12.11.16

NO RIO, MULTIDÃO RADICALIZA CONTRA A PEC 55 E PACOTAÇO DE PEZÃO

Via Mídia Ninja -

Cerca de 15 mil pessoas vão as ruas do Rio de Janeiro, contra a PEC 55 do Governo Temer, que congela os investimentos federais em todas as áreas, inclusive saúde e educação, pelos próximos 20 anos e contra os Desmontes do Governador do Estado, Pezão.


Foi enorme o protesto da noite desta sexta-feira (11) no Centro do Rio. A multidão de, pelo menos, 15 mil pessoas começou a deixar a concentração do ato, em frente à igreja da Candelária, às 18:45. De tanta gente, mais de uma hora depois, ainda havia pessoas deixando o local. A passeata tomou conta de, praticamente, toda a avenida Rio Branco, reunindo estudantes (muitos deles ocupados em suas escolas e universidades), aposentados, além de servidores públicos de diversas categorias, inclusive militares.


"OCUPAR, RESISTIR, ATÉ A PEC CAIR"

O clima era de muita indignação. Os alvos das falas, cartazes, bandeiras e gritos eram essencialmente dois: a PEC 55 do Governo Temer, que congela os investimentos federais em todas as áreas, inclusive saúde e educação, pelos próximos 20 anos; e ainda o Pacotaço anunciado pelo governador Luiz Fernando Pezão há uma semana. Entre as medidas, estão duros cortes nos salários dos servidores e aposentados, aumento de ICMS e ainda o fim de programas sociais, como o Aluguel Social.


"NÃO TEM ARREGO, VOCÊ TIRA MEU SALÁRIO E EU TIRO SEU SOSSEGO"

O tom do povo mobilizado indica que os atos em oposição às medidas irão se radicalizar nas próximas semanas. "Vamos fechar a REDUC, em Caxias, e deixar o Rio de Janeiro sem gasolina!", gritou um manifestante. Muitos servidores estaduais levantaram a hipótese de uma greve geral com início ainda neste mês. Para a próxima quarta-feira (16), inclusive, foi convocado uma assembleia, em frente à Alerj, para votar a greve. É justamente o dia para o qual está marcado o início da avaliação do pacote pelos deputados estaduais.

"UH, GREVE GERAL... CONTRA A PEC DO MAL"

Os estudantes, representando as ocupações que se espalham pelo estado e pelo país, tiveram posição de destaque no ato. Theo Lobato, aluno de direito da UERJ, mostrou-se empolgado com o crescente número de ocupações: "as ocupações têm sido um exemplo para todos os trabalhadores, todas as categorias, todas as mobilizações que estão ocorrendo para barrar a PEC e os cortes do Pezão. A ocupação que teve na Alerj na terça-feira foi um exemplo disso. Vamos mostrar que a força da juventude vai mudar o país. Eu acho que no dia 29, data que deve ocorrer a votação da PEC no Congresso, devemos fazer uma grande mobilização. Acho que a juventude cada vez mais radicaliza pela necessidade".

"1, 2, 3, 4, 5, mil, OU BARRA ESSA PEC OU PARAMOS O BRASIL"

Souza é bombeiro do Estado do Rio. Ele não revela sua patente, "não ligo para isso", nem revela seu nome completo , preocupado com retaliações que pode sofrer como militar que é. Ele foi um dos milhares de servidores da área da segurança que ocuparam a Alerj na terça-feira. "Entramos porque aquela é uma casa nossa. Quando chegamos, todos os deputados saíram pela porta dos fundos. Achamos isso muito ruim. Então, tomamos conta da Assembleia e fizemos uma reunião ali. Queremos que se suspenda esse Pacote da Maldade para primeiro dialogar com servidores. Queremos dar ideias". O presidente da Central Única dos Trabalhadores do RJ, Marcelo Rodrigues, subiu ao carro de som para ratificar: "Não deixaremos votar esse pacote!"

"OCUPA TUDO, OCUPA TUDO"

Militante do Movimento Negro Unificado, Silvia de Mendonça, chorou durante a caminhada; estava emocionada por ter que lutar por direitos tão básicos: "A gente precisa ir para rua para garantir direitos, garantir o mínimo da dignidade humana. Aí eu fico emocionada sim, porque é difícil sobreviver num país que você luta pelo mínimo. Queremos respeito a democracia, que conquistamos na luta. Dói, dói, dói quando nos desrespeitam dessa forma: com PEC, com Pacotes".


"FORA PEZÃO, FORA TEMER"

Já perto das 20h, a multidão chegou ao Palácio Tiradentes, sede da Alerj. Foi recepcionada por cerca de 200 policiais militares (212 pela nossa contagem). Estavam todos posicionados ainda atrás de um gradio, novidade mesmo em atos deste tipo. "Nós estamos lutando por vocês, que estão recebendo salário parcelado!", gritou uma manifestante. Tudo parecia que terminariabem, mas o Batalhão de Choque, em mais uma atitude exagerada, decidiu perseguir alguns poucos manifestantes mascarados que queimavam lixo e papelão. Pronto, era o que precisava para começar a correria pelas ruas estreitas do centro do Rio.


"NÃO ACABOU, TEM QUE ACABAR, EU QUERO O FIM DA POLÍCIA MILITAR"

Um fotógrafo foi detido pelos policiais, que bateram muito no rapaz mesmo depois dele já estar imobilizado, como pode ser neste vídeo. Outros fotógrafos que cobriam a ação receberam spray de pimenta, à queima roupa, diretamente nos olhos. Por quê?


Mais absurdos, entre tantos que ocorrem no país. Mas não adianta: o povo mobilizado, nesta noite de sexta-feira, mostrou que não se rende fácil e que vai lutar até o fim contra a PEC do Temer e o Pacotaço do Pezão.vou mandar agora algumas fotos que eu fiz, que podem ser linkadas com o texto, embora não sejam essenciais, claro.o menino de camisa amarela é o Theo, que eu cito.A mulher de braço para cima, meio chorando, é a Sílvia, que também cito.


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