito desse meu ponto de vista, é um grande erro das autoridades financeiras dos EUA e também dos centros políticos: os mesmos estão minando os seus benefícios, firmados nos acordos de Bretton Woods. A confiança no dólar está caindo," concluiu Putin.

*André Moreau, é jornalista, diretor do IDEA, programa de TV – Unitevê, Universidade Federal Fluminense (UFF) e Coordenador da Chapa Villa-Lobos na Associação Brasileira de Imprensa (ABI)