29.10.16

1 - DIRETOR DO DATAFOLHA NÃO DESCARTA “SURPRESA” NO RIO; 2 - MINISTROS DO TST REBATEM DECLARAÇÕES DE GILMAR MENDES EM CARTA A CARMEN LÚCIA

REDAÇÃO -


Na divulgação da última pesquisa Datafolha antes do segundo turno das eleições municipais de 2016 na “TV Folha”, o diretor-geral do instituto de pesquisa, Mauro Paulino, avaliou que, apesar de improvável, uma virada no pleito carioca é possível.

A pesquisa apontou uma queda nos votos válidos para o senador e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella (PRB), de 63% para 58%, ao mesmo tempo em que houve aumento dos votos válidos para o candidato Marcelo Freixo (PSOL) de 37% para 42%. Com isso, a diferença entre os candidatos caiu dez pontos percentuais: de 26 para 16.

“Foi uma mudança muito significativa e muito rápida. Não descarto a possibilidade de haver uma surpresa no resultado das eleições no Rio de Janeiro”, disse Paulino.

Segundo Fábio Zanini, editor do caderno “Poder”, a campanha se acirrou nas últimas semanas. Crivella teve de prestar contas de discursos antigos seus que “resvalam na homofobia” e de uma música, composta pelo bispo licenciado, que faria referência ao famoso episódio em que uma liderança da Igreja Universal do Reino de Deus chutou uma santa católica ao vivo na TV, o que denotaria certa intolerância religiosa do candidato do PRB. (Informações da Folha)

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Ministros do TST rebatem declarações de Gilmar Mendes em carta a Carmen Lúcia

Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) rebateram as declarações do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a Justiça Trabalhista. Em carta enviada à presidente do Supremo, Cármen Lúcia, 18 ministros afirmam que Mendes agiu de modo “desprimoroso e preconceituoso”.

Durante palestra proferida na semana passada, Gilmar Mendes disse que o TST “desfavorece as empresas em suas decisões”. Mendes disse também que há aparelhamento da Justiça do Trabalho por “segmentos do modelo sindical”.

No documento, os ministros da Justiça do Trabalho manifestam “desconforto profissional e pessoal” com as declarações e repudiam as falas de Gilmar Mendes sobre parcialidade das decisões do tribunal.

De acordo com a carta, os ministros “creem que palavras mediante as quais se busque amesquinhar e depreciar a atuação do Tribunal Superior do Trabalho não apenas não tornam melhor quem as profere, como também em nada elevam e em nada edificam as instituições”.

A manifestação de repúdio foi assinada pelos ministros João Oreste Dalazen, Barros Levenhagen, Aloysio Corrêa da Veiga, Lelio Bentes, Luiz Philippe de Mello Filho, Caputo Bastos, Márcio Eurico Amaro, Walmir da Costa, Maurício Godinho, Kátia Arruda, Augusto César de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta, Delaíde Arantes, Hugo Scheuermann, Alexandre Belmonte, Cláudio Brandão, Douglas Rodrigues e Maria Helena Mallmann.

Excelentíssima Senhora Presidente do Supremo Tribunal Federal,

Os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho infra-assinados, sumamente honrados, dirigem-se a Vossa Excelência na condição de Chefe do Poder Judiciário Nacional, para expor e ponderar o seguinte, em face da recente manifestação pública desairosa do Exmo. Sr. Ministro Gilmar Mendes sobre os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho:

1. Lastimam sobremodo o conceito desprimoroso e preconceituoso emitido por Sua Exca. sobre os integrantes de um Tribunal Superior da República, mormente quando emanado de membro do Supremo Tribunal Federal, de quem seria legítimo esperar, por suas elevadas responsabilidades, tratamento respeitoso e cortês, aliado à temperança verbal e de conduta;

2. Repudiam e deploram a condição de parcialidade em desvafor do Capital que se atribuiu ao Tribunal Superior do Trabalho, absolutamente injusta, decerto fruto de desinformação ou, o que é pior, de má informação;

3. Ponderam que, no exato ano em que comemora 70 (setenta) anos de história, o Tribunal Superior do Trabalho continua desfrutando de notório reconhecimento pelo relevantíssimo papel social e político que desempenha, ao atuar de forma equilibrada e parcimoniosa, quase como fundamental para a própria subsistência da economia capitalista e para a uniformização da jurisprudência trabalhista no plano nacional;

4. Expressam, pois, indignação, constrangimento e inquietação ante a ofensa gratuita que lhes foi irrogada;

5. Creem que palavras mediante as quais se busque amesquinhar e depreciar a atuação do Tribunal Superior do Trabalho não apenas não tornam melhor quem as profere, como também em nada elevam e em nada edificam as instituições;

6. Consideram que manifestação desse jaez, bem ao contrário, muito além de macular o Tribunal Superior do Trabalho, enodoa, desprestigia e enfraquece o Poder Judiciário e cada um de seus juízes, prestando-se, assim a solapar o Estado democrático de Direito;

7. Creem, finalmente, que o limite da autoridade, máxime judiciária, em qualquer nível, repousa na lei e na razão, e creem igualmente que o respeito, a tolerância e o juízo devem pautar as relações entre as instituições e as pessoas em uma sociedade civilizada, até por uma imposição da inteligência. (Informações EBC)